Após três anos do seu último álbum de estúdio, The Offspring lança o bom Supercharged, décimo primeiro de estúdio da banda. Em uma mistura de melodia, intensidade e explosão, o álbum traz dez faixas que passeiam por diversas fases da banda do sul da Califórnia. Produzido pelo veterano Bob Rock - que trabalhou com bandas como Metallica e Aerosmith -, o disco traz The Offspring em toda sua essência punk-rock, mas com pitadas interessantes de hard rock em algumas faixas.
Ninguém melhor que Dexter Holland, vocalista e fundador da banda, para sintetizar em palavras o significado do novo álbum: "O título ‘SUPERCHARGED’ certamente resume bem o mundo atual, onde todos parecem estar animados na vida real e nas mídias sociais”, diz, "Mas também se refere ao som ao som de alguns dos meus discos favoritos, do AC/DC à Operation Ivy. Seja musicalmente ou culturalmente, essa palavra atinge você de uma forma muito visceral", completa.
Abrindo com "Looking Out For #1" traz uma pegada presente na maioria das fases da banda, com muito punk e hard core californiano presentes, mas já flerta com uma característica presente em boa parte do disco, que são guitarras mais pesadas.
Já "Light it Up" é melhor sintetizada nas palavras do próprio Dexter: "'Light It Up' é um rolo compressor. O personagem está farto, ele já teve o suficiente e está pronto para a luta”, diz Holland. “Quando criança, algumas das minhas músicas favoritas eram de bandas punks que diziam: 'Estou farto da sua merda', mas que também estavam tentando mudar as coisas para melhor. Essa é a mensagem de 'Light It Up': Você está farto e quer fazer algo a respeito”, explica.
"Make it All Right" é uma candidata a hit, pois tem características de sucessos marcantes como "Come Out and Play" e "Pretty Fly", principalmente por ter um refrão falado, onde uma voz feminina declara: "Tudo o que eu quero fazer é voar para longe com você”. Dexter diz “Eu vejo essas partes faladas como uma espécie de ganchos musicais. Uma voz nova pode colocar uma música em uma zona diferente e, especialmente em 'Make It All Right', eu pensei que essa voz específica em particular era a certa para ela”. A música é sobre um cara cuja namorada o lembra de que tudo vai ficar bem. Mas ela não é fácil — em um verso, ela diz a ele: 'Just suck it up! (Apenas engula isso!). Ele gosta disso”.
Já em “OK, But This Is the Last Time”, a banda retorna à noção familiar de ser um otário. “Noodles chama essa música de 'Self Esteem Part Two'”, diz Dexter aos risos. Embora a temática seja do clássico citado, melodicamente a música tem uma pegada adolescente e bem agradável, bem diferente de "Self Esteem" e, em outros tempos, certamente seria um grande sucesso radiofônico.
O destaque do disco, principalmente para nós brasileiros, é "Come to Brazil". Com uma introdução digna dos clássicos do hard rock oitentista, a homenagem feita aos fãs brasileiros mistura diversas influências, uma verdadeira miscelânea bem feita, que apresenta guitarras pesadas, gritos sobre os costumes brasileiros e um entusiasmado canto de arquibancada, mas sem perder a identidade musical da banda. Holland faz uma brincadeira com um comentário que os músicos ouvem e leem nas redes sociais sempre que anunciam uma turnê (Venham ao Brasil!!!)". Holland a considera uma carta de amor aos fãs sul-americanos. “O Brasil realmente se destaca. Tem entusiasmo e paixão e é um lugar incrível para tocar”, ele diz. “Espero que os fãs façam dessa música a sua própria música.”
"The Fall Guy", "Truth in Fiction, "Hanging By A Thread", "Get Some" e "You Can't Get There From Here" são bons complementos para o álbum, mas nada muito diferente do que ouvimos durante a carreira deles, com menção honrosa, mais uma vez, aos pesos de guitarras adicionados em algumas dessas faixas.
Sobre as letras das músicas do álbum, Dexter declara: “Uma das coisas legais sobre música e letras é que elas devem estar abertas à interpretação”, ele diz. “Escrevi algumas músicas que são muito mais uma história real, como ' Self Esteem', mas gosto do fato de que essa música pode ser interpretada de diferentes maneiras. Pode ser sobre sua namorada ou seus filhos tendo um colapso, e isso faz parte da diversão.”
Supercharged é realmente repleto de energia, marca registrada da banda, e traz um traço interessante de pesos de guitarra em várias faixas. Tem mensagens diretas, em linha com os anseios da sociedade atual, que está cheia de energia criativa, ao mesmo tempo exigindo mudanças, mas estagnada e perdendo tempo em redes sociais. Que essa energia desperte os ouvintes do álbum a tentarem mudar os cenários caóticos que estamos vivendo.