IDLES abre o coração em álbum definidor e sincero

IDLES

TANGK
⭐⭐⭐✰4/5
Por  Bruno Eduardo 

Quando você pensa nas melhores bandas da nova geração, o IDLES é nome certo nessa lista. Este quinteto britânico representa o que existe de mais espontâneo no rock atual. Eles são barulhentos, viscerais e assustadoramente afiados em seus temas. 

Após lançar uma trilogia necessária para qualquer mortal (Brutalism, Joy As An Act Of Resistance e Ultra Monoo grupo de Bristol decidiu dar uma nova amostra de seu cardápio em CRAWLER, lançado em 2021. Após esse trabalho, a barulheira desenfreada dos primórdios deu lugar ao início de uma fase sonora que chega lapidada em TANGK, álbum que pode ser considerado o definidor do que é o grupo nos dias de hoje.

O disco abre com um faixa que sintetiza bem a nova fase dos britânicos. "IDEA 01" introduz o álbum de forma crescente, levada por uma batida de bumbo marcante e muitas teclas de piano. A voz de Joe Talbot é serena e lembra os momentos mais sentimentais de Chris Martin. Por falar nisso, assista o clipe de "Grace", e veja que a referência com o vocalista do Coldplay não é uma coincidência. "Gift Horse" que vem em seguida, é mais estilo ao que estamos acostumados a ver da banda em cima do palco. Permeada por um baixo poderoso de Adam Devonshire e guitarras estridentes, a letra fala da experiência amorosa de Talbot com a paternidade, de uma maneira que só ele conseguiria expressar. 

"Dancer", liberada antecipadamente para divulgar o disco é certamente uma das melhores deste novo registro de estúdio. Levada marcante, vocais que berram e se expressam da maneira que o vocalista ensinou ao mundo. A faixa conta com as participações de James Murphy e Nancy Whang do LCD Soundsystem, que fazem os vocais de apoio.
 
 
O grupo que ganhou notoriedade por suas apresentações incendiárias e igualmente barulhentas, tem em TANGK uma espécie de expansão sonora e pitadas de leveza. A doçura de "A Gospel" é o maior contraste ao rock esporrento e amalucado que caracteriza o som deles. "Grace" também, só que com raízes idlenianas entranhadas em barulhos que vão se revelando no decorrer da canção.

As muitas facetas encontradas no disco, resultam em drops esquizofrênicos que deixariam Wayne Coyne orgulhoso. Aliás, ouça "POP POP POP" e encontre toques de Flaming Lips e outras bandas igualmente introspectivas do rock alternativo. Há também o destaque para as letras, que aparecem ainda mais profundas nesse novo trabalho. Em "Roy", Talbot fala sobre imortalidade e berra "Eu nunca vou morrer", já em "Jungle", o tema é o vício.

O Idles esporrento reaparece na garageira "Hall & Oates" - que refaz o sucesso "Family Man" de Daryl Hall & John Oates em roupagem Sex Pistols. Outra que segue o caminho mais protocolar do IDLES é "Gratitude", com seu baixo poderoso e letra que fala sobre o lado positivo de voltar a ficar sóbrio, a faixa traz resquícios sonoros do álbum Crawler. No final, "Monolith, levada por um vocal suave, mais uma vez aborda a recuperação do vício.

Completando 15 anos de carreira, o IDLES mostra um retrato atual de sua música em seu quinto álbum de estúdio. Mesmo sem ferver as guitarras como nos primórdios, o quinteto consegue mais uma vez mostrar um "nude" de seu som, que soa exposto de forma estupidamente sincera e necessária em TANGK.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2