Inhaler e Girl in Red promovem noite de juventude vigorosa no esquenta para o Lolla

Foto: Loquillo Panamá
 
São 22h, entra Girl in Red, no palco da Audio Clube e a cantoria generalizada em "Bad Idea" é tão alta que não resta dúvida alguma de quem é o headliner da noite. Dinamismo em ação tocando sua guitarra, Marie Ulvem bate seu cabelo, como uma headbanger agitando a multidão de um extremo ao outro do palco. 
Fúria rock dos Noruegueses, logo no primeiro número, e a plateia não deixa de celebrar quando começa "Girls" a segunda canção da noite.

De imediato somos informados que Marie pegou uma infecção pulmonar no Chile, nos mostra um copo com chá, e umas garrafas de água. Continua explicando "algo aqui na minha garganta não está legal, e vou precisar das suas vozes. Não vim até aqui para fazer um papelão. Vou tocar aqui meu piano "de mentirinha"", e canta "I'm Back" - canção da sua volta após o tratamento psicológico que a manteve afastada por um longo tempo.

"Parece que não sou eu, que estranho! Estou controlando o volume da minha voz. Foi até esquisito o que tive que fazer ao encontrar umas fãs hoje. Não falei com minha voz emotiva normal e alta", disse.

"Summer Depression" deixa todo mundo eufórico. "Me ajudem aqui com o Rap", pede a cantora. Ela avisa que não sabe falar português, e brinca, dizendo que não vai falar "gracias", pois sabe que aqui se diz 'obrigado'. "Serotonin", o hit do seu álbum If I Could Make it Go Quiet, de 2021, é um sucesso ensurdecedor nas vozes dos jovens que prestam atenção em cada detalhe vindo do palco. Chega a ser impressionante como a plateia acompanha tudo naturalmente. Será que todos são realmente bilíngues? Nada diminui o andamento da apresentação catártica e divertida. Girl in Red é entretenimento puro.

Em abril de 2024 saiu o segundo álbum I'm doing it Again Baby, e a cantora norueguesa, LGBTQ+, fez abertura de alguns dos gigantes shows da monstruosa turnê da Taylor Swift. Ação que levou seu pop confessional de dormitórios para multidões que talvez nunca teriam ouvido suas músicas.  

"We Fell In Love In October" poderia ser uma canção dos Pixies, ou do Stone Roses, hipnótica e contagiante, todos terminamos repetindo em segundos a letra "My Girl, My Girl, My Girl". Naturalmente, como se nada estivesse errado, assopra as narinas num papel e segue a bagunça. O resfriado é motivo para diálogos e resiliência em vez de desculpas. Pura ação juvenil com atitude agressiva. 

Entra "Too Much" e todos continuam cantando. Não é a toa que Ulvem tem mais de 13 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Ajoelhada canta "Midnight Love", com a sua letra que diz que não dá para ser "premio de consolação". Girl in Red é a trilha sonora de relacionamentos, conquista e caça pela mulher dos desejos da Marie e a plateia sabe o que está cantando.

O Final apoteótico com "Wanna Be Your Girlfriend" tocando a sua guitarra vermelha. Marie canta "Não quero ser a tua amiga, quero beijar teus lábios, beijar você até ficar sem fôlego". Curta e decidida ela quer fazer acontecer. Ela desce do palco, pede que a segurem de costas. Mas tudo dá errado. Puxam seus cabelos, levam ela de volta para o palco. Ela decide então jogar o líquido das garrafas como se fosse água benta de uma cerimônia caótica festiva chegando ao clímax máximo.

Missão cumprida, mesmo doente, Marie, deixa a Audio em estado eufórico e com centenas de pessoas sorrindo e satisfeitas .

INHALER

Se em "Open Wide", álbum mais recente, do Inhaler, lançado em fevereiro de 2025, a banda tenta fugir de comparações Post Punk dos anos oitenta ou noventa, ao vivo o ritmo é retrô ao extremo e de uma maneira impressionante. Uma reverberação alucinante, que poderia ser de um disco do Peter Gabriel ou do Big Country.

Eli Hewson sabe que tem um dom e o usa até enlouquecer cada um dos presentes. Com seus vinte e poucos anos é o capitão absoluto da sua banda e com carisma de sobra para fãs que berram suas letras.

O show começa com duas canções do album novo, "Your House" e "Eddie in the Darkness". Já a terceira é "When It Breaks", que foi um dos singles do aclamado álbum de estreia "It Won't Always Be Like This", de 2021. Para voltar à faixa título do álbum de 2025, "Open Wide".

Criando uma congruência impressionante que não separa em nada canções de épocas diferentes, o Inhaler continua Post Punk por mais que o produtor tenha tentado diluir o som para algo mais pop. Isso ficou no estúdio, ao vivo, repito, Inhaler de 2025 continua sendo a banda que apareceu em 2019 com baixo e bateria como carros chefes.

A plateia está feliz e os gritos são ensurdecedores. Olhando para o palco e fechando os olhos somos transportados para uma época distante. O baixo é impressionante, e o quarteto trouxe um tecladista convidado. Sim, a genética pode parecer limitante quando você é herdeiro de um dos maiores astros do planeta Rock dos últimos 50 anos mas nada intimida o Inhaler. 

A plateia faz flashmobs e joga dinheiro quando começa "Who's Your Money on?" e bolas coloridas com as cores azul, branco e vermelho da capa do álbum de estreia voam por cima da plateia que veio fazer uma festa na Áudio Clube e não para de gritar. O baixo é descomunal, pulsante ao extremo - uma conexão direta na escola Adam Clayton ou Peter Hook . Quando começa "Dublin in Ecstasy", do álbum "Cuts and Bruises", de 2023, o baile continua turbinado. Já passaram mais de 30 minutos e todos gritam literalmente em Ecstasy.

Nessa hora jogam uma bandeira do Brasil no Palco, e acontece algo extremamente curioso. A versão ao vivo de "Love Will Get You There" fica mais acelerada e pesada do que a ficou em estúdio. A guitarra parece algo saído da mente do Johnny Marr e o andamento é digno dos primeiros discos do Arctic MonkeysEstes Irlandeses realmente sabem como entreter.

Chegamos ao quarteto final da noite, quatro singles que deixam a plateia inquieta. "BILLY ( Yeah Yeah Yeah)", última no set do álbum mais recente, e o trio final são os singles do álbum de estreia. A belíssima "Cheer Up Baby", a faixa título, "It won't always be like This", e o grande final com "My Honest Face". O set passou voando, mas a energia persiste no salão. Realmente uma bombinha de ar para alegrar nossas vidas .

Loquillo Panama

Nômade agregador de ritmos musicais e fanático por shows. Está sempre correndo atrás de novidades para multiplicar e informar os amantes de boa música.

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