Parece que entramos
novamente na cápsula do tempo do The Town, e fomos parar nos anos 70/80, nos
bailes charme. Inclusive, a figura dos meninos, especialmente de Leo Guima, nos
remete a personagens icônicos da época. Já vimos que vai ser no mínimo, divertido.
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“Garota” é o pontapé inicial do jogo que promete. Dançantes, as vozes dos meninos se juntam numa harmonia gostosa de ouvir, criando acordes extremamente agradáveis aos ouvintes, como mostram em “Calor e Arrepio”. Lázaro Ramos surge no telão, para fazer a apresentação do grupo que representa a região metropolitana do Rio de Janeiro, dando aquela moral. “Estranha Vontade Louca” nos faz entender que ali, naquele grupo, não há um “leader vocal”: cada um tem seu espaço garantido, e todos desempenham o seu papel muito bem, acompanhados de uma banda plena em competência e talento.
Enfim, o R&B domina o
The One completamente e sem esforço. Eles dançam, cada um do seu jeito, mas
também fazem passinhos ensaiadinhos, como num baile de verdade. O que eu estou
dizendo? Mas É um baile de verdade! “No Calor do Momento” é a deixa para que a
bela soteropolitana Melly dê o ar de sua graça feminina juntos aos marmanjos,
trazendo o vibrato bonito, suingado, nascido da natureza cantante e claro, de preparo ao longo da
vida.
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“Cacau” é quando Melly assume o protagonismo vocal, e os rapazes, numa humildade que só quem tem certeza de seu brilho, se recolhem a um canto e viram os backing vocals mais luxuosos que alguém poderia querer, muito bacana. Foi tão bacana, que até o sol, que tava escondido esse tempo TODO, o danado, dá uma espiadinha boa na turma, quando “Azul” é entoada por Melly. Delicioso.
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A mui provavelmente autobiográfica "Violão Amarelo" mantém o povo todo dançando gostosamente. Porém, em “Em Nome da Paz” o tom politizado deu as caras mais uma vez no The Town. Sob a palavra de ordem “sem anistia”, os garotos dão vivas às várias vítimas da violência, entre elas, Marielle Franco. Não foram acompanhados por todas as pessoas, mas viver em uma democracia de verdade é isso: aceitamos os que não pensam como nós, desde que ninguém seja ofendido, ferido ou morto.
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Cupertino entoa “Nossa Resenha” e Caetano Veloso surge no telão cantando o refrão, que tem inserido ali, rapidinho, um trechinho de “Palco” de Gilberto Gil. De novo, que moral! Para o sucesso não subir à cabeça, os garotos fazem muitas vezes referências (e reverências) ao lugar de onde vieram. “Carinha de Neném” vem seguida de “Zero a Cem”, e Anchietx aponta para a sua mãe, animadíssima na plateia, e pede que o povo todo cante um pouco pra ela. Ela deve ter chorado horrores. Eu choraria.
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As mãos se levantam ao alto, quando a banda é apresentada ao público em “Pouco a Pouco”, e Melly volta ao palco para encerrar essa apresentação singela, mas cheia de swing, groove, jingado, malemolência, alegria, diversão e arte em “Queda Livre”. Poderia funcionar melhor no Palco Factory, por exemplo, com um público mais juntinho? Poderia. Mas deram o The One, e por mais que o público tenha ficado um pouco diluído ali, o fato é que todos se envolveram com o baile oferecido, e o lugar d’Os Garotin no segundo maior palco do festival foi merecido, certamente.
