Mastodon & Gojira: os mega-monstros abalaram as estruturas em SP

 
Em apresentação única no Brasil, a “The Mega-Monsters Tour 2023”, que já passou por várias cidades dos Estados Unidos, e também por Canadá, México e ainda chegará à Argentina, trás juntas duas das mais significativas bandas de heavy metal nascidas a partir do final dos anos 90: os norte-americanos do MASTODON e os franceses do GOJIRA.

Com o calor escaldante que vem assolando o país, e concorrendo com Alanis Morissette, que fez show no mesmo horário, alguns metros de distância, o público que foi chegando já no final da tarde com suas camisas pretas na região do Espaço Unimed, foi empolgante. E, arrisco dizer que, na porta, o Gojira vai goleando na preferência da galera, com cerca de 70% das camisetas vistas por ali.

Indo ao que interessa, com a casa lotada, às 20:20, coube aos norte-americanos abrirem a noite de metal, e com “Pain with a Anchor”, faixa do último álbum, Hushed and Grim, de 2021, a festa começa, empolgando a todos os presentes. Na sequência, uma mais antiga, tocam “Crystal Skull”, do disco Blood Mountain, de 2006, mas é com a terceira da noite, que o jogo é definitivamente ganho: o já clássico “Megalodon”, do segundo álbum do Mastodon, Leviathan, de 2004, que não sobra pedra sobre pedra.

O show do Mastodon é avassalador, durante uma hora e dez minutos de som, fizeram um balanço de toda a sua carreira, iniciada em Atlanta, no ano de 1999, tocaram quatorze faixas de seus sete álbuns de estúdio, e, tanto as imagens psicodélicas multicoloridas projetadas ininterruptamente no telão, quanto as movimentações no palco, com três vocalistas se alternando como principal voz, sendo Brann Dailor, também baterista, Troy Sanders, baixo e Brent Hind, que também é guitarrista, não deixam o público um segundo parado. Completam o time, Bill Kelliher, segundo guitarrista, que também faz backing vocals e o tecladista brasileiro radicado nos Estados Unidos, João Nogueira, que termina o show exibindo uma bandeira do estado de Pernambuco, enquanto o resto da banda abriu uma bandeira do Brasil à frente do palco.

Se na porta, a preferência medida pelo número de camisetas era do Gojira, após essa apresentação, que se encerrou com “Blood and Thunder”, outra de Leviathan, ninguém prefere mais nada, todo mundo ali quer tudo! E vamos em frente!

20:17, e se inicia uma contagem regressiva no telão, partindo de 180 até o cronômetro zerar e o Gojira iniciar sua apresentação com “Born for One Thing”, faixa do último disco dos rapazes, Fortitude, de 2021. Sequência com “Backbone”, do terceiro disco, From Mars to Sirius, de 2005 e, assim como no show anterior, é na terceira faixa que o jogo se define, “Stranded”, faixa do excelente disco Magma, de 2016.

O Gojira também se usa de muitas projeções no telão, porém, usam tanta fumaça desde a entrada, que tudo ali fica embaçado, e o que importa mesmo é o som, pesado, denso e empolgante. 

Ao contrário do Mastodon, o Gojira privilegia o último disco na escolha do repertório e quem se destaca no show, são os irmãos Joe, guitarra e voz e Mario Duplantier, bateria. Mario, aliás, tem direito a um belo solo de bateria e diverte o público nesse momento, fazendo mímica, ele pede que o público faça barulho quando ele tocar. Ao solar e ter uma resposta morna da plateia, ele pega um cartaz atrás de seu instrumento e levanta para o público, onde está escrito “MAIS ALTO, PORRA”, risadas gerais e urros após breve solo. Mario para novamente, e pega outro cartaz, com os dizeres “AÍ SIM, CARALHO”!

Continuação com mais duas de Fortitude, e tocam “Grind” e “Another World”, muito bem recebidas.  “Oroborus”, do disco The Way of All Flesh e “Silvera”, de Magma, são pau puro e chega outra de Fortitude, “The Chant”, quando Joe Duplantier rege o coro da plateia, ficou bonito.

E a primeira parte do show termina com a faixa “L’Enfant Sauvage”, do álbum homônimo de 2012. Após saída rápida, a banda volta para o bis e, apesar dos pedidos da plateia para tocarem o cover de “Territory”, do Sepultura, eles mandam “The Haviest Matter of the Universe”, do disco From Mars to Sirius, seguida do hit “Amazonia”, do último álbum e o show se encerra com “The Gift of Guilt”, que também faz parte do disco L’Enfant Sauvage.

Balanço final: dois shows com energia avassaladora, um verdadeiro encontro de monstros, mostrando que o heavy metal respira sem aparelhos e não precisa ficar parado apenas com dinossauros com 50 anos de carreira, que são legais, mas, não são únicos.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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