Agnostic Front se apresenta em quase uma hora de demolição sonora

 

Domingueira com som extremo em São Paulo, em mais uma visita de um dos maiores expoentes do Hardcore New York ao Brasil: AGNOSTIC FRONT, em mais uma realização da Liberation Music, que trouxe a banda para uma concorrida noite no Fabrique Club, na Barra Funda, Zona Oeste da capital.

Pontualmente, às 19:00, sobem ao palco os paulistanos do ONE TRUE REASON para abrir a festa para o pequeno público que entrou cedo na casa e, apesar do barulho antifascista da rapaziada estar bem feito e bem ensaiado, não cativaram muito e na frente ao palco ficaram no máximo meia dúzia de gatos pingados que se arriscaram na roda, fraquinha até então, apesar dos insistentes pedidos de “vamos chegar... vamos chegar”. A rapaziada está na ativa desde 2003, seguindo na linha hardcore extremo e vale a pena dar uma atenção, o último trabalho da banda foi o furioso EP “Reality is a Wound”, de 2022.

Após rápido intervalo, o suficiente para a casa encher com público essencialmente masculino, arrisco dizer que mais de 90% dos presentes eram homens, as luzes se apagam e tem início a famosa e manjada gravação de Ennio Morricone, “The Good, the Bad and the Ugly”, que introduz a turma que chega liderada pelo guitarrista e fundador da banda, Vinnie Stigma, mandando ver o tema instrumental “Af Stomp”, do último álbum de estúdio “Get Loud!”, de 2019, até que entra o vocalista Roger Miret no palco e intimando a galera para formar o circle pit, canta “The Eliminator”, single do ano passado.

A roda formada na casa é insana e não para durante o show inteiro, a banda tem o controle total da plateia, cozinha segura, base bem colocada, Roger Miret é um vocalista com carisma e muita presença de palco, mas, o maior destaque é o guitarrista Vinnie Stigma, quealém de caprichar nos solos, agita sem parar e ainda manda bem no vocal principal na música “Power”, do álbum “Victim in Pain”, de 1984.


O show é curto, foram 57 minutos de som direto, mas, a energia no palco e na pista é insana! A banda foi perfeita do início ao fim e deixou todo mundo feliz com clássicos como “Victim in Pain”, “For My Family”, “Old New York” e o maior sucesso “Gotta Go”, além do cover “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones, que demoliu tudo por ali. Grande espetáculo, os tiozinhos ainda mandam muito bem.

Mas, devo registrar que boa parte do público dessa vertente de hardcore de Nova Iorque, que é formado nas academias de musculação e jiu-jitsu, justifica a falta de mulher no rolê, as preocupações da rapaziada são outras! É testosterona demais vazando ali, muito macho querendo provar quem é mais forte e quem bate mais, e, quase sempre isso não dá certo. Nessa noite, ficou só no princípio de confusão, já no final do show, mas, poderia ser pior. Focando no que vale a pena: grande banda e grande show, produção de parabéns.


Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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