Por Bruno Eduardo
Acaba de sair no Brasil, Pequenas Vitórias - A verdadeira história do Faith No More, biografia que conta a trajetória de uma das bandas mais interessantes e influentes da história do rock. O livro, que saiu lá fora com o título de Small Victories - The True Story Of Faith No More, chega pela primeira vez em português. É importante frisar, que essa é a única biografia em português sobre Faith No More, e a única sobre a banda lançada no nosso país. Sendo assim, podemos afirmar que o lançamento dessa obra é um golaço da editoria Powerline, e da Heart Merch, que aceitou distribuir o livro por aqui.
Existia uma grande carência de alguma obra definitiva, que contasse a história desta banda. Principalmente do jeito que foi feito nesse "Pequenas Vitórias". A biografia escrita por Adrian Harte, traz as origens e toda evolução dessa que é uma das bandas mais importantes do mundo do rock. E isso foi contado de um jeito tão minucioso nesse livro, que impressionou os próprios integrantes do grupo.
"É um trabalho de qualidade. O cara pesquisou pra valer, e isso fica evidente. O livro me trouxe um bocado de revelações.. e eu faço parte da banda", afirmou o baixista Billy Gould, que inclusive é membro fundador do Faith No More.
Aliás, os integrantes da banda receberam rascunhos e a versão final, antes do livro ser publicado. Adrian Harte conheceu o grupo pessoalmente após a turnê de reunião em 2009. Naquela época, ele já tinha um blog sobre a banda. Com o passar dos anos, ele teve a ideia de montar essa biografia, e decidiu cavar fundo na história. Há relatos reveladores das origens do Faith No More, de como os integrantes se conheceram, o que faziam antes de tocar, e qual era a base familiar de cada um deles. Algo que nenhum fã nunca teve conhecimento público.
É um trabalho sujo, mas alguém tem que fazer...
Contar a história de uma banda como o Faith No More, não é uma tarefa que pode ser considerada fácil. Isso porque, o grupo não é conhecido por se importar com seu passado, e nem por gostar de expor suas crises. Eles sempre viveram de forma quase anárquica, dando de ombros para o sucesso ou para a fama. Além disso, eles nunca foram de se oferecer para a imprensa - muito pelo contrário, eles nunca se levaram a sério, a ponto de clamar por microfones aos quatro cantos para que as pessoas ouvissem suas opiniões. Então não dá para achar tantas entrevistas com o grupo, que não sejam aquelas protocolares encomendadas pelas gravadoras para divulgações dos novos discos. Então, esperar deles, nos tempos atuais, algum movimento de auto exaltação, ou auto explicação, por livre e espontânea vontade, está totalmente fora de questão.
Por isso, podemos dizer que Adrian Harte foi o cara certo, no momento certo. Pois contar a história de uma banda tão confusa internamente, só seria possível se fosse feita por alguém de fora, e que conseguisse ligar esses pontos perdidos de forma isenta, correndo atrás de cada passo necessário. Além disso, o melhor desse "Pequenas Vitórias", é que ele foi escrito por alguém que realmente sabia interpretar a alma do Faith No More do jeito que eles eram. Adrian Harte conseguiu isso de maneira irretocável. O autor, que seguia a banda desde 1990, quando foi conquistado por The Real Thing, sabia quais lacunas deveria preencher, e por isso mesmo, ele define essa biografia como um livro que a banda merece.
"É a história essencial do Faith No More. Uma das minhas motivações para fazer o livro foi o sentimento de que Faith No More foi largamente ignorado no rock, na música popular e até nos panteões do metal. O livro dá ao Faith No More o tratamento crítico profundo e sério que eles merecem", disse ao Rock On Board.
Biografia traz relatos raros dos integrantes
Para chegar no resultado final do livro, o autor Adrian Harte contou com a colaboração de alguns fãs e da própria banda, colhendo fotos raras, entrevistas de época e algumas várias horas de declarações e entrevistas dos próprios envolvidos na história. Ao todo, 45 pessoas foram entrevistadas e dos membros atuais, apenas Mike Patton não quis dar sua colaboração.
