The Maine mergulha nos braços da galera em seu melhor show no Rio

Foto: Bruno Eduardo
O vocalista John O' Callaghan desceu do palco e cantou no meio da multidão
Por Bruno Eduardo

É curiosa - e impressionante - a relação do The Maine com os fãs brasileiros. Quem não conhece o grupo, pode se surpreender ao saber que essa é a quarta passagem dos caras pelo Brasil - sendo talvez a banda gringa que mais se apresentou no palco do Circo Voador nos últimos cinco anos. O roteiro é o mesmo de sempre: meninas disputando um lugar na grade, cartazes por todas as partes, e uma banda que demonstra noção exata de que precisa retribuir esse carinho de todas as formas. 

Esse fenômeno popular proporcionado pelo grupo americano é apenas uma prova dos novos tempos. Hoje, mesmo sem o apoio de rádios ou de uma MTV, um grupo como o The Maine, que não possui vínculo com qualquer gravadora, pode sim, fazer sucesso entre jovens em qualquer canto do planeta. Por isso mesmo, é importante que comecemos uma reavaliação urgente sobre o impacto do rock - ou da música pop - na atualidade. 

Musicalmente, o The Maine consegue um raro êxito na fórmula punk-pop, e em alguns momentos até surpreende - principalmente quando aponta suas energias para o rock alternativo de faixas como "My Heroine" e "Run". O show do Circo Voador é baseado no último disco do grupo, American Candy, e no debut da banda, Pioneer. Do ótimo Forever Halloween, apenas a já citada "Run", e "Love & Drugs" deram as caras. A escolha do repertório só confirma que a banda realmente não estava convencida da direção musical do seu disco anterior (como este mesmo crítico afirmou na última visita da banda, em 2014). De acordo com o guitarrista do grupo, Kennedy - em exclusiva ao Rock On Board -, o grupo não gosta de se repetir, e por isso, a escolha de uma proposta mais formal em American Candy. Mesmo assim, o novo disco traz algumas músicas que despertam pela riqueza melódica, como "Miles Away" (que abre a noite), e "English Girls", que é levada exclusivamente pela cantoria dos fãs. 

Embora o show seja quase todo centralizado na figura do frontman John O'Callaghan - que não deixa o palco nem para beber uma água -, é o rosto do guitarrista Jared Monaco que aparece no bumbo da bateria, e também nas mãos de algumas meninas. Felizmente, o grupo não faz aquelas pausas para o manjado bis, mas organiza um raro momento de calmaria, onde John, solitário no palco, interrompe a música para um discurso emocionado sobre acreditar em si mesmo. "Eu sei que parece, mas não é um papo de drogado, acreditem", brinca. Embora datado, o vocalista demonstra uma sincera percepção sobre a sua responsabilidade à frente de um fã-clube formado por jovens.

No final, o The Maine injetou adrenalina no cardápio com uma versão fidelíssima de "Satisfaction" dos Rolling Stones e um mergulho sensacional do frontman, com direito a uma música cantada no meio da galera - para desespero dos companheiros e do segurança. "Um passo para trás", gritava Kennedy, em bom português, enquanto John O'Callaghan era engolido por um mar de cabeças que se espremiam na pista do Circo Voador.

Na saída do local, eu pensava com minhas pulgas: precisamos de mais bandas novas que despertem essa paixão tiete da juventude e que retribuam o carinho dos fãs de forma real, assim como faz - e sempre fez - o The Maine

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Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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