No Rio, Alice in Chains evidencia relevância na história do rock com show impecável

William DuVall no show do AIC no Rio [Foto: Vinicius Pereira / Rock Em Geral]
Por Bruno Eduardo

Mesmo com trinta anos de estrada, essa é apenas a terceira vez que o Alice in Chains se apresenta no Rio de Janeiro em toda sua carreira. A banda estreou por aqui em 1993, quando divulgavam Dirt, álbum que ajudou a ditar os caminhos do grunge e do rock noventa. Na época, eles chegaram como atração do festival Hollywood Rock, que também trouxe outros contemporâneos, como Nirvana e L7De lá pra cá, muita coisa mudou. A banda inclusive, quase virou arquivo após a morte do vocalista Layne Staley. Mas foi com essa "nova formação", que traz William DuVall no lugar do saudoso Layne, que o grupo acabou se encontrando. 

Na verdade, por conta dos problemas de Layne Staley com a dependência química, o Alice in Chains nunca conseguiu ficar uma década ininterrupta na estrada. Algo que hoje não só é possível, como necessário, já que o grupo continua produzindo discos com freqüência. Rainier Frog, lançado este ano, já é o terceiro com DuVall - o mesmo número de discos de estúdio da banda com o falecido vocalista.

Então, para contar a história desse show do Alice in Chains no Rio, é importante pontuar a relevância de DuVall. Que não pode - e não deve - ser enxergado como um substituto de Layne. Mesmo porquê, não há ninguém capacitado para uma substituição, e sim, para uma manutenção da obra. E isso, DuVall faz de olhos fechados. 

Falando especificamente sobre a apresentação desta noite, o Alice in Chains concentrou o repertório basicamente em músicas dos dois primeiros álbuns. Do novo disco, apenas duas canções foram apresentadas - com destaque para o single "The One You Know". A apresentação começou com "Check My Brain", música da fase DuVall, que foi lançada no disco de estreia dele no grupo, há quase uma década. Mas a coisa começou a esquentar com a dobradinha "Them Bones" e "Dam That River", ambas do já citado Dirt. 

O som alto dos PA's (como há muito não se via) facilitou a tarefa de Jerry Cantrell, que massacrou tímpanos - no bom sentido - com riffs do quilate de "We Die Young" (hit peso-pesado do grunge) e "Stone", sempre apoiado pela cozinha robusta de Mike Inez e Sean Kinney. O ápice, lógico, veio na força de "Man in The Box", que evidencia ainda mais a qualidade de William DuVall, que segura o refrão com categoria.

Embora seja mais um show de festival, esta é a primeira apresentação da banda em um palco mais particular no Rio, já que o 100 km de Vantagem Hall (eterno Metropolitan para a galera maior de 35) segue sendo ainda uma das casas mais acolhedoras para shows de bandas consagradas longe de grandes arenas. Sendo assim, a apresentação rendeu momentos de intimismo, como em "No Excuses", que remete na memória as velas e o clima sombrio da fase Unplugged MTV. Outro momento nostálgico foi numa das surpresas da noite: "It Ain't Like That", clássico coadjuvante do petardo Facelift [veja um especial sobre o álbum AQUI].

O final cristalino com dois hinos da banda ("Would?" e "Rooster") ressaltou um legado inquestionável do Alice in Chains. Legado esse, construído na voz poderosa de Layne, que deixa saudades até hoje. Mas a cada disco lançado e turnê rodada pelo mundo, fica ainda mais evidente, que a figura de William DuVall mostra-se cada vez mais essencial para essa continuidade. Showzaço!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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