A banda carioca Mokambo acaba de lançar o seu primeiro disco full. Com influência sonoramente confessa no blues rock, o grupo apresenta aquela cartilha básica funcional do estilo, com guitarras muito bem tocadas, harmonias levadas pelo feeling e letras que parecem fazer sentido para qualquer pessoa de coração quente. Mas o que mais chama a atenção no disco de estreia da banda, de forma positiva, é que ele soa convidativo ao amante de boa música, soando agradável em qualquer estação ou faixa do tempo.
O álbum abre de forma certeira. "Tudo que Há de Mais Bonito", faixa-título do disco, é um rockão pra cima, que te convida a querer ouvir o play no mais alto volume, de janela aberta para o mundo. Vale destacar, que essa é também a canção mais pesada desse trabalho, com riffão e bateria firmes, vocal enérgico e letra que convida a parar de perder tempo esperando e viver a vida o quanto antes.
Na continuidade, a dobradinha "Daquilo Que Não Me Pareço" (que conta com a participação de João Fera, tecladista dos Paralamas do Sucesso) e, principalmente, "Cores Pra Você", caminham para algo mais melódico, com upgrade importante de cordas divinamente bem inseridas e um solo de gaita rasgado. Salta aqui aos ouvidos também, a incrível semelhança no timbre de voz de Bruno Leiroza, com Frejat. E essa referência vocal aparece ainda mais forte em outras faixas, especialmente em "Você Bem Sabe", que remete inclusive, à fase solo do ex-Barão Vermelho. Atente também ao solo tirado lá do fundo da alma, do bom guitarrista, Leo Ventura.
No meio do álbum, "Um Milhão de Anos" expõe a maior tendência sonora do Mokambo: o blues. A levada arrastada da bateria nesta canção com o baixo fraseado de Budah Marcio, quase entrega o jogo. Mas o estilo vem escancarado mesmo, é na excelente "Nada Dá Certo" - essa sim, um bluesão assumido com todos os ingredientes necessários para a receita. Na verdade, é caminhando nessa trilha do blues que o grupo parece se sentir mais à vontade para se expressar, e onde acerta no alvo mais vezes nesse conjunto de onze faixas.
O disco segue um caminho mais tranquilo na parte final. "Sem Conserto" é uma peça folk, praticamente desplugada, com slides, e detalhes percussivos para marcar território. Já "Próximo Inverno", que fecha o disco, é quase uma serenata de despedida, com cordas no fundo para enfeitar a obra, que precisa ser conferida com calma o quanto antes. Totalmente indicado.