DISCOS: TITÃS (Nheengatu)

TITÃS

Nheengatu

Som Livre; 2014

Por Ricardo Alfredo Flávio




Volta às origens. É o que tenho ouvido quando o assunto é o novo disco dos Titãs, “Nheengatu”. Depois do fraco álbum “Sacos Plásticos” e da bem sucedida turnê comemorativa dos 30 anos de carreira e dos 26 anos do clássico “Cabeça Dinossauro”, eu não diria que é uma volta às origens, mas, uma volta aos tempos de glória, visto que, em suas origens, os Titãs não eram tão pesados, nem tão ácidos em suas críticas político-sociais. Um álbum que pode ser definido como uma mistura de “Cabeça Dinossauro” com “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, sujo, agressivo e, mesmo com toda nossa realidade apontar para manifestações públicas contra o governo estabelecido, é um disco datado, porém, ironicamente, atual. E, mesmo afirmando ser um álbum datado, não significa dizer ruim, pois não é.

Se em 1986 eles diziam que “polícia é para quem precisa de polícia”, agora dizem que a polícia é apenas mais uma parte do povo explorado, com versos como “por que você não abaixa essa arma / o meu direito é seu dever / por que você não usa essa farda / para servir e para proteger... você também é explorado / fardado”. O grito de revolta de “Nheengatu” atira em outros alvos, como a pobreza, a pedofilia e a homofobia.

Segundo diz textos de divulgação do álbum, “Nheengatu” é centrado em falta de comunicação, ou problemas com ela. O termo que dá nome ao disco significa ‘língua geral’ e tem como origem um idioma criado pelos jesuítas para facilitar a comunicação entre os povos indígenas no Brasil colônia. E, a imagem da capa, é, apropriadamente, uma representação da Torre de Babel.

Entre altos e baixos, como a totalmente dispensável faixa “Fala, Renata”, temos um bom disco dos Titãs. Podem questionar se, nessa altura do campeonato, seria necessário mais um disco deles, mas, quando se começa a ouvir as coisas produzidas no rock brasileiro de hoje em dia, tem-se a noção que é muito melhor termos os Titãs se repetindo, do que qualquer porcaria nova sem conteúdo, sem tesão, sem qualidade. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

1 Comentários

  1. Boa resenha, Big Dog. Ainda não ouvi, mas não gosto quando chamam a banda de oportunista. Pq? Eles não têm o direito de repetirem a fórmula que deu certo, repaginado o contexto para que tenha simetria com os dias de hoje? Abx - Dum

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