O Lado 1 do disco trás sete faixas dos brasileiros, sendo cinco que aparecem no EP “Está na Hora de Mudar!”, lançado nas plataformas digitais pouco antes da viagem ao velho continente e que agora saem pela primeira vez na forma física e duas faixas presentes no último disco da banda, “Acorde! Acorde! Acorde!”, lançado em CD em 2018.
“Jovem Desertor”, composição do guitarrista Fábio Belucci abre o disco, e é seguida de uma velha conhecida do público, “Até Quando Esperar”, versão de clássico da banda brasiliense PLEBE RUDE, que o Cólera tocava ao vivo no final dos anos 80, época em que as duas bandas faziam muitos shows juntas – vale lembrar que em 1999 a Plebe Rude gravou ao vivo o clássico “Medo”, do Cólera, que até hoje faz parte do repertório dos shows dos plebeus. Essa é a primeira vez que o Cólera grava um cover em estúdio para um álbum próprio (já foram feitas outras gravações pontuais, para álbuns tributo, como o das bandas Olho Seco e Fogo Cruzado). Para essa gravação, a banda contou com a participação mais que especial do violoncelista JÚLIO PELOSO (Julinho, além de professor de música, faz parte do TRIO TITANIUM, que faz versões de músicas populares com um cello e dois violinos, é guitarrista da banda punk GERAÇÃO SUBURBANA e também lidera o S.I.X., um sexteto de cordas – duas violas, dois violinos e dois cellos – que faz versões de rock em divertidos shows e já acompanhou gente como os INOCENTES em shows diferentes do que o público está acostumado).
Aproveitando uma parceria que deu certo, lembrando da sua participação especial no show comemorativo de 40 anos do Cólera, no Sesc Pompeia, o guitarrista EDGARD SCANDURRA, do grupo IRA!, toca a guitarra solo e faz os backing vocals na regravação de “Quanto Vale a Liberdade?”, música que originalmente está no disco coletânea “SUB”, de 1983, que além do Cólera trouxe pela primeira vez em disco as bandas Ratos de Porão, Fogo Cruzado e Psykóze. Depois disso, lembramos-nos de um disco pouco falado da banda, em outra regravação, a música “Movimentação”, de letra atualíssima e que fez parte do EP “É Natal?!”, que o Cólera lançou em 1987, logo após a primeira e famosa primeira turnê europeia da banda.
“Somos Cromossomos” e “Supressão” são duas faixas gravadas no último álbum completo da banda, e que pela primeira vez aparecem no formato vinil, são músicas do “novo” Cólera, e que sempre são muito celebradas nos sempre lotados shows da banda. E para encerrar, um clássico: “Dia e Noite, Noite e Dia”, aqui em regravação com participação de FERNANDO BADAUÍ, vocalista da banda CPM22.
O Lado 2 desse split abre com quatro faixas dos veteranos escoceses do THE ZIPS, banda formada em 1978, que esteve na ativa até 1980 e, após um longo hiato, retomou as atividades em 2001, estando até hoje na estrada. “Govern Meant”, faixa originalmente de 2006, numa regravação nova, abre os trabalhos. Em bom português, com sotaque escocês, é óbvio, o grito “LIBERDADE” introduz a próxima música: “Free for All”, gravação deste ano.
“Victim”, faixa que está no disco “19 Forevva”, de 2011, e “Spirit od 78’”, gravada em 2020, encerram a participação dos senhores escoceses. Se você gosta do THE CLASH, está dada a letra, o som do THE ZIPS irá te agradar em cheio.
De Portugal, os RAZOR KIDS, banda nova, fundada em 2020 e que no início deste ano esteve em turnê pelo Brasil – o que estreitou os laços com o Cólera e possibilitou este lançamento, encerram este split. Com músicas em inglês, trazendo o espírito de 1977 à tona, “Abducted”, “In Love with Someone Else Than You” e “One of Those Days” são faixas cheias de energia e que irão tirar um sorriso de quem gosta dos Ramones e do Damned.
A boa notícia aos interessados é que será possível adquirir uma cópia desse caprichado LP nos próximos dias diretamente com o pessoal do CÓLERA, através do site de merchandising oficial da banda: Cólera Discos . A notícia preocupante é que serão poucas as cópias, precisa correr! Punk Rock honesto e que vale a pena ter na coleção.
