Soulfly estreia em solo carioca e pulveriza clima de carnaval na cidade

Foto: Adriana Vieira
 
Para os roqueiros já saturados desse clima de carnaval que ronda a cidade, nada mais apropriado que um show de rock com muita distorção - ainda mais se tratando de uma banda que nunca veio ao Rio. Pulverizando qualquer tipo de confete agarrado no cabelo, o público, devidamente fantasiado com as roupas pretas estampadas com logotipos de bandas (principalmente do Sepultura), foi chegando de forma bem tímida ao local.

Antes do Soulfly, o Painside (banda brasileira) não teve um público tão grande à sua frente. O que não intimidou o bom vocalista Sevens - com influências claras de Bruce Dickinson -, que tentou agitar de todas as formas a galera que se encontrava no “gargarejo”. Mesmo com um show curto, eles agradaram com uma apresentação correta.

Mantendo a tradição “Sepulnation”, uma bandeira do Brasil foi estendida de forma frontal em cima de um amplificador. E aos gritos de “Soulfly”, o grupo que já coleciona sete álbuns em sua discografia, subiu ao palco optando por uma releitura da carreira de seu band leader. Músicas como “Bleed”, primeiro sucesso do Soulfly, ficou de fora do repertório. E muito pouco foi apresentado do novo trabalho que será lançado em março. Mesmo assim, ninguém em sã consciência iria sair reclamando. O show foi apoteótico.

Com uma pontualidade a se dar como exemplo, a “pancadaria” começou com “Rise Of The Fallen” do último disco, Omen, lançado em 2010. Após passar por “Primitive”, foi iniciado o carnaval Sepultura. Em sequência matadora, vieram “Refuse/Resist” e Territory”. Além de “Porrada” e um solo de bateria bem tramado. Dividido em partes, o set list retomou a carreira Soulfly – onde o público cantou junto “No Hope/No Fear”.

“Vamos tocar umas coisas velhas agora” – Afirmou Max, antes de mais uma sequência nostálgica que trouxe a casa abaixo. “Arise” e “Dead Embrionic Cells” em uma dobradinha genial, seguida de “Innerself”, remeteram aos primórdios de sua ex-banda. Tudo executado de forma viril e emocionante. Na bateria, o corpo franzino de Zyon (filho de Max Cavalera) enganou os desavisados. Muita gente pensou que a inclusão de seu filho na banda seria apenas um tapa-buraco ou então uma incrível jogada de marketing. Mas todos tiveram que tirar o chapéu para o moleque. Com apenas 18 anos de idade, ele tocou como gente grande e segurou a pressão com viradas enérgicas e ousadas.

Já na parte final da apresentação, o grande destaque do show: Max convidou seus outros dois filhos para cantar com ele a música “Revengeance”, que estará presente no próximo disco do Soulfly. Sendo assim, tivemos no palco quatro “Cavaleras” e um registro histórico. Motivados pelo vocalista, o público ainda aproveitou “Troops Of Doom” para uma grande roda punk, e “Roots” caiu sobre eles. Coube então ao novato Zyon, o papel de fechar a apresentação com um mosh pit digno.  No fim das contas, todos voltaram para casa com o ouvido zumbindo, mas felizes pela certeza de que enfim, as marchinhas de carnaval deram lugar aos riffs de guitarra.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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