DISCOS: LIEUTENANT (IF I KILL THIS THING WE'RE ALL GONNA EAT FOR A WEEK)

LIEUTENANT

If I Kill This Thing We're All Gonna Eat For A Week

Dine Alone; 2015

Por Lucas Scaliza




Quando Nate Mendel, o baixista do Foo Fighters, anunciou que lançaria um projeto solo, ninguém pensou que pudesse ser tão surpreendente quanto este If I Kill This Thing We’re All Gonna Eat For a Week. Ao contrário do que todos poderiam imaginar, Nate não colocou seu nome no projeto. Ele preferiu criar uma nova banda, chamada Lieutenant. Como o Foo Fighters é a sua grande fonte de renda, o baixista foi esperto o bastante para se aventurar por outro tipo de som - como faz também mantendo em paralelo a banda Sunny Day Real State

Lieutenant é rock indie. Tem guitarras distorcidas, tem um baixo bem presente e baterias fortes, mas é tudo bonitinho, bem aparadinho e cheio de arranjos ricos e bonitos.


Se você não está por dentro do som feito por bandas de shoegaze e dream pop, o disco do Lieutenant pode ser um choque. Mas um conselho: dê uma chance a este passo alternativo de Nate & Amigos, você pode se surpreender e de quebra expandir seus horizontes para um outro tipo de sonoridade. If I Kill This Thing We're All Gonna Eat For A Week tem nove faixas de muita qualidade, nenhuma acima de 5 minutos, e todas bem construídas. 


Nate usou o estúdio do Foo Fighters na Califórnia para gravar o trabalho e contratou o produtor Toshi Kasai (experiente na cena alternativa). Chamou uma série de convidados especiais: Joe Plummer do Modest Mouse, o colega Jeremy Enigk do Sunny Day Real Estate, o parceiro de Foo Fighters Chris Shifleft e Page Hamilton do Helmet. E ao vivo, Nate convidou gente do Fleet Floxes, Snow Patrol e The Bronx para fazer parte de sua banda, tudo isso no meio da turnê de divulgação de Sonic Highways, o último disco dos Fighters.


Belle Époque” e “Artificial Limbs” são convidativas e aconchegantes, cheias de melodia – bem ao estilo das bandas britânicas e de shoegaze – e também cheias de som. Tem ainda as várias camadas de “Lift the sheet” e da bem alternativa “Sink Sand” - que parece tirada do repertório da St. Vincent; o começo sombrio de “Ratlled” que evolui até um clímax guitarreiro e com uma linha de baixo bem marcada e bem alta na mixagem final; o jeito bem pop de “Prepared Remarks” e a sensação de flutuação da ótima “Believe The Squalor”. Com várias pequenas guinadas interessantes, “The Place You Wanna Go” também chama a atenção. O disco também é repleto de teclados cinematográficos.


Como If I Kill This Thing We’re All Gonna Eat For a Week está cheio de sons e efeitos que completam o sentimento de cada canção, recomendo ouvir com a melhor qualidade que puder encontrar. Um disco muito bom que poderá não entrar em listas de melhores do ano, mas dá o prazer de saber que um artista já estabelecido em uma grande banda não se repete e tenta algo diferente e de qualidade.


Ah, e se Foo Fighters não é sua praia, vai ser uma grata surpresa saber que o Lieutenant tem muito a pouco a ver com aquilo.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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