O Ego Kill Talent encontrou na mudança de sua formação original, uma oportunidade para conseguir ampliar o seu som. O rock alternativo que sempre fez a cabeça do grupo, ganhou novas possibilidades musicais com a entrada de uma nova voz na banda. Na verdade, foi como juntar a fome com a vontade de comer. "Acho que uma coisa potencializou a outra. A gente já vinha conversando sobre buscar mais dinâmica nas músicas, visitar outros lugares, musicalmente falando. Só que ela multiplicou isso exponencialmente", afirmou o guitarrista / baixista e cofundador da banda, Theo Van Der Loo, em entrevista exclusiva ao Rock On Board.
Além da questão sonora, a conexão entre os quatro integrantes é notória enquanto conversam com a nossa redação. Acomodados num sofá, as respostas saem quase que em tom de conversas particulares. "Eu já falei que a gente é uma banda só, mas ainda ninguém se deu conta disso", diz Emmily Barreto, ao tentar explicar a relação entre o Ego Kill Talent e sua outra banda, a ótima Far From Alaska, que também cedeu de empréstimo o guitarrista Rafael Brasil para os shows de abertura ao Evanescence no Brasil [saiba o que achamos dos shows clicando AQUI].
Para quem ainda não tá ligado, a banda lançou um EP com 4 músicas, intitulado Call Us By Her Name, que inclusive entrou no top 10 dos melhores discos de rock de 2023 do site Rock On Board, eleito por jornalistas e críticos de rock do país. Um dos destaques desse trabalho é a faixa título, que na opinião desse jornalista, traz uma influência positiva de Alanis Morissette no refrão. Emmily concorda com a relação, mas diz que aconteceu de forma inconsciente.
"Sem querer foi isso. A Alanis de fato é uma referência para mim, gigante! Mas foi totalmente sem querer. Inclusive eu não tinha percebido, até que uma das namoradas da gente falou: 'caraca é muito Alanis, esse refrão!', e é aí que eu fui ouvir pensando em Alanis e pensei: 'pode crer, que massa!', afirma a vocalista.
"É um baita elogio! Alanis é top 3 de artistas que fizeram a música para mim. Receber esse tipo de comparação é um elogio maravilhoso", conclui o guitarrista Niper Boaventura.
No entanto, é bom dizer também que as guitarras marcantes do Ego Kill Talent continuam lá, ditando os caminhos sônicos da banda. A camada de acordes atmosféricos - à la Stephen Carpenter dos Deftones - que carrega a ótima "Finding Freedom", é um exemplo de que a base permanece intacta e efetiva.
Essa preservação sonora da proposta tem a ver também com a manutenção de Steve Evetts, cultuado produtor norte-americano, que já trabalhou com nomes consagrados como Dillinger Escape Plan e Sepultura. Theo cita alguns detalhes técnicos do produtor que fazem a diferença na hora da gravação.
"Ele é muito bom no que faz. A gente sente que esse desafio de cantar em inglês e tendo a ambição de chegar lá fora, é muito importante ter alguém que domina também o idioma. Então na hora de gravar a voz, por exemplo, ele agrega muito na questão da pronúncia, na questão dos arranjos vocais...", explica.
Já o baterista Raphael Miranda, fala sobre as habilidades técnicas de Steve, que segundo ele, é um profissional completo.
"Ele tem o lance de ser muito completo. Ele tem muito conhecimento técnico de gravação, de som, de ondas sonoras, de tudo. E ao mesmo tempo, ele tem muita sensibilidade artística. Ele é um faz tudo. Ele é o engenheiro de som. Ele grava. Ele arranja. Trabalhar com ele é muito impressionante", afirma Raphael.
E será que vem mais coisa nova por aí? Será que tem um novo álbum a caminho? Se depender da banda, o novo ano reserva muitas novidades em termos de composição. O grupo está empolgado com a nova fase e as ideias estão fervilhando. Esse início de ano deve ser para aproveitar o gatilho criativo e a química dessa nova formação, que ganhou um upgrade notável com a entrada de Emmily Barreto.
"Até bateu uma angústia porque a gente estava compondo mais músicas e tivemos que parar por causa da turnê. Mas a vontade é continuar compondo e ficar vendo o que vai surgir", confessa Theo Van Der Loo.
Então, aguardemos as cenas dos próximos capítulos com as melhores expectativas possíveis.