Com um repertório recheado de grandes hits, eles privilegiaram os dois primeiros álbuns, Core e Purple. A única exceção foi "Down", pedrada estilo Alice in Chains, presente no seu álbum N° 4. Ainda sobre o repertório, vale destacar que esse pode sim, ser considerado um show comemorativo ao álbum Purple, que completou 30 anos em 2024. Foram 8 músicas do segundo disco de estúdio, que tem ao todo 11 canções. Além disso, a banda também não tocou nenhuma faixa dos álbuns com Chester Bennington e Jeff Gutt. Com isso, os fãs receberam um conjunto criado entre 1992 e 1999, numa verdadeira ode ao noventismo.
Iniciando com "Unglued", do Purple, pontualmente às 21:30h, o que se viu a seguir foi uma enxurrada de hits do início da carreira. Músicas como "Vasoline", "Meatplow", "Wicked Garden" e diversas outras desfilaram nas habilidosos mãos dos irmãos Robert e Dean DeLeo. Uma nota importante: Dean é um dos guitarristas mais talentosos e competentes da sua geração, a cada ano que passa fica mais técnico e melhor. As linhas de baixo de Robert também não passam despercebidas. Eric Kretz continua competente e não deixa o ritmo da banda cair, literalmente.
Já Jeff Gutt é um capítulo à parte. Há quem torça o nariz, pois o cara não faz a menor cerimônia em ser um cover do finado Scott Weiland, mas seu talento e capacidade de suprir a falta de Scott faz com que os mais conservadores esqueçam isso e simplesmente se joguem ao som quase original da banda. Jeff não deixa nada a desejar a Scott nos seus melhores momentos, e mais uma vez mostrou o quanto é bom, e se é um tributo o STP original, dentro da própria banda, não poderia ser melhor!
Esse show do STP mostra também, como o tempo fez bem para algumas bandas que, mesmo depois de muito anos após seu auge, conseguem renovar sua base de fãs. Haviam muitos adolescentes cantando todas as músicas, mesmo essas tendo sido lançadas há mais de três décadas. No entanto, grande parte da plateia era composta prioritariamente dos "grunges" já passados dos 40, alguns na casa dos 50 anos. E foi legal poder testemunhar muitos desses "fãs das antigas", revivendo suas adolescências em cantorias coletivas e abraços afagados - principalmente em canções como "Plush" (em versão arrastada) e "Interstate Love Song".
Outro ponto importante foi a qualidade do som da casa. Tudo muito audível e perceptível, com a acústica beirando a perfeição - tanto nas canções mais semiacústicas ("Kitchenware & Candybars"), como nas mais pesadas, como foi o caso de "Sex Type Thing", que fechou a noite. Fica aqui o elogio aos organizadores e a toda a produção por esse primor técnico.
Vida longa ao rock! Vida longa ao STP e a toda banda boa que mantém o rock vivo. E fãs, curtam os shows! Vão ao máximo de shows que vocês tiverem oportunidade e condição. Pois o rock é ao vivo! O rock que a gente ama está nos palcos, e seguimos cada um fazendo a sua parte para manter essa chama acesa!
Foto: Rafael Rodrigues / Rock On Board