No Rio, Scalene brilha em noite de 'superstars' do rock independente

Foto: Bruno Eduardo
Gustavo Bertoni cantou alto para tentar superar a histeria dos fãs
Por Bruno Eduardo

Recém estourados no programa Superstar, o grupo brasiliense Scalene sentiu no Rio, pela primeira vez, o impacto de sua aparição em rede nacional. Essa também foi uma bela oportunidade aos novos fãs de conhecerem uma apresentação do grupo em full time, longe do modelo resumido que o programa sugeria na TV (apenas dois minutos por música executada). Entre presenças ilustres - como a apresentadora Fernanda Lima - e selfies distribuídas aos fãs na entrada, os integrantes do grupo tiveram uma noite digna de superstars no Rio de Janeiro. Sem playback para atrapalhar, e contando com um coral de centena de vozes, o Scalene brilhou com seu rock ungido de guitarras pesadas e melodias díspares. 

Seguindo o roteiro de "Éter", eles abriram com "Sublimação", seguida da canção modelo BRock, "Nós Maior Que Eles", e "Surreal" - todas cantadas a plenos pulmões pela galera que se espremia de canto a canto do Teatro Odisseia. Mesmo possuindo várias músicas anti-clímax, o quarteto acertou na escolha de músicas enérgicas na primeira parte do show. Com isso, sons guiados pelo rock mais pesado, como "Histeria", ou o hardcore quebrado de "Sonhador" mantiveram a temperatura alta - literalmente - e serviram também para comprovar que o grupo está muito mais interessado em beber no rock intricado e cheio de riffs de um QOTSA do que na fórmula pronta para o mercado de um Coldplay. Para constatar a capacidade do repertório, o grupo entreteve o público por duas horas, e chegou ao ápice nas execuções de "Legado", "O Peso e a Pena", e "Danse Macabre", finalizando uma noite perfeita para o rock - ainda - independente brasileiro.  

O único fato curioso, é que eu não encontrei uma banquinha sequer vendendo o novo disco dos caras (Éter). Será que eles esqueceram no hotel, ou pode ser que esteja pintando um lançamento do álbum por algum novo selo/gravadora? Respostas em breve.  

Foto: Bruno Eduardo
Tomás Bertoni e seu irmão Gustavo, no fundo.
STEREOPHANT  
Abrindo a noite, o Stereophant mostra a cada show que se consolida como um dos principais nomes da cena independente. É impressionante como o público já conhece todas as faixas do ótimo Correndo de Encontro a Tudo - lançado no ano passado. Inclusive, era difícil até de ouvir a voz de Alexandre Rozemberg em algumas músicas - "Vermelha", por exemplo, foi cantada em alto volume pela galera; já "Insônia", contou com um coro afinado de "oh-oh-oh" na parte final. Outro ponto positivo de assistir ao Stereophant é que as músicas ficam muito mais pesadas ao vivo, e dão uma força descomunal ao número. Um grande exemplo disso é "Toda Glória da Derrota", faixa que também encerra o show deles. O que parece um rock alternativo na audição do disco, acaba se tornando um hard robusto, com guitarras rasgadas. Já "Menina", música que abre o citado álbum, é executada na pressão - carregada essencialmente por seu riff à la Arctic Monkeys. No final da apresentação, o vocalista Ricardo Alexandre deixou uma frase que serve de lema para essa nova cena:"Amanhã será maior!". No que depender do Stereophant, as coisas estão bem encaminhadas.

Foto: Bruno Eduardo
Stereophant esquentou ainda mais o lotado Teatro Odisséia
HOVER  
Comparando com os principais expoentes dessa nova cena, o Hover é uma banda que traz uma fórmula diferenciada - e bem executada - do rock alternativo que estamos acostumados a ver nos becos cariocas. A maioria dos grupos ainda possuem resquícios do hardcore, e pegam influências diretas em bandas como Dead Fish, Pennywise e Satanic Surfers - como é o caso do Nove Zero Nove, Diabo Verde, Parola, Rastro Dalma, Menores Atos e do próprio Stereophant (que se apresentou antes). Como pôde ser visto pelo público na ótima "The Word Was Sound", eles apresentam um modelo com letras em inglês, e que vai do classic rock ao nu-metal - flertando com o progressivo, rock alternativo e indie rock. Analisando o repertório desse show, fica evidente que a banda ainda está em processo de evolução da proposta. Um exemplo disso é a música "Teeth", que estará presente no próximo disco da banda (previsto para os próximos meses). A faixa começa com um clima "floydiano" e se perde em riffs ganchudos, com efeitos e paradinhas bem tramadas - criando desde já uma expectativa aos próximos passos do Hover. Que venha logo o disco novo! 

Foto: Bruno Eduardo
Hover apresenta novas fórmulas no cenário habitual

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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