A segunda edição do MITA reservou um line up bem interessante, e assim como no ano passado, teve a mistura de tendências como sua principal proposta. Está cada vez mais raro ver festivais no Brasil apostando em nomes que fogem de um cardápio datado. Cada vez mais, falta espaço em grandes eventos para artistas que não sejam garantia de sold out, como por exemplo os canadenses do BadBadNotGood, com seu jazz fusion cheio de improvisações, ou da cantora Sabrina Carpenter, que acumula milhões de streamings no mundo inteiro, mas aqui no Brasil é quase que totalmente desconhecida pelos "responsáveis" por disseminar música entre a nova geração. Golaço do MITA.
Põe na conta da Lana Del Rey
No entanto, quem garantiu o sucesso de público no primeiro dia foi Lana Del Rey, que conseguiu esgotar todos os ingressos de forma antecipada. A justificativa seria de que os fãs da cantora de outras cidades teriam preferido vir ao Rio por conta do local do Mita, que fica hospedado no centro dos cartões postais da Cidade Maravilhosa, do que ir para São Paulo.
Com isso, é certo dizer que grande parte das vinte mil pessoas que foram ao Jockey Club no sábado, estavam lá exclusivamente para assistir a cantora, que não decepcionou. Antes dela, quem também fez bonito foi o Planet Hemp, que comprovou a força do novo álbum, Jardineiros, logo no início, ao abrir o show com a fortíssima "Distopia". A banda também botou a galera para cantar seus grandes sucessos e foi responsável pelas únicas rodas punk do festival.
A grande surpresa para muitos no primeiro dia ficou para a boa apresentação de Jehnny Beth, que faz uma espécie de som que mistura o rock alternativo ("I'm Man"), com algo meio eletrônico ("Innocence"). Para quem não sabe, a francesa é mulher de frente da ótima Savages, banda que fez um vigoroso show no Lolla em 2014. Ainda rolou um cover para Nine Inch Nails, que foi reconhecida rapidamente pelos mais atentos. Fica a recomendação para a galera de São Paulo chegar cedo e assistir.
Domingo de ótimos shows
O segundo dia do MITA trouxe, na opinião deste que vos escreve, os melhores shows. Além da headliner, Florence And The Machine, que nunca decepciona com suas apresentações quase hipnóticas e cheias de excentricidades - quem não lembra daquele showzaço do Rock in Rio em 2013? -, tivemos as meninas da HAIM como o grande presente dessa edição. Do rock moderno a Xuxa, a apresentação cheia de energia das irmãs Este, Danielle e Alana Haim pegou o público na unha, com destaque para o início percussivo-eletrônico de "Now I'm In It" ou na cativante "The Wire".
Do lado nacional, ninguém brilhou mais do que o NXZero. A banda que volta a se reunir para uma série de shows nostálgicos, deixou no MITA uma prévia do que vai mostrar nos próximos meses desta concorrida turnê, que esgotou ingressos no Allianz Parque. Todo mundo cantou junto e forte do início ao fim, e evidenciou a relevância do grupo e do emo para uma geração.
Sem contar com o mesmo interesse popular, o The Mars Volta mostrou toda a sua psicodelia com latinidade para poucos. Foi certamente o show mais vazio dos chamados headliners, mas que em cima do palco não decepcionou. O grupo de Omar Rodriguez baseou a apresentação no seu melhor álbum, De-Loused In The Comatorium, que está completando 20 anos. Ao todo, foram cinco canções do disco, de oito tocadas no show do Rio.
The Mars Volta: uma aula de música para poucos [Foto: Adriana Vieira]
Com uma segunda edição consolidada, a expectativa é que o MITA continue no calendário brasileiro nos próximos anos, mantendo acima de tudo o compromisso com a música, que é ainda o norte principal para a existência dos grandes festivais. Se você quiser saber mais sobre MITA, assista o nosso vídeo com a cobertura do evento, mostrando toda a experiência e trechos dos shows abaixo.