The Rolling Stones retornam com seu melhor disco em muitos anos

Rolling Stones

Hackney Diamonds
⭐⭐⭐✰4/5
Por  Ricardo Cachorrão 

A maior instituição do rock and roll mundial está de volta ao mercado com o muito aguardado HACKNEY DIAMONDS, 26º disco de estúdio dos THE ROLLING STONES (esse número é controverso, tem quem considere este o 31º disco de estúdio da banda, pois durante a década de 60 seus álbuns eram lançados com títulos e capas diferentes no Reino Unido e nos EUA, e, às vezes, com ordem de faixas diversas). Mas, o fato é que, após sete anos do lançamento de um disco “morno” – Blue & Lonesome apenas com covers de clássicos do blues – quem pensava que a banda estava acabada, principalmente após a morte do baterista Charlie Watts, em 2021, estava totalmente enganado, os remanescentes Mick Jagger, Keith Richards e Ronnie Wood impressionam com o seu melhor disco em muitos anos.

Abrindo os trabalhos com “Angry”, uma típica canção dos Stones – leia-se: com riff marcante, balanço e a voz sempre poderosa de Mick, o disco já começa bem. Para dar uma rejuvenescida nos nobres senhores octogenários, foi chamado para produzir o trabalho uma rapaz da nova geração da música pop, Andrew Watt, de 33 anos, que tem em seu currículo trabalhos ecléticos, com artistas como Pearl Jam, Miley Cyrus, Post Malone, Justin Bieber, Ozzy Osbourne ou Iggy Pop, e deu muito certo.

Na sequência, a primeira das muitas participações especiais neste álbum, e chega Elton John em “Get Close”, uma canção correta, nada de muito destaque, mas, nada que desabone o álbum. Uma bela balada vem no embalo, “Depending on You”, com destaque para o belo trabalho de slide guitar de Ronnie Wood e em seguida chega um rockão de arrepiar: “Bite My Head Off”, com participação de ninguém menos que Sir Paul McCartney, um Beatle dando as caras do disco dos Stones, com direito a um “duelo” entre o baixo envenenado de Paul e a guitarra afiada de Keith Richards, ambos solando bonito.
 
 
Com “Whole Wide World”, e a baladinha em ritmo country “Dreamy Skies” (outro com o slide cantando bonito e alto), eles mantém o bom nível e, para matar a saudade do verdadeiro dono das baquetas dessa banda, apesar do bom trabalho desempenhado por Steve Jordan até aqui, Charlie Watts foi quem gravou a boa e dançante “Mess it Up”. Emendando, vem “Live By the Sword”, que além de Charlie Watts e novamente Elton John, o baixista Bill Wyman, fundador da banda e que esteve lá até 1993, deu o ar da graça, quando foi revivida a formação que os Stones mantiveram entre 1975 e 1993: Mick Jagger, Keith Richards, Bill Wyman, Ronnie Wood e Charlie Watts, que time, senhoras e senhores.

“Driving Me Too Hard” é uma canção gostosa de ouvir, um rock de gente grande e, logo em seguida chega o tradicional “momento Keith Richards”, típico em todos os álbuns dos Rolling Stones, quando ele, que um dos maiores riff makers de todos os tempos – em minha opinião, junto de Tony Iommi e Angus Young, ninguém jamais criou riffs de guitarra como eles – faz o vocal principal na bela “Tell Me Straight”.

Disco chegando ao final com um épico: os mais de sete minutos de “Sweet Sounds of Heaven”, com participações de Lady Gaga e Stevie Wonder, é canção sensacional! Que mostra que com mais de 60 anos de estrada, os Rolling Stones ainda são relevantes, não precisam provar nada a ninguém, mas, se mostram soberanos e imparáveis. Encerrando o baile, “Rolling Stone Blues”, uma versão para “Rollin’ Stone”, de Muddy Waters, a música que os inspirou a escolher o nome da banda.
 
 
Eu sou do time que classifica, por mero e absoluto gosto pessoal, a discografia stoniana da década de 60, embalada por LSD e muita loucura, insuperável, discos como Between the Buttons, Their Satanic Majesties Request, Beggars Banquet e Let it Bleed, são maravilhosos, apesar dos clássicos absolutos dos anos 70, como Sticky Fingers e Exile On Main Street, não deixarem nada a dever. Nos anos 80, Tattoo You chegou chegando, mas o que veio depois é sofrível, até o retorno com o bom Steel Wheels, de 1989. Nos 90, nos brindaram com os muito bons Voodoo Lounge e Bridges to Babylon, mas Hackney Diamonds, está bem acima do que fizeram nos últimos 30 anos, pelo menos.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

4 Comentários

  1. Rapaizzzzz, que super resenha! Uma das melhores que li sobre um disco. Dá até vontade de botar a bolacha na vitrola e ouvir o disco. Parabéns ao Ricardo .Ótimo.

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  2. O Claudia da Art Rock já falava que o disco dos Stones estava bom. Mas com essa resenha a gente vê disco rodando. Valeu Ricardo!!!!

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