Os TITÃS seguem batendo recordes: a turnê de reunião da
formação clássica da banda, que era uma festa com data marcada para acabar e se
encerraria no meio do ano foi se alongando e lotando arenas por todo o país,
além de palcos nos Estados Unidos e Portugal. Uma façanha para poucos, em seis
apresentações no Allianz Parque, em São Paulo, todas tiveram ingressos sold out.
O show de hoje se chama TITÃS ENCONTRO – PRA DIZER ADEUS, mas, será mesmo um
adeus? Basta lembrar que este que seria o último show, não é mais! A banda é
uma das principais atrações do festival Lollapalooza de 2024.
Num sábado onde uma tempestade no final da tarde assustou
quem estava a caminho do estádio, o tempo limpou e uma noite belíssima nos
brindou para esse grande espetáculo. Para abertura da noite, a banda de hard
rock Sioux 66, que conta nas guitarras com Bento Mello, filho de Branco Mello
dos Titãs e com Yohan Kisser, filho de Andreas Kisser, do Sepultura, fez uma
apresentação curta e correta, sendo bem recebida por todo o público.
Não demorou muito para que Arnaldo Antunes, Branco Mello,
Paulo Miklos, Sérgio Brito, Nando Reis, Tony Bellotto, Charles Gavin, com o
reforço do produtor Liminha na segunda guitarra, entrem no palco quebrando tudo
com “Diversão”. Muitos dos presentes já haviam visto o show no meio do ano, e
quem não foi, viu pela TV, mas, se enganou quem apostava num show igual, não
foi.
Os clássicos vão se amontoando e a primeira surpresa da
noite foi a inclusão de “Será que é isso que eu necessito?”, faixa do disco Titanomaquia,
de 1993, na voz de Sérgio Brito, e que não estava no repertório original do
show. “Nem sempre se pode ser Deus”, também do Titanomaquia, vem em seguida
com Branco Mello afônico, como todos sabem, em virtude de sérios problemas de
saúde e cirurgias na garganta para retirada de tumores que passou nos últimos
tempos, mas que conta com o apoio dos backings vocals dos amigos e o carinho
imenso de toda a plateia, é lindo de ver.
“Estado Violência”, “O Pulso”, “Comida”, “Jesus Não Tem
Dentes no País dos Banguelas” e a versão de “Nome aos Bois”, com a inclusão do
nome do ex-presidente da república feita por Nando Reis, que todos já conhecem
e vibram ao cantar junto mantém a empolgação alta, e de novo com Branco Mello à
frente, a primeira parte do show finaliza com “Eu Não Ser Fazer Música” e “Cabeça
Dinossauro”. Já não precisavam fazer mais nada, mas, tem muito pela frente
ainda.
Após brevíssimo intervalo, com apresentação de cenas do
documentário “A Vida Até Parece uma Festa”, dirigido por Branco Mello, a banda
retorna para relembrar a fase acústica e o roteiro é o mesmo conhecido da
primeira parte da turnê: Sérgio Brito pede para diminuírem as luzes do estádio
e que todos acendam seus celulares para acompanhar a execução de “Epitáfio”. “Os
Cegos do Castelo” vem na sequência, com Nando Reis discursando e dedicando a
canção para sua esposa, Vânia. Paulo Miklos é a voz principal de “Pra Dizer
Adeus”, desta vez mais carregada de emoção que o normal, pois é a canção que dá
nome a esta “despedida” da banda, e Miklos confidencia que já chorou bastante
hoje com essa aproximação do fim. Arnaldo Antunes, que já não estava na banda à
época de “Acústico MTV” entra acompanhado de Alice Fromer, filha do guitarrista
falecido Marcelo Fromer, e cantam “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar”. Nenhuma
surpresa, mas, a emoção foi a mesma da primeira vez.
O retorno da banda se dá ao som de “Família” e outra
surpresa da noite é a inclusão de “Querem Meu Sangue”, versão de Nando Reis
para “The Harder They Come”, de Jimmy Cliff e que foi gravada no primeiro álbum
dos Titãs, em 1984 – e regravada com sucesso pelo Cidade Negra, dez anos
depois, no disco Sobre Todas as Forças, terceiro álbum da banda de reggae
carioca.
Com a banda e público altamente emocionados, os hits se
sucedem, “Go Back”, a cover do Roberto Carlos, “É Preciso Saber Viver” e “Domingo”,
outra novidade no repertório. Depois de Branco Mello cantar “Flores” e “2
Dentes”, outra novidade: a inclusão de “O Quê”, um dos pontos altos da noite,
com Arnaldo Antunes na voz principal. “Televisão”, “Porrada”, “Polícia”, “AAUU”
e “Bichos Escrotos” é a sequência para o primeiro final da noite.
Após breve momento, a banda retorna com a vinheta “Introdução
por Mauro e Quitéria” e Paulo Miklos e Sérgio Brito dividem os vocais em “Miséria”.
Agora realmente está no final e Nando rege o coro de mais de 40 mil pessoas em “Marvin”.
Com o anúncio de “vamos terminar como tudo começou”, Paulo Miklos entoa “Sonífera
Ilha” que encerra o espetáculo com a presença de filhos e netos dos artistas
lotando o palco. Mais uma vez, que noite emocionante, meus amigos. E, para quem
perdeu, fica a esperança, no Lollapalooza tem mais.