Militarie Gun bebe no punk, abraça grunge e lança debut quente e vibrante

Militarie Gun

Life Under The Gun
⭐⭐⭐✩4/5
Por  Bruno Eduardo  

Um fato curioso sobre o Militarie Gun, é que a banda é apresentada nos releases como um projeto paralelo de Ian Shelton, do Regional Justice Center. Algo que não faz muita diferença, já você provavelmente nunca ouviu falar de nenhuma dessas duas bandas do sujeito. No entanto, a informação relevante é que estamos diante de mais um atestado de bom momento da chamada nova cena do punk / hardcore americano. O grande exemplo dessa fase é o Turnstile, que segue sendo uma das bandas mais legais dessa leva. 

É sempre bom lembrar também, que o punk e o hardcore são estilos amados por seguirem seus padrões há décadas, mas sempre que possível, necessitam banhar de novas gerações. E isso acontece de tempos em tempos. Afinal, o rock dos 90's ganhou o mundo com o punk refrescado por Nirvana, Offspring e Green Day. No entanto, a primeira já não existe mais e as outras duas já estão indo de tiozões para vovôs do punk noventista, não é verdade?

Dito isso, levando em consideração as referências que acompanham o tempo e lugar deste grupo, podemos afirmar que o Militarie Gun estreia da melhor maneira possível. Isso porque Life Under The Gun não é apenas um disco para se ouvir por qualquer amante de punk / hardcore, mas sim porque ele é mais um gole de frescor para esta fonte que é frequentemente revisitada. 

Então vamos lá. Inicialmente é bom avisar que embora o hardcore seja uma referência do grupo, o som do Militarie Gun não é aquele convite às rodas de pogo. A maioria das canções do álbum segue para um rock garageiro mais preocupado com melodias, que coloca a banda com um pé - quase dois - no rock alternativo.
 
 
Um exemplo da proposta é a ótima "Do it Faster", faixa levada por uma bateria marcante e um dos melhores refrões do disco - e que segue sendo a preferida da casa. Em seguida vem a nirvânica "Very High", que poderia ser classificada como a faixa grunge do disco. Aliás, a relação com o gênero noventista não é isolada. "Think Less" também poderia entrar nessa seara 'Kurt Cobain songs', só que de forma menos arrastada e com riffs bem mais pesados. "Seizure Of Assets" segue essa mesma cartilha de riffs sujos e levada alternativa.

Seguindo o protocolo das bandas deste gênero, a maioria das faixas tem duração média de dois minutos e em menos de meia hora o recado está dado. Mas não é um disco que passa em alta velocidade ou que dá a impressão de tudo soar igual e sem destaques como muito do que se ouve por aí. Isso porque há boas alternâncias melódicas entre uma canção e outra. "Never Fucked Up Once" parece algo tirado dos melhores momentos do Blink 182, já "Sway Too" tem uma levada arrastada, com acordes de guitarra abertos e a voz de Ian Shelton trazendo uma atmosfera totalmente Silverchair à canção.

Para fechar o disco com a energia lá no alto, a faixa-título retorna com o mesmo padrão de berraria + guitarra estridente que marca o álbum e o torna um dos discos mais quentes e vibrantes da nova cena do rock alternativo americano.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Banner-Mundo-livre-SA