Funcionou! Saiba como foi o show do Guns N' Roses no Rio

Foto: Felipe Panfilli
Show do Guns no Rio teve de tudo: atraso, vaias, sucessos e muita pirotecnia

Por Bruno Eduardo

No primeiro show da turnê brasileira, o grupo liderado por Axl Rose consegue atrair pouco mais de 13 mil fãs ao HSBC Arena, no Rio – o que em tempos atuais pode ser considerado um ótimo público. Da fase áurea, além do vocalista, apenas Dizzy Reed permanece. Os outros cinco integrantes são DJ Ashba (guitarra), Richard Fortus (guitarra), Ron “Bumblefoot” Thal (guitarra), Chris Pitman (teclados) e Frank Ferrer (bateria).

Para não perder o costume, um atraso de duas horas provocou algumas vaias. Contando com cinco telões, fogos de artifício e cascata de fogo, o Guns N’ Roses conseguiu pela primeira vez apresentar um número particular, e bem tramado, do que quer ser nos dias de hoje. A manutenção da formação começa a dar liga, e Axl Rose – embora continue colecionando vários escorregões na afinação – parece estar mais em forma que em outras desastrosas passagens pelo país. Instrumentalmente, não há o que contestar: a banda está firme.

Dos grandes sucessos, “Welcome To The Jungle” foi a primeira a levantar o público, seguida da popular versão de “Live and Let Die”, de Paul Macca & Wings - presente na primeira parte de Use Your Illusion (1991). O repertório ainda é baseado quase que exclusivamente no disco de estreia, Appetite For Destruction, mas houve reserva de tempo para a inclusão de músicas do fraco Chinese Democracy – nos raros momentos de frieza entre público e banda. Das canções que fazem parte deste último trabalho, “Catcher in The Rye” é uma das poucas que remetem ao estilo que consagrou o grupo nos anos oitenta. 

Quando faltou voz, sobrou recorrer à sua própria caricatura. Mantendo os trejeitos clássicos, Axl fez o suficiente para resgatar uma imagem perdida no tempo, e escondida atrás de jaquetas, óculos escuros e chapéus. Entre vários momentos solo, duas canções foram tocadas sem ele no palco: "Objectify" (cantada pelo guitarrista Ron 'Bumblefoot' Thal) e "Motivation" (cantada pelo baixista Tommy Stinson). O maior destaque, no entanto, foi a execução do hino nacional brasileiro, pelo guitarrista Ron 'Bumblefoot ' Thal - que lógico, acabou ovacionado pelo público.

Como já era esperado, o piano de cauda deu tom em “November Rain”, mas o baixo esteve inaudível na cover de Bob Dylan, “Knockin’ on Heaven’s Door”, e no rock quente de “Nightrain”. Um improviso instrumental stoneniano serviu para que Axl recuperasse o fôlego, e assim, entoasse os dois números finais: “Patience” e “Paradise City” – com a manjada chuva de papéis picados.

Enfim, o show do Rio serviu para comprovar que a banda mais perigosa do planeta não existe mais. Em contrapartida, ainda pode oferecer um bom espetáculo aos interessados. Pela primeira vez desde que decidiu retornar com o projeto, Axl Rose finalmente representou sua obra com uma pitada de dignidade.

[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2