Titãs Encontro em São Paulo: pra dizer adeus?

Foto: Marcos Hermes
 
Os TITÃS seguem batendo recordes: a turnê de reunião da formação clássica da banda, que era uma festa com data marcada para acabar e se encerraria no meio do ano foi se alongando e lotando arenas por todo o país, além de palcos nos Estados Unidos e Portugal. Uma façanha para poucos, em seis apresentações no Allianz Parque, em São Paulo, todas tiveram ingressos sold out. O show de hoje se chama TITÃS ENCONTRO – PRA DIZER ADEUS, mas, será mesmo um adeus? Basta lembrar que este que seria o último show, não é mais! A banda é uma das principais atrações do festival Lollapalooza de 2024.

Num sábado onde uma tempestade no final da tarde assustou quem estava a caminho do estádio, o tempo limpou e uma noite belíssima nos brindou para esse grande espetáculo. Para abertura da noite, a banda de hard rock Sioux 66, que conta nas guitarras com Bento Mello, filho de Branco Mello dos Titãs e com Yohan Kisser, filho de Andreas Kisser, do Sepultura, fez uma apresentação curta e correta, sendo bem recebida por todo o público.

Não demorou muito para que Arnaldo Antunes, Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Brito, Nando Reis, Tony Bellotto, Charles Gavin, com o reforço do produtor Liminha na segunda guitarra, entrem no palco quebrando tudo com “Diversão”. Muitos dos presentes já haviam visto o show no meio do ano, e quem não foi, viu pela TV, mas, se enganou quem apostava num show igual, não foi.
 
Foto: Marcos Hermes
 
Os clássicos vão se amontoando e a primeira surpresa da noite foi a inclusão de “Será que é isso que eu necessito?”, faixa do disco Titanomaquia, de 1993, na voz de Sérgio Brito, e que não estava no repertório original do show. “Nem sempre se pode ser Deus”, também do Titanomaquia, vem em seguida com Branco Mello afônico, como todos sabem, em virtude de sérios problemas de saúde e cirurgias na garganta para retirada de tumores que passou nos últimos tempos, mas que conta com o apoio dos backings vocals dos amigos e o carinho imenso de toda a plateia, é lindo de ver.

“Estado Violência”, “O Pulso”, “Comida”, “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” e a versão de “Nome aos Bois”, com a inclusão do nome do ex-presidente da república feita por Nando Reis, que todos já conhecem e vibram ao cantar junto mantém a empolgação alta, e de novo com Branco Mello à frente, a primeira parte do show finaliza com “Eu Não Ser Fazer Música” e “Cabeça Dinossauro”. Já não precisavam fazer mais nada, mas, tem muito pela frente ainda.

Após brevíssimo intervalo, com apresentação de cenas do documentário “A Vida Até Parece uma Festa”, dirigido por Branco Mello, a banda retorna para relembrar a fase acústica e o roteiro é o mesmo conhecido da primeira parte da turnê: Sérgio Brito pede para diminuírem as luzes do estádio e que todos acendam seus celulares para acompanhar a execução de “Epitáfio”. “Os Cegos do Castelo” vem na sequência, com Nando Reis discursando e dedicando a canção para sua esposa, Vânia. Paulo Miklos é a voz principal de “Pra Dizer Adeus”, desta vez mais carregada de emoção que o normal, pois é a canção que dá nome a esta “despedida” da banda, e Miklos confidencia que já chorou bastante hoje com essa aproximação do fim. Arnaldo Antunes, que já não estava na banda à época de “Acústico MTV” entra acompanhado de Alice Fromer, filha do guitarrista falecido Marcelo Fromer, e cantam “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar”. Nenhuma surpresa, mas, a emoção foi a mesma da primeira vez.
 
Foto: Marcos Hermes
 
O retorno da banda se dá ao som de “Família” e outra surpresa da noite é a inclusão de “Querem Meu Sangue”, versão de Nando Reis para “The Harder They Come”, de Jimmy Cliff e que foi gravada no primeiro álbum dos Titãs, em 1984 – e regravada com sucesso pelo Cidade Negra, dez anos depois, no disco Sobre Todas as Forças, terceiro álbum da banda de reggae carioca.

Com a banda e público altamente emocionados, os hits se sucedem, “Go Back”, a cover do Roberto Carlos, “É Preciso Saber Viver” e “Domingo”, outra novidade no repertório. Depois de Branco Mello cantar “Flores” e “2 Dentes”, outra novidade: a inclusão de “O Quê”, um dos pontos altos da noite, com Arnaldo Antunes na voz principal. “Televisão”, “Porrada”, “Polícia”, “AAUU” e “Bichos Escrotos” é a sequência para o primeiro final da noite.

Após breve momento, a banda retorna com a vinheta “Introdução por Mauro e Quitéria” e Paulo Miklos e Sérgio Brito dividem os vocais em “Miséria”. Agora realmente está no final e Nando rege o coro de mais de 40 mil pessoas em “Marvin”. Com o anúncio de “vamos terminar como tudo começou”, Paulo Miklos entoa “Sonífera Ilha” que encerra o espetáculo com a presença de filhos e netos dos artistas lotando o palco. Mais uma vez, que noite emocionante, meus amigos. E, para quem perdeu, fica a esperança, no Lollapalooza tem mais.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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