Adrian contou ao Rock On Board, que o baixista Bill Gould e o baterista Mike Bordin foram os mais solícitos, com mais de 20 horas de entrevistas e cedendo fotos raras. Mas afirmou também que o tecladista Roddy Bottum e o guitarrista Jon Hudson também ajudaram bastante a "clarear" os fatos.
"Billy Gould e Mike Bordin ajudaram imensamente em todo processo. Falei com cerca de 15 membros do passado e presente e todos ajudaram de alguma forma. Falei com alguns dos caras por mais de 20 horas de entrevistas, e Bill e Mike também forneceram fotos nunca antes publicadas. Bill até forneceu um endosso para a contracapa", disse.
Além de Patton, Jim Martin foi outro que negou-se a falar, mas indicou algumas entrevistas antigas para o autor tomar como base. Em contrapartida, Chuck Mosley, vocalista original do FNM fez questão de participar da série de entrevistas para o livro. Como Chuck faleceu antes do livro ser publicado, essa pode ser considerada a sua última contribuição para a obra da banda.
Uma obra necessária para entender a banda
As mais de 400 páginas de Pequenas Vitórias comprovam o quão singular era o Faith No More: uma banda que tornou-se grande no mundo inteiro após o lançamento de The Real Thing (1989), mas que nunca perdeu sua origem alternativa. Há várias histórias no livro que mostram a dificuldade do grupo em lidar com o modelo imposto pelo mainstream e sobreviver às diferenças pessoais entre eles. A biografia também deixa evidente como o grupo era fiel às suas intuições artísticas e inabalável em suas convicções como banda.
O autor também dedica boa parte da obra aos períodos de feitura dos álbuns, com uma grande variedade de detalhes sobre o que aconteceu nos estúdios e o que influenciou a banda nos períodos de produção. Tanto que há um capítulo específico sobre a criação do maior hit do grupo, "Epic", e um outro sobre "Midlife Crisis", com comentários dos integrantes e do produtor Matt Wallace. É interessante dizer também, que os relatos aparecem devidamente cristalizados pela opinião do autor e acompanhados por informações arquivadas sobre os resultados comerciais dos discos e suas turnês.
"Ouvir a história real de como Angel Dust foi gravado foi especial para mim, e juntar a história da separação em 1998 foi difícil, mas fascinante", confessou.
Outro bastidor com riqueza de detalhes, é o que envolve o primeiro término do grupo no final dos anos 90. A decisão não foi unânime, mas isso nunca foi declarado de forma pública pelos seus integrantes.
"Patton chegou na casa de Gould com uma garrafa de champanhe. Ele espocou dramaticamente a rolha e ofereceu aos colegas uma taça, declarando: "Caras, foi uma linda experiência". Bordin recusou-se a aceitar a taça. Bottum pegou uma, e Gould fez o mesmo, juntando-se ao brinde. Porém, o baixista do Faith No More aconselhou Patton a administrar a situação coletivamente, falando pra ele: "Vou lhe dizer uma coisa. Seja inteligente em relação a isso ok? Não abandone a banda" - o trecho acima aconteceu no capítulo que envolve a separação do grupo, em 1998.
Além disso, há também ótimos relatos para assuntos mais polêmicos - como a saída do guitarrista Jim Martin e a tensa turnê com o Guns N'Roses em 1992, no qual a banda conta o que rolou na reunião com Axl Rose e Slash dentro do camarim - e outros mais reveladores - sobre a decisão de voltar aos palcos em 2009 e um possível retorno aos estúdios em breve: "A história não terminou", garante o autor. Resumindo: Small Victories é o resumo mais digno e merecido que o Faith No More e seus fãs mereciam ter um dia.
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