Olá Richie, é um prazer estar aqui com você. Acho que a grande novidade é que você tem o novo álbum chegando em algumas semanas. Você pode nos contar um pouco sobre este novo projeto?
Sim, é ótimo! Estou muito feliz com o álbum e a BMG tem feito um trabalho fantástico organizando tudo para mim. E é maravilhoso ter um parceiro. Você sabe, por anos eu tenho feito tudo meio que sozinho, então é bom poder agora apenas focar na música, com todo resto sendo cuidado por alguém. Isso tem sido muito bom. E o incrível disso é que eu não sabia que isso ia acontecer dessa maneira. Quando eu fiz o álbum, eu o fiz para mim, era algo que eu tinha feito para mim e eu iria lançá-lo sozinho. Eu tinha tudo produzido e pronto para ser lançado e, de repente, eu descobri que eles [BMG] estavam interessados em lançá-lo. E aqui estamos, então é perfeito. É o melhor dos dois mundos, pois eu tenho um grupo de pessoas me ajudando na gravadora e tenho um álbum que eu queria fazer. Então é realmente perfeito, isso é realmente muito bom.
Você é muito conhecido por sua voz e por suas incríveis habilidades na guitarra. Mas algo muito interessante sobre este álbum é que não foi apenas escrito e gravado por você, mas você tocou quase todos os instrumentos nas faixas, certo? Como você conseguiu fazer isso?
Sim, é o que eu tenho feito. Você sabe, eu começo a trabalhar em uma música e todas as minhas coisas estão ali configuradas, prontas para uso, e antes que eu perceba, a música está pronta e, sabe, eu a escuto e soa muito parecido com o que eu imaginei, está feita, e acaba que eu sou o único cara envolvido. Eu nunca penso em fazer as coisas assim, eu nunca sento e penso “bem, eu vou fazer isso e ninguém está permitido a trabalhar comigo”, realmente não funciona assim, essa não é a atitude, mas o que acontece é que eu entro em um papel, em um modo criativo, e uma coisa leva a outra e de repente aqui estou eu com um trabalho acabado. Isso não quer dizer que eu não trabalho com pessoas, porque eu obviamente eu trabalho, eu tenho uma longa história de trabalho com pessoas, mas é algo que é muito fácil para mim, parece muito natural. E estou feliz com os resultados que obtenho.
Isso é muito legal! As faixas do novo álbum refletem muito o seu estilo, mas, desta vez, é possível ouvir algumas músicas diferentes, mais pesadas. Como foi seu processo criativo para criar esse álbum? Quais foram suas influências para criar essas novas músicas?
Bem, as ideias de músicas vêm em momentos diferentes, quando você menos espera. Eu estava falando antes sobre a música “This Is A Test”. Eu estava literalmente testando meu laptop para ver se eu poderia gravar meu violão e minha voz ao mesmo tempo, porque eu estava indo para uma viagem e eu queria poder trabalhar em alguma música, em ideias que eu tive. Então eu estava dedilhando o violão em minha mente, dedilhando alguns acordes, cantando uma melodia aleatória, e de vez em quando eu cantava “this is a test” [“isso é um teste”] e, quando fui ouvir aquilo, eu fiquei tipo “uau, isso soa como uma música!”. Então eu me sentei com caneta e papel, comecei a escrever palavras e de repente, antes que eu percebesse, eu tinha uma música escrita. Algumas das outras músicas vieram até mim, literalmente durante o meu sono, eu ouvi uma melodia e eu meio que me forcei a me levantar e escrever. Para outras músicas, eu tinha um riff de guitarra e eu gravei isso e então ouvi uma melodia vocal. Então a questão é que todas essas coisas acontecem em momentos aleatórios, as influências não são realmente claras, as ideias vêm do nada e esse sempre foi o meu processo. Eu não gosto de questionar muito as coisas, eu considero como um dom, se eu tenho uma ideia, não necessito saber de onde ela vem, eu só quero trabalhar em cima dela e, com sorte, desenvolver algo com isso.
Claro! Nós podemos ver influências de diferentes estilos musicais em suas músicas e sabemos que você tocou com algumas bandas muito conhecidas, como Poison e Mr Big, e também colaborou com alguns outros grandes artistas. Como isso afeta seu processo criativo?
Acho que sua experiência de vida influencia, é normal para mim. Cresci no nordeste da Filadélfia, então fui exposto a um certo tipo de música que era popular lá. Meu primeiro show foi do Stevie Wonder e cerca de um mês depois foi do George Benson, então sinto que minhas raízes estão em algum lugar aí. Isso está realmente no cerne do que faço. Mais tarde na vida, fui ao meu primeiro show de rock, que foi do Iron Maiden, então isso me levou ao Black Sabbath, Iron Maiden e Ozzy, sabe, e isso trouxe o lado mais pesado do que faço. Mas sempre sou trazido de volta para esse tipo de soul music, como Sam and Dave ou Curtis Mayfield, obviamente Stevie Wonder. Eu sinto que essa influência está realmente no cerne de tudo que eu faço, mesmo se eu fizer algo pesado, mais rock, eu ainda sinto mais essa influência do que qualquer outra.
