'Perpétuo', o aguardado novo disco do Black Pantera ganhou o mundo

Foto: Marcos Hermes
Black Pantera
Perpétuo
⭐⭐5/5
Por  Ricardo Cachorrão Flávio 

Dez anos de BLACK PANTERA e o presente quem ganha somos todos nós, que apreciamos boa música: Perpétuo chegou e já adianto aqui, estará em todas as listas coerentes de “melhores discos do ano” de 2024. E ainda não chegamos ao meio do ano, mas isso já é uma certeza. É um petardo do início ao fim.

Depois de dois anos em turnê ancorados pelo excelente disco Ascensão (2022), além de inúmeros outros singles lançados e um EP – Griô (2023) -, também ótimo, shows nos maiores e mais importantes festivais do país, shows no exterior, chegou a hora de um novo full length. E não economizaram, Charles, Chaene e Rodrigo geraram este Perpétuo, um álbum com a mesma energia já velha conhecida da banda, mas, mais madura, com novas influências e sonoridades, e acertaram em tudo.

E o recado começa a ser dado antes mesmo de o som começar - a belíssima capa foi inspirada em icônica foto dos Panteras Negras, feita por Pirkle Jones nas escadarias do Tribunal da Corte de Oakland, em julho de 1968, durante manifestações para a libertação de Huey Newton, um dos fundadores do partido -. O Black Pantera é engajado e ensina.
 
 
O disco abre com “Provérbios”, primeiro single divulgado e uma cacetada engajada como sempre, onde a rapaziada lembra dos hermanos latino-americanos e soltam o grito revolucionário dos afro-latinos. Na sequência a faixa título, “Perpétuo”, que mostra bem o novo direcionamento do som da banda, continuam pesados, mas mais limpos, porém incisivos na mensagem, como de costume.

“Boom!”, porrada nervosa com o bate-estaca Rodrigo Pancho muito bem acompanhado do suingue do baixo de Chaene da Gama e a voz rasgada do “Charlim” (Charles Gama), é música para a roda abrir e o pogo comer solto.

Chaene da Gama fez uma homenagem à Dona Guiomar, sua mãe. E daí chegamos em “Tradução”, talvez a mais bela das canções dessa rapaziada uberabense, e é emocionante. E como o menino Chaene está cantando bem – que pegue gosto pela coisa e continue assim, duetos com a voz rasgada do irmão Charlim caíram muito bem na banda.
 
 
E a suingueira vem pesada no começo da faixa seguinte: “Fudeu”! Baixo instigante e o rap bem colocado por Charles até a desgraceira começar no refrão. “Promissória” vem colada e não deixa a peteca cair, com destaque para o bom trabalho percussivo.

“Candeia” abre o Lado B do disco e impressiona com a batida tribal e pulsante e novamente com Chaene na voz principal, outra bela canção, com letra excelente, propondo reescrever a história. “Black Book Club” tem um Charlim endiabrado encarnando um Jimi Hendrix mineiro em outra canção forte – como é padrão dos caras.

“Sem Anistia” é um hardcore nervosíssimo, narrando a frustrada tentativa de golpe de estado no Brasil, em oito de janeiro de 2023. “Mahoraga” segue no mesmo nível e vem seguida de “Mete Marcha”, outra porrada.
 
 
O álbum chega ao final com “A Horda”, praticamente um thrash metal, avassalador, terminando um disco absurdo em grande estilo.  Produzido por Rafael Ramos, Perpétuo traz uma banda no auge, ditando as regras e mantendo a mesma simplicidade e carisma que sempre a marcou. O Black Pantera é uma banda acessível, que dá uma atenção extrema às suas redes sociais, tratam os fãs com respeito e carinho e tocam com o mesmo tesão no palco do Rock in Rio ou em qualquer bar pequeno e enfumaçado no interior do país. Chegaram ao topo, sem estrelismo, sem cu doce e tem um futuro imenso adiante! Força sempre para Chaene, Charlim e Pancho – o Black Pantera está com tudo!

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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