Sleaford Mods empolga e faz dançar em sua estreia brasileira!

Foto: Ricardo A. Flávio

A produtora Maraty, capitaneada pelo jornalista André Barcinski em parceria com o produtor Leandro Carbonato, deu um tiro certeiro: trazer a improvável “não banda” SLEAFORD MODS para este show em São Paulo empolgou demais um bom e diverso público – que tinha punks, rockers, clubbers, num horário de matinê, no feriado sem graça deste sábado chuvoso de finados. A produtora trouxe recentemente gente como o excelente duo Hermanos Gutierrez, L7, Black Flag, Lightning Bolt, dentre outros, e já tem programados para 2025 shows com Vapors of Morphine e Mudhoney.

Pontualmente às 18h00 o BLACK PANTERA, a “bola da vez” do rock nacional, e que virou figura obrigatória nos grandes shows de rock pelo país, subiu ao palco para iniciar a música desta noite, e, como de costume, mandou muito bem em mais uma das apresentações da turnê de lançamento de “Perpétuo”, seu último disco, sem dúvidas, um dos melhores do ano. O repertório dos meninos de Uberaba – MG, Charles, Chaene e Rodrigo, fez um balanço dos 10 anos da carreira da banda, da abertura do show, com “Provérbios” ao encerramento com “Revolução é o Caos”. O show do Black Pantera é sempre efervescente e linear, mantém um alto padrão do começo ao fim, mas, se posso destacar algo, a execução de “Fogo nos Racistas” sempre é especial, quando o vocalista Charles Gama pede para todo o público se abaixar enquanto manda lá do alto “Fogo nos racistas / fogo nos nazistas / fogo nos fascistas / fogo nos machistas”. Essa rapaziada ainda vai muito mais longe, tem carisma, simpatia e talento de sobra.

Foto: Ricardo A. Flávio

Intervalo curto, ouvindo muito hip hop e com zero de frescura, nem fecharam as cortinas para desmontar o palco do Black Pantera e preparar toda a “estrutura” do SLEAFORD MODS: uma mesa para apoiar o notebook do produtor e beatmaker Andrew Fearn, que andava pelo palco e até se assustou quando a plateia o viu ajeitando o computador e começou a gritar, fazendo-o acenar timidamente, um ventilador e o pedestal com o microfone do vocalista Jason Williamson e nada mais!

O show teve início às 19h15 com “UK Grim”, faixa título do último álbum do duo inglês, o 12º em 17 anos de carreira. A animação é impressionante: Andrew Fearn “dá o play” em seus loops e batidas e passa a dançar insanamente de um lado ao outro do palco, como se vivendo em seu mundo particular, sem se importar com o que acontece em volta, enquanto isso, Jason Williamson declama suas letras de protesto de forma agressiva, com uma atitude totalmente punk, por vezes, lembra John Lydon (ou Johnny Rotten), vocalista dos Sex Pistols / PiL.

A plateia pula incansável, por vezes, formam-se rodas de pogo e no palco, Jason parece bem contrariado e irritado com algum problema em seus fones de ouvido. Andrew segue pulando e agitando sem parar um segundo. Mesmo irritado, Jason dança um tanto desengonçado, faz caras e bocas, provoca, urra, cospe e manda seu recado. Em breve intervalo, tira o celular do bolso, diz algo no aparelho, o coloca no microfone e o “Google Tradutor” explica: “me desculpem por eu estar irritado, meus fones de ouvido quebraram e paguei muito caro neles”.

O show se desenvolve em alta temperatura, o público da frente está alucinado e se envolve com os loops e beats programados por Andrew e a poesia cáustica despejada pro Jason vindos do palco, e lá no fundo, o povo curte o som tomando uma cerveja, batendo papo e muitos tirando selfies com os sempre solícitos rapazes do Black Pantera que estão ali na banca de merchandising.

O repertório é longo, em uma hora e meia de show, são 26 canções executadas, que fazem um balanço da carreira do duo, com direito a cover do Pet Shop Boys, com “West End Girls”, e sucessos da dupla, como “Nudge It” e “Tweet Tweet Tweet”, que encerra o bate estaca. Um show diferente do que estamos acostumados, mas muito divertido e com bastante atitute. Talvez faltassem “aditivos” a este senhorzinho que vos escreve, que achou tudo meio cansativo - comentei com um velho amigo que encontrei na pista: "é tudo bem legal, mas, sinto que estou ouvindo a mesma música há uma hora", mas, valeu a pena.

Foto: Ricardo A. Flávio


Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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