Antes
do apedrejamento público e do ataque de pelanca por parte dos fãs mais
dodóizinhos, aqueles que não admitem qualquer tipo de crítica, ou comentário
não elogioso aos seus ídolos, eu digo que sou profundo admirador do DEEP PURPLE,
que é uma das mais importantes bandas do rock mundial em todos os tempos e, ao
lado de BLACK SABBATH e LED ZEPPELIN, forma a tríade essencial para a
popularização do que veio a ser chamado de heavy metal, vertente do rock
derivada do blues e que foi sendo criada a partir da segunda metade da década
de 1960, por gente como THE BEATLES (antes de outro ataque, ouça atentamente “Helter
Skelter”), THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE, CREAM, BLUE CHEER, IRON BUTERFLY,
dentre outros.
E
que fique muito clara uma coisa, dizer que “Perfect Strangers”, o disco lançado
em 29 de outubro 1984 e que está completando 40 anos, foi o último trabalho genuinamente
relevante do Deep Purple não significa dizer que os 12 álbuns lançados depois
disso são ruins, pois não são (quer dizer, alguns são sim, muito ruins), mas, afirmo que são todos desnecessários, não acrescentam nada a carreira da banda. Os nobres senhores se
acomodaram, sentaram no saco e não conseguiram criar algo que arrepie, finque
estacas e se tornasse essencial – em boa parte do tempo parecem cover de si
mesmos, que é algo que talvez se explique em razão das mudanças de formação da
banda, em particular duas, as saídas do genial, e mala sem alça, Ritchie Blackmore e Jon Lord, as almas
criativas do Deep Purple.
Fato
incontestável, a banda mantém hoje a presença importante e essencial de três membros
antigos, que são o vocalista Ian Gillan, o baixista Roger Glover e o baterista Ian Paice. Outro fato incontestável, os músicos que entraram na banda em
substituição a Ritchie Blackmore, que foram Joe Satriani, depois Steve Morse,
que ficou quase 30 anos no emprego e atualmente Simon McBride, são todos
excelentes, dois deles acredito que até melhores que Blackmore, bem como Don
Airey, tecladista que substituiu o maestro Jon Lord, é excepcional. Porém,
nenhum deles jamais impôs seu estilo, se mantiveram por todo o tempo dedicado
ao Deep Purple como SUB, e nada além disso, por mais que os mais antigos os
identifiquem como membros da banda, eles permanecem como meros substitutos.
Fazem shows excelentes, reproduzem nota por nota tudo o que a banda já gravou
desde 1968 e chega. Nunca mais se ouviu um solo criativo de órgão Hammond ou um
riff de guitarra da banda ficou na história, isso, era o trabalho de Lord e
Blackmore, sem eles, restou o “cover oficial”.
Destilado
todo o veneno deste que vos escreve, vamos falar do que me dispus a fazer:
“PERFECT STRANGERS”. O álbum marcou a volta triunfal da banda com sua formação
mais clássica e bem sucedida – a comumente chamada MARK II (ou apenas MK II),
composta por Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Roger Glover, Jon Lord, e Ian
Paice, que estava separada desde 1973, e isso após um hiato de 8 anos da banda,
que entre 1973 e 1976 experimentou outras formações, quando lançaram três
álbuns, o fantástico “Burn” (1974), e também “Stormbringer” (1974) e “Come
Taste the Band” (1975), que contaram com David Coverdale, nos vocais, Glenn Hughes,
no baixo e segunda voz e o guitarrista Tommy Bolin, este apenas no terceiro, bom e
pouco falado álbum.
Durante
o hiato da banda, entre 1976 e 1984, os membros da consagrada formação estiveram emprestando seus
talentos em outras frentes: Ritchie Blackmore e Roger Glover estavam no Rainbow,
Ian Gillan teve uma breve passagem, com um álbum gravado pelo Black Sabbath, o "Born Again", de 1983, Jon Lord fez companhia
ao ex-vocalista do Purple em seu novo grupo, o Whitesnake e Ian Paice emprestou
suas baquetas à banda de apoio do guitarrista Gary Moore.
O
disco segue com “Under the Gun”, faixa que era para ser o primeiro single do
álbum, mas que teve clipe só liberado muitos anos depois, em 2016. Logo após, “Nobody’s
Home”, única faixa creditada a todos os membros da banda, como era a vontade de
Gillan e Glover – todas as outras são creditadas a Gillan, Blackmore e Glover,
um velho problema dentro da banda, resolvido apenas após a definitiva saída de
Blackmore, já em 1993.
“Mean
Streak” mantém o nível do disco, com bons solos, riffs e vocal rasgado e finaliza
bem o lado 1 do LP. O lado 2 abre no melhor estilo, com a faixa título, “Perfect
Strangers”, um clássico absoluto, perfeita da abertura com o órgão soturno de
Jon Lord e o riff pesado de Blackmore ao final. Uma curiosidade é que quando
lançada como single teve a faixa instrumental “Son of Alerik” como Lado B, que
ficou fora do disco e apareceu apenas anos depois, como bônus na versão em CD
do álbum, em 1999.
Passados
dois anos, a banda ainda gravou outro disco de estúdio com essa formação, o “The
House of Blue Light”, que não é ruim, mas, como tudo o que veio depois, nunca
mais levou o Deep Purple ao topo do mundo – depois disso Gillan saiu, Blackmore saiu, Gillan voltou, Lord saiu, Lord morreu, e a banda permanece fazendo shows lindos por todo o mundo, mostrando seu legado de quase 60 anos de história, mas gravando discos que não dizem nada. O que é um direito deles... mas... Ces’t
La vie.
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Deep Purple
Muitas saudades desse tempos! A molecada sempre perguntava: quais são suas bandas preferidas? Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin! Do Purple não podia faltar Fireball, In Rck, Who dotou Think you are
ResponderExcluirQuantas saudades desse tempo, quando a molecada perguntava : qual sua banda favorita? A resposta estava pronta ! Black Sabbath, Deep purple e Led Zeppelin, ou podia ser o Gênesis, Humble pie ou Frree e os mais velhos Beatles é Rolling Stones, Era tanta coisa legal que você esquece o Pink Floyd, o Iron, o Judas dentre outros. Nesse cenário é lançado Perfect Strangers e logo seu álbum da turnê. Absurdo! É “viajeira” é sonho. O resto o Ricardo já falou. Bota a Bolacha aí pra rodar e vai tomar um chá!
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