Entrevista com Pagan John, revelação da nova cena folk/rock mundial

Foto: Divulgação
João Milliet e Gustavo Pagan lançam o primeiro disco do Pagan John
Por Bruno Eduardo

Black To Grey é o disco de estreia do PAGAN JOHN, formado por João Milliet e Gustavo Pagan. Para ser lançado, o disco precisou viajar pelo mundo, e passou por São Paulo, Los Angeles e Paris, sendo gravado em três estúdios distintos: No SteakHouse Studios (Los Angeles/EUA), por Ken Eisennagel – engenheiro de álbuns do Megadeth; no Cada Instante Studios (São Paulo), por Rique Azevedo e João Milliet e no La Fabrique Studios (Avignon, França), por Damien Arlot. Black to Grey traz 11 faixas autorais, e possui influências de rock e folk [o disco já está disponível no iTunes]. As gravações contaram com as participações de músicos como o baterista Victor Indrizzo (Chris Cornell, Beck, Macy Gray, Gnarls Barkley e Alanis Morissette, entre outros) e do baixista Jonathan Ahrens (Jason Mraz). Para conhecer melhor essa dupla que vem se destacando na cena folk/rock mundial, o Rock On Board conversou com João Milliet. 



O Black To Grey foi gravado em 3 diferentes estúdios. Queria que você falasse sobre a experiência no SteakHouse Studios (Los Angeles/EUA) e também falasse da participação do Ken, que é um produtor já de renome.


Na verdade a gente gravou esse disco em duas etapas. Ele foi gravado uma parte na França e outra parte em São Paulo. Eu comecei a gravar o single "Black To Grey" aqui em São Paulo com o Gustavo, e decidi levar ele para o Manny Marroquin (John Mayer) na França. O Manny adorou a música e sugeriu que gravássemos uma batera com uma pegada diferente - que foi o que fizemos lá na França mesmo. Quando voltei ao Brasil, eu e o Gustavo decidimos gravar o disco inteiro. Nesse tempo, um amigo descolou o Stake Studios em Los Angeles, que foi quando conhecemos o Jonatham Ahrens (Jason Mraz) e o Victor Indrizzo (Chris Cornell, Alanis Morissete), que acabaram participando do disco. Já o Ken, foi um lance de dividir a engenharia do trabalho. Na verdade ele estava lá de auxiliar, mas acabou participando de forma direta com ideias de arranjos, de sonoridades. Foi realmente muito legal trabalhar com ele.


Vocês chegaram ao Manny com o Mix With The Masters, não foi isso? Como funciona esse projeto?


Eu trabalho com mixagem há uns seis anos. Então eu decidi fazer esse curso para me aperfeiçoar. Você passa uma semana com um engenheiro de som famoso na França e na oportunidade eu conheci o Manny, que é um cara super legal. Deu para aprender muita coisa com ele.


Por falar nisso, muitos artistas novos vem se interessando cada vez mais pela produção fonográfica de seus trabalhos. Muitas bandas relatam que engenheiros interferem diretamente no resultado final de um álbum. Você acha que o fato de você também ser produtor musical influencia muito escolha do repertório? Já que você disse que tinham mais de 20 músicas prontas.


Eu acredito que cada vez mais estamos vivendo em um mercado que não tem regras. Estamos em um momento de pequenos movimentos, onde as bandas podem produzir seu material em casa. Inclusive, a maioria das bandas acabam se auto-produzindo. Nem todas elas tem conhecimento técnico suficiente para isso e muitas delas acabam fazendo coisas que não ficam legais, como outras fazem coisas sensacionais. Mas quando temos essa experiência na área, logicamente temos mais facilidade para definir um repertório, ainda mais quando se tem um cara como o Gustavo (Pagan), que é um super compositor. Só que é bom deixar claro, que mesmo sendo produtores, nós nunca escolhemos um repertório pensando em mercado, que é um jargão dos produtores antigos. Nós escolhemos um repertório que agrade a gente, pois o artista é hoje o maior vendedor de sua arte. Sendo assim, ele tem de estar 100% confiante e satisfeito com o que faz.


O som de vocês tem muita pegada do folk. Aqui no Brasil, vem crescendo muito o interesse pelo gênero. Como você analisa isso? Você ja enxerga um mote para o folk no Brasil?


O folk é um estilo que atrai várias vertentes. Desde essa pegada mais americanizada, conforme você mencionou, como uma pegada mais nacional, como por exemplo, o Renato Teixeira. Atualmente nós temos vários artistas interessados nessa vertente mais acústica, de um rock por exemplo. Porque há a influência do rock no gênero. Por isso eu acredito que cada vez mais haverão novos interessados nesse estilo de música, que para mim, é um estilo que valoriza demais a canção.


Você acha que é por isso que muita gente fala que vocês são uma banda com pegada gringa? Como vocês enxergam isso, de serem vistos como uma "banda com pegada gringa"? 


Acho que isso é uma coisa natural. Acho que as pessoas falam mais isso porque cantamos inglês. Porque nós crescemos ouvindo esse tipo de som. Talvez seja pelo sotaque, pela fluência do inglês. Já teve gente lá fora que veio nos falar que não dava para perceber que nós não éramos americanos. Acho que a pegada gringa vem daí. Porque temos muitos elementos da música americana.


Na minha opinião, o disco tem dois lados: o do Folk, e outro composto por Músicas como "In My Time" e "Speak From Your Heart", por exemplo, que se diferenciam um pouco da proposta geral do álbum. Tem muito de pop rock, uma sonoridade mais alternativa. Fale um pouco sobre esse outro lado do disco.


Esse disco representa várias vertentes nossas, que beira até country. "In My Time" tem um lado mais pop rock pela parceria com o Vic [Victor Indrizzo]. O pop rock é uma outra referência que nós temos, e que procuramos colocar no disco da melhor forma possível.


E como funciona o Pagan John ao vivo? Pois no disco há algumas participações de músicos convidados. 


Cara, a gente tem várias possibilidades. Pelo fato de eu e o Gustavo sermos uma dupla, que não é uma dupla sertaneja (risos) - que fique bem claro - nós podemos montar alguns formatos, onde iremos ter músicos convidados, que devem ser amigos. E isso nos dá a oportunidade de termos várias formações e que depende dos formatos dos shows.


Como o Rock on Board é um site voltado de forma mais abrangente ao rock, gostaria que você citasse algumas influências do rock para a música do Pagan John. 


Nossa influência vem muito do blues rock, como John Mayer, ou do rock mais tradicional como Led Zeppelin, Beatles, Aerosmith e Lenny Kravitz. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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