30 de Novembro de 2024 fica marcado como o dia em que o BMTH recebeu seu diploma de condecoração do público Brasileiro. O vocalista, Oliver Sykes, não para de repetir: "Este é nosso maior show na história da banda", e comemora eufórico recorrendo o palco inteiro e a passarela central, múltiplas vezes como um gigante gladiador vencedor de batalhas.
O Bring Me The Horizon soube adaptar seu som a todas as tendências musicais, sempre reinventando o envoltório por cima de gritos, urros e breakdowns com beats eletrônicos, teclados, e afinações mais ligadas ao trap do que heavy metal.
A banda de Sheffield fez uma mutação completa durante os 90 minutos da sua apresentação unindo elementos metalcore, screamo e post hardcore. Talvez seja esse o definitivo chamariz da banda. O gênero não importa. É som extremo, contagiante e participativo.
Um show de efeito visual impressionante
Todos somos chamados a cantar, pular e gritar o tempo todo. Tudo fica mais fácil com as letras das canções por cima das imagens dos telões - praticamente stories das redes sociais incorporados à apresentação do show. E isso funciona de uma maneira impactante, colocando a apresentação ao vivo num patamar em que podemos pensar que tudo o que já vimos em shows ao vivo do Slipknot, Iron Maiden, Guns N' Roses ou Kiss sendo realizado aceleradamente e ao mesmo tempo.
Explosões, confete branco simulando neve, colorido em outro momento ou em formato de corações. Numa outra hora labaredas de fogo, colunas de fumaça, chuva de lasers, computação gráfica, lyric vídeos. Uma verdadeira montanha russa de emoções projetadas para sentir e absorver a mensagem da banda. Como numa espécie de "videogame", o show segue um roteiro em etapas ou fases que utiliza o setlist de 18 canções como trilha sonora ambientada.
O show começa sinfônico e apoteótico com "DArkSide" do album mais recente Post Human: Nex Gen e segue numa sequência de canções favoritas da plateia, que urra as letras de "Mantra", "Happy Song" e "Teardrops" numa verdadeira celebração eufórica.
Os recursos usados para a temática de cada número apresentado levam ao limites da percepção visual. Impactante, demolidor, impressionante, esmagador , tirânico. Não existe um limite de adjetivos para descrever o que está sendo apresentado pela banda do Ollie Sykes.
Um espetáculo visual moderno e interativo
Trabalho de computação gráfica constante e lyric videos por cima das filmagens fazem a experiência guiada como um verdadeiro filme de cinema. Modernizar o show de estádio ou arenas é algo que o BMTH faz com destreza. Às vezes uma verdadeira "rave" com chuva de raios lasers verdes, às vezes uma continuação em hologramas de algo parecido ao um spin off de Star Wars.
A turnê Nex Gen tem como ideal um mergulho no conceito da existência de um nova civilização. "YOUTOPIA". Nossa mestre de cerimônia é a EVE - uma espécie de atendente virtual ou inteligência artificial que faz a introdução pedindo gritos da plateia e perguntando pelas rodas de pogo.
No momento em que Ollie aparece com um sinalizador no palco, todos entendem que vai começar "Shadow Moses", assim como aparece no clipe da canção. A plateia já sabia e infiltrou de alguma maneira sinalizadores no estádio para acender também. Em vez de caos, uma celebração massiva.
Para surpresa de poucos, emendam o set com a faixa "quase Pixies da banda", chamada "n/A". A alegria é visível nos sorrisos estampados nos rostos de centenas de fãs na pista premium do estádio. Nas arquibancadas celulares iluminam o estádio, flash mob coletiva automática, usando o bordão atual: "é puro cinema", e estamos ainda na oitava canção da noite.
No meio da festa aparecem Di Ferrero e Mc Lan para cantar "Antivist" com o estádio lotado, efervescente e com a reverência de uma banda potente, agressiva e trincada, pronta para tomar posse do seu reinado no planeta Metal. As pedradas sonoras deixadas para o bis são escolhidas para deixar o fã de carteirinha e o novato que está vendo BMTH pela primeira vez viciado e querendo repetir a experiência com "Doomed", "Drowned" e finalmente "Throne". Fogos artificiais iluminam o estádio, mais confete, mais serpentinas, ficamos afogados em fumaça, papel, luz, pirotecnia e explosões.
Uma banda que define a renovação do metal
As definições da renovação do Metal como gênero das massas, há uns 20 anos batalha para sair da interrupção evolutiva criada por dogmas, costumes ou formatos de canções vindos de pré-conceitos ultra conservadores e sufocantes.
O Bring Me The Horizon representa a geração que influenciou muitas novas bandas como Sleep Token, Spiritbox, Knocked Loose, Poppy e tantos outros nomes que lotam arenas e criam o rejuvenescimento da estética sonora do que é considerado música pesada.
Para colocar quase 50 mil pessoas dentro do Allianz Parque em plena época de festivais, o Bring Me The Horizon chamou The Plot In You, pela primeira vez na América do Sul , assim como a banda canadense, duas vezes indicada ao Grammy, Spiritbox e o Motionless in White ( há nove anos sem tocar no Brasil). Um pacote de peso para enfrentar line-ups do Knotfest e estreias da nova formação do Linkin Park.
Quem realmente ganhou foi o público de São Paulo que indiretamente em 45 dias presenciou cinco noites de metal renovado, rejuvenescido e moderno com todas as adaptações viáveis que os últimos 25 ou 15 anos de híbridos e experimentos músicas criaram no cenário mundial.
Um final com emoção e direito a homenagem
"GRATIDÃO" foi a palavra escolhida pelo vocalista para despedida. "Nunca achei que fosse ficar apaixonado por um pais inteiro. Eu tenho CPF. O nosso maior show ser aqui no Brasil é muito especial. This Song is for Pedro", grita Oliver já no fosso abraçando a plateia da grade que o fotografa, abraça, chora e filma o momento em "Drown" .
Pedro Miranda, um fã carioca, que faleceu de câncer e esteve com a banda no show da Jeunesse Arena de 2022 no Rio de Janeiro. O fã-clube BRMH Brasil idealizou uma homenagem soltando balões brancos. Intimista mesmo num estádio com mais de 42 mil pessoas, que com certeza trarão seus colegas, amigos e familiares para a próxima apresentação do Bring Me The Horizon no Brasil.
Repetindo: a experiência de assistir ao vivo a turnê "GEN Nex", cria um êxtase viciante, capaz de converter até mesmo quem nunca viu ou ouviu falar do Bring Me Horizon na vida.
Até agora eu fico sem acreditar que pude presenciar esse show. Até agora as lágrimas enchem meus olhos vendo os vídeos gravados pelo celular, foi de longe a melhor noite que tive
ResponderExcluir