O álbum abre com “No Control”, uma cacetada e tanto, com guitarras pesadas, quase heavy metal, mas com uma batida visceral do baterista Alex, que garante a aura hardcore do quarteto, no caso melódico, com André Alves cantando muito. Na sequência vem “Refuse to Die”, um hino antifascista que cita nominalmente George Floyd e Marielle Franco e mete literalmente o dedo na cara da direita que recentemente tomou conta tanto dos EUA quanto do Brasil, este som foi lançado como single em julho passado.
A terceira faixa é “Only You Stand” e desta vez destaco o baixo de Lalo Tonus e a guitarra solo endiabrada do Regis Ferri. Na sequência vem a faixa que foi escolhida como primeiro single do disco, lançada em junho passado, a pesadíssima e veemente crítica aos neopentescostais “I Hate Your God”: “I hate you God and you / I’m the sinner ans I blame you / You spread lies, no one content / You believers don’t understand / How Fucked Up you are / You can say, I don’t want anymore / Religion keeps you blind / I don’t hear about the human rights / You have no soul, fuck you believers” (“Eu odeio seu Deus e você /Eu sou um pecador e te culpo / Você espalha mentiras e nada de conteúdo / Vocês crentes não entendem / Como estão F@#&*§ / Você pode dizer, não quero mais / A religião te mantém cego / Não ouço falar sobre direitos humanos / Vocês não tem alma, f*@%§# crentes”).
Seguindo com o álbum, vem “Strambio”, linda balada feita em homenagem ao amigo Alex Bucho, o “Pudol”, baixista da banda de grindcore ROT, falecido em 2021, durante a pandemia, mais uma vítima da covid-19 e do descaso do governo da época que tratou isso com tanto desrespeito. “Left All Behind” volta para a urgência anterior, em outra pancada certeira dos meninos.
Um tema pesado na canção seguinte, de melodia muito bonita, “Tear You Apart”, o terceiro single do álbum, recém lançado, segundo o guitarrista e vocalista André Alves “fala de uma menina repetidamente estuprada pelo seu tio e que engravidou, aos 11 anos. Pelo estado ela tem o direito de interromper a gravidez e foi o que a família optou fazer, mas, congressistas fundamentalistas religiosos montaram uma campanha em frente ao hospital ameaçando os médicos e toda equipe. Então, a pergunta é, até quando vamos culpas as vítimas, ao invés de abraçar a sua dor como um bom cristão, como eles dizem ser?Queriam matá-la também! A letra de ‘Tear You Apart’ aborda a visão e o sentimento dessa menina e aborda como esses religiosos são hipócritas”.
“Love Will Drive Us” é a música mais curta do álbum e volta para a urgência velha conhecida. Encerrando o disco vem “Replacements”, “No Compromisse” e “Strong”, faixas muito boas e que mantém o alto nível de execução e composição de todo o álbum, todo trabalhado no antifascismo e na preocupante situação mundial, produzido no Rising Power Estúdios, em Santo André, São Paulo, o Statues on Fire mostra ser hoje um dos grandes nomes do hardcore melódico do país.