O “Queremos”, aproveitou a passagem de bandas pelo Planeta Terra em São Paulo, e por forma de sugestão, conseguiu com a ajuda dos fãs, pescar alguns nomes para o Circo Voador. Dividido em dois dias, foi criado o Eu Quero Festival. Obviamente, o evento manteve o sistema de crowdfundind, e o nome de maior destaque foi o Beady Eye, que é a banda do ex-Oasis, Liam Gallagher.
Por se tratar de uma segunda-feira, o público da casa foi razoavelmente bom. O que poderia certamente ser melhor, se a maioria das pessoas soubesse que se tratava de uma banda que tinha em sua formação, um dos maiores nomes do rock britânico, anos 90. O fato é que mesmo não apelando para o seu passado, Liam uniu um público órfão. Bandeiras da Inglaterra, camisas do time de futebol Mancheter United, e evidentemente, camisas do Oasis, circulavam pelo Circo Voador, em sua maioria.
Antes do início do show principal, num palco alternativo, a banda Diving Music fez um som para os mais chegados, e no palco principal, em seguida, foi a vez dos paulistas do Holger mandar o recado com sua mistureba indie.
Exatamente às 22:30, para delírio dos fãs, o Beady Eye sobe ao palco com um set baseado no disco Different Gear, Still Speeding (lançado este ano). Efetivamente, grupo nada mais é que um Oasis sem Noel Gallagher – que está em carreira solo. Em sua formação, além de Liam, estão presentes os guitarristas Gen Archer e Andy Bell, e o baterista Chris Sharrock, que também integrou o Oasis entre 2008 e 2009.
Aos gritos de “Liam, Liam”, o grupo iniciou a apresentação com “Four Letter Word”, faixa-de-abertura do único disco dos caras. Para quem ainda não ouviu o Beady Eye, posso afirmar que o som é basicamente calcado na proposta que o Oasis manteve nos últimos discos da carreira. Mantendo a sua postura característica, Liam, de corpo inclinado e boca colada ao microfone, fez o público presente cantar junto os versos de “Millionaire”, que exibiu palavras em destaque num plano ao fundo do palco.
Embora não tão grande, eles contavam com fiéis seguidores, que cantavam a maioria das músicas em forma integral. Como o Circo Voador é um local reduzido, e que acaba facilitando muito aos fãs que esperam maior proximidade com ídolos, foi curioso ver meninas lutando com fervor para conseguir um lugar mais perto da grade (sim, a banda exigiu uma área Pit, que acabou facilitando o serviço dos fotógrafos da imprensa).
Os melhores momentos do show foram na agitada “Bring the Light” - que tem pianos em ritmo rockabilly - e em “Standing On the Edge”, com utilização de refletores contra o palco. Usando e abusando de delays, Liam manteve o mesmo tom de voz que tanto o marcou – com a manjada melodia arrastada. Com muito orgulho, os fãs nem se atreveram a pedir por Oasis, e lógico, eles não tocaram. Mas se for analisar com um pouco de frieza, o que aconteceu no circo Voador foi um show com jeito de Oasis, mas sem os hits. Ah, e sem o Noel.
À frente de fãs fiéis, Liam Gallagher e mais da metade do Oasis fizeram um show intimista. Mantendo boa musicalidade, e firmeza na proposta atual. Com isso, eles começam a escrever um novo capítulo para uma banda, que embora leve outro nome, permanecerá viva no passado e no presente. Os fãs gostaram da idéia, ele (Liam) também.