Uma celebração ao rock and roll, no “culto” dos pastores Ian Astbury & Billy Duff em São Paulo!

The Cult - Foto: Silvia Briani


Com produção da Liberation Music Company e assessoria da Tedesco Midia, a nova turnê latino-americana dos britânicos do THE CULT vem para aplacar a abstinência dos fãs brasileiros.

Calor monumental em São Paulo e as cercanias do longínquo Vibra SP aos poucos vão se pintando de negro desde o início da tarde de domingo, são os fãs do The Cult que se aproximam para a celebração dos 40 anos de banda, depois de quase oito anos longe dos palcos tupiniquins – a última apresentação da banda por aqui foi durante uma das noites do festival “São Paulo Trip”, ao lado de Alter Bridge e The Who, em setembro de 2017.

Numa grande sacada da casa, um bar foi montado de frente à entrada principal, bem despojado e ao mesmo tempo aconchegante, com pequeno palco onde várias bandas cover se sucedem e divertem o público que vai chegando e tomando uma cerveja – bem cara, diga-se. Outro ponto negativo: não se pode vender cerveja e não oferecer um banheiro aos usuários, grande bola fora. Vi grande quantidade de pessoas saindo do bar da casa e indo até a rua fazer fila no bar do outro lado da calçada para usar o banheiro, sem gastar um real no estabelecimento, que, gentilmente, autorizava.

Dentro da casa, merchandising oficial caríssimo, cerveja cara e quente, mas, quem está no rock and roll está acostumado com perrengue e o que interessa mesmo é o som, e isso promete ser do melhor.

Pontualmente às 20h00, o quarteto norte-americano BARONESS sobe ao palco após seis anos de sua estreia no Brasil e John Baizley (guitarra e vocal), Gina Gleason (guitarra), Nick Jost (baixo) e Sebastian Thomson (bateria) não decepcionam.

Baroness - Foto: Ricardo A. Flávio

Com 22 anos de carreira, cinco álbuns de estúdio, vários EP’s e participação nos maiores festivais de rock mundo afora, a banda fez um balanço de sua carreira em uma hora de show, bem recebido pela plateia, apesar de alguns insistentes gritos no fundo da pista de que o show poderia ser mais curto.

Foram dez músicas bem cronometradas, num show honesto, que se não empolgou a todos, afinal, era apenas a banda de abertura, não incomodou.

O público aguardou pacientemente os trinta minutos programados entre um show e outro, mas foi perdendo a paciência com o atraso e algumas vaias foram ensaiadas a cada nova música que o sistema de som da casa começava a tocar, mas, após mais 15 minutos as luzes se apagam e sob uma gravação de um som do compositor alemão Richard Wagner, John Tempesta (bateria), Charlie Jones (baixo) e os “sócios” Ian Astbury e Billy Duff sobem ao palco para deleite de todos os presente.

The Cult - Foto: Silvia Briani

O show começa com “In the Clouds”, faixa lançada como inédita na coletânea “Pure Cult – the Singles – 1984-95”, lançada em 2000, que é uma reedição com algumas modificações, da coletânea “Pure Cure – for Rockers, Ravers, Lovers, and Sinners”, de 1993. Se não é um grande clássico, o público não se importou e se entregou de corpo e alma a presença de palco de Ian Astbury, que, com quase 63 anos de idade, continua com a voz irretocável e dominando seu santuário, o palco.

Rise”, do disco “Beyond Good and Evil”, de 2001, empolgou mais, mas, foi com “Wild Flower”, do clássico álbum “Electric”, de 1987, que as bases tremeram e o público veio abaixo. Seja cantando, tocando pandeiro, pandeirola ou maracas, Ian Astbury tem o domínio das ações e leva o público para onde quiser, enquanto que Billy Duffy segue um guitar hero e tanto, riffs cortantes e corretos, solos bonitos e bem colocados.

O show continua com “Star”, do álbum “The Cult”, de 1994, seguida de “The Witch”, da coletânea de 1993, “Mirror”, do último disco da banda, “Under the Midnight Sun”, lançado em 2022 e “War (the Process)”, parte integrante de “Beyond Good and Evil”. Durante toda essa parte do show o público se manteve dançando, cantando e empolgando a banda, hora de retribuição: com a luzes sobre Ian e Billy, a banda executa uma linda versão do clássico “Edie (Ciao Baby)”, do não menos clássico álbum “Sonic Temple”, de 1989.

Ian Astbury - Foto: Silvia Briani

O show continua em alto nível e a banda descarrega o hit “Revolution”, de “Love” (1985) sobre a plateia, seguida de outra do “Sonic Temple”: “Sweet Soul Sister”. O jogo já está ganho desde o princípio, hora de voltar ao passado mais distante e trazem “Ressurection Joe”, do primeiro disco da banda, “Dreamtime”, de 1984.

O êxtase já é completo, e a primeira parte do show se encerra com uma trinca arrasa quarteirão: “Rain” (de “Love”), “Spiritwalker” (de “Dreamtime”) e “Fire Woman” (outro hit de “Sonic Temple”).

A banda faz a cena conhecida, sai do palco e retorna em seguida para o encerramento, começando com “Brother Wolf, Sister Moon”, do disco “Love”, quando o público retoma o fôlego para o final apoteótico com os dois mega-hits “She Sells Sanctuary” (“Love”) e “Love Removal Machine” (“Electric”). Palmas efusivas para a banda, quando Ian Astbury apresenta um a um os companheiros de banda, que vão saindo ao serem ovacionados, na ordem Billy Duffy, Charlei Jones e John Tempesta. Sozinho no palco, Ian ouve toda a plateia gritando seu nome, ele agradece, se ajoelha e reverencia seus fãs. Uma grande noite do mais puro rock and roll.

Billy Duffy - Foto: Silvia Briani

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

2 Comentários

  1. Eu e minha esposa estávamos no do Rio, a playlist foi a mesma!
    Eu dancei todas as músicas.
    Escuto the cult desde meus 10 anos , hj com 48 , fui ver O Cara!
    Deixei meu sangue no show em reverência ao culto!

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    1. Valeu a leitura e comentário, João!

      No Rio teve uma música a mais que em São Paulo, tocaram "Lúcifer", que aqui não teve!

      Abraço!

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