Isso é muito legal! E há quanto tempo você está trabalhando neste novo álbum? Quanto tempo levou para produzi-lo?
Bem, é difícil dizer, porque algumas das músicas foram finalizadas há alguns anos. A música "Nihilist" e a música "Nomad" já existem há alguns anos e eu realmente não sabia como e quando queria lançá-las, mas uma vez que escrevi "Cheap Shots" e comecei a ter outras ideias, começou a fazer sentido para mim como essas duas músicas poderiam viver juntas no mesmo álbum, sabe? E uma das coisas em que pensei foi em alguns dos álbuns que eu lancei quando era jovem. Eles não tinham muitas músicas, eram sete, oito, nove músicas, a média seria talvez oito ou nove, então eu pensei, “bem, diferentemente do meu último disco, "50 for 50", que tinha 50 músicas, talvez eu não precise lançar 50 músicas, talvez eu possa ser mais “old school” e lançar oito ou nove músicas e fazer com que seja tratado mais como um álbum, que seria muito parecido com o que eu cresci ouvindo, sabe, um lado A e um lado B”. Então é por isso que esse álbum é assim e eu acho que flui muito bem ouvindo.
Isso é muito legal. Uma das músicas do novo álbum é "On the Table" e ouvi dizer que tem uma história legal por trás dela que eu sei que o público brasileiro gostaria de saber.
Certo. Então, eu tinha feito essa música sem uma letra e a gravei. Eu estava cantando palavras aleatórias e apenas fazendo sons. Em algum momento eu cantei "the book is on the table" no final da frase, porque fazia sentido naquela parte contra a música. Mas, naquele momento, nada fazia sentido, porque eu não tinha outras palavras. E então eu me lembrei dessa frase, quando meu sogro veio aqui e era uma das únicas coisas que ele sabia dizer. Ele obviamente fala português, e ele disse que no Brasil, quando você faz aula de inglês essa é uma frase que eles ensinam. Então quando eu cantei isso, eu imediatamente comecei a rir, eu pensei que era meio engraçado. Eu pensei, “bem, como eu posso escrever uma história em torno dessa frase?” Agora, a música não tem nada a ver com meu sogro, nada além daquela frase e ele me dizendo que essa foi uma das primeiras coisas que ele aprendeu em inglês. Eu criei um conceito inteiro, inventei um cenário e escrevi sobre ele. Então aí está, foi assim que tudo aconteceu.
Incrível! E você está começando uma turnê esta semana, certo? Você está trazendo algumas músicas do álbum para ela ou planejando fazer uma turnê com ele?
Vamos tentar tocar essa música [“On the Table”] e “Cheap Shots” e, claro, certas músicas do passado que as pessoas querem ouvir estão sempre no set. Acho que vai ser uma turnê divertida. Uma das coisas que mais aguardo é a improvisação que a banda faz. Sabe, temos seções em que eu realmente não sei o que vai acontecer e isso é parte da diversão e acho que é algo que faz as pessoas irem a mais de um show. Mesmo que elas vejam o mesmo setlist, as músicas nunca são as mesmas, sempre acontece alguma coisa, uma pequena reviravolta. Então acho que isso se torna interessante, especialmente para mim, porque sei que tenho a oportunidade de ser diferente de uma noite para outra.
Sim, isso é algo que notei nos shows que vi este ano: embora algumas partes fossem semelhantes, percebe-se algumas mudanças no setlist e músicas diferentes. Como você escolhe as músicas que você coloca no setlist?
Depende muito do que será melhor traduzido em um formato de power trio, porque somos apenas três e algumas músicas que gravei na minha vida exigem mais instrumentação, então nem me preocupo em tentar tocá-las ao vivo. Outras músicas são muito bem traduzidas como um trio e essas são as que eu escolho, então meio que se encaixam dessa forma.
E você está planejando trazer a turnê para o Brasil?
Espero que sim. Ainda não tivemos essa conversa, mas seria fantástico, especialmente agora que não toco por lá há um bom tempo como artista solo, e tendo um novo disco como esse, seria um ótimo momento. Então, espero que no ano que vem eu possa fazer uma viagem para lá.
Isso é incrível, esperamos que dê certo. Muito obrigado, Richie, pelo seu tempo. Foi muito bom conversar com você.
O prazer é meu.
“Nomad” será lançado nos formatos CD, vinil padrão preto e em todas as plataformas digitais no dia 27 de setembro.