De malas prontas para a primeira turnê europeia, Papangu se despede em concerto arrebatador em SP!

Foto: Eli K. Hayasaka

O grupo PAPANGU, de João Pessoa, Paraíba, está na ativa desde 2012, mas sua salada musical, que mistura de forma excepcional ritmos tão diversos quanto heavy e black metal, rock progressivo e psicodélico, forró, maracatu e jazz rock, sempre bem calibrados e empolgantes, foram ser notados pelo grande público da região sudeste apenas após 2021, quando lançaram seu primeiro álbum, o pesado e denso disco “Holoceno”, que acaba de receber uma linda edição em vinil, pelo selo paraibano Taioba Discos.

Em 2024, a banda lança o aclamado álbum conceitual “Lampião Rei”, apontado por diversas publicações (incluindo a ROCK ON BOARD,veja aqui) como um dos melhores discos do ano.

Já preparando seu terceiro disco, e de malas prontas para a primeira turnê europeia, que passará por Portugal, Inglaterra, Escócia, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Noruega, a banda faz uma parada para este show de despedida e “até breve” no sempre excelente e interessante palco do Sesc Belenzinho.

Noite fria e com chuva em São Paulo, aquela sexta-feira de trânsito caótico, mas dentro da Comedoria do Sesc Belenzinho o clima é caloroso e muito agradável, com os meninos paraibanos fazendo por uma hora e meia um concerto extasiante, hipnótico e que emocionou o bom público presente.

Foto: Eli K. Hayasaka

O repertório escolhido mescla canções dos dois álbuns e apresenta, ainda, músicas que estarão presentes no disco novo, que faz o vocalista e tecladista Rodolfo Salgueiro pedir, em tom de brincadeira, “pode filmar, mas por favor, não postem essa não”!

Quem ainda não é grande conhecedor do trabalho da rapaziada, vai identificando referências ao longo da noite, e ouço do lado gente dizendo “isso parece Frank Zappa”, “me lembrei de Gentle Giant” e assim a performance da banda vai encantando os presentes.

A troca de vocalistas é interessante, e cada um de seu jeito, do sensível ao gutural, todos agradam, mas, ver o multi-instrumentista Pedro Francisco em ação é gratificante demais! O rapaz canta e toca com desenvoltura flautas, guitarra, teclado, chocalhos, apitos e até bichinhos de borracha, algo que me fez lembrar como Os Mutantes eram incríveis e fizeram escola – pois lá em 1968 eles já faziam loucuras desse tipo!

Ponto alto da noite, “São Francisco”, faixa do disco “Holoceno”, cantada a plenos pulmões por todos os presentes, em momento bonito de se ver e participar.

Foto: Eli K. Hayasaka

Outro destaque é o grande baixista Marco Mayer, que além da desenvoltura em seu instrumento, tem grande presença de palco, dança, agita, faz bons backing vocals e ainda nos brinda com seu momento solo matador, quando me fez lembrar grandes mestres do instrumento, como, por exemplo, Cliff Burton, do Metallica, e, ao ter a companhia do excelente baterista Vitor Alves, lembram com uma palhinha, “Painkiller”, do Judas Priest.

Em outro momento palhinha, fizeram um medley de “Crazy Train”, em justa homenagem ao recém-falecido Ozzy Osbourne, com “Pra Tirar Coco”, um clássico do forró, do cearense Messias Holanda, introduzindo “Ruínas”, belíssima faixa de “Lampião Rei”.

Foto: Eli K. Hayasaka

Apesar da empolgação de banda e plateia, o tempo urge e a banda anuncia que precisam encerrar a apresentação (os horários no Sesc são rígidos) e como saideira, o show se termina com a vinheta que abre “Lampião Rei”, “Acende a Luz: I. Alquimia” e a sequência “Acende a Luz: II, O Escandeio / III. Sagüatimbó”.

PAPANGU é o remédio certo para todo aquele chato que cisma em dizer que “o rock morreu”! Não, meu caro, o rock não morreu! Você que ouviu no lugar errado! Basta procurar que se encontrarão pérolas como esta! E existem várias, nos mais diversos estilos dentro do rock! Por aqui, desejamos sucesso à banda em sua aventura europeia e ficamos no aguardo do retorno e de outro grande disco, como já virou rotina para eles.

Foto: Eli K. Hayasaka




Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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