De Television a Iron Maiden: Ghost acerta em EP de covers

Ghost

Phantomine
⭐⭐5/5
Por  Zeone Martins 

O Ghost tem mantido a qualidade alta em seus Eps. O quarto, Phantomime saiu hoje e é o primeiro a contar exclusivamente com covers, ainda que estes predominassem em If You Have Ghost e Popestar. E indo até mais longe no tempo, "Here Comes The Sun" figurou tanto na edição japonesa do primeiro disco, Opus Eponimous, quanto nas apresentações do grupo, com direito a performance no Imperator (2014)

Phantomime também aposta na diversidade em seu repertório, começando com "See No Evil", do maravilhoso Marquee Moon, do Television, que por mais ampla que seja a lista de artistas que o Ghost regravou, não deixa de surpreender. A primeira audição pode até causar estranhamento, mas a letra e a manutenção das belas linhas de guitarras da original fazem a versão soar melhor a cada ouvida.

Em seguida, vem "Jesus He Knows Me", lançada pelo Genesis em 1991, que tem um instrumental mais 'metalizado' que a versão original, e a voz anasalada do Papa Emeritus IV (Forge, claro) segue na mesma linha que a de Phil Collins. Entre os pastores televisivos em 1991, e toda a bizarrice neopentecostal de hoje, a letra continua atual, com o clipe (NSFW, já aviso) valendo s conferida. 

Retornando ao pós-punk, "Hanging Around", do ábum de estréia do The Stranglers (Rattus Norvegicus),  pela predominância de teclados, não foge tanto do estilo do Ghost, aqui soando como se fizesse parte de Meliora  (2015), numa versão um pouco mais pesada que a original, com ótimo trabalho de guitarras de Fredrik Arkesson (Opeth).



De volta ao metal, "Phantom Of The Opera", do Iron Maiden, faz mudanças sutis, como, de novo, a inclusão de teclados e harmonias vocais mais na linha do grupo sueco, mas ainda mostra bem o lado metal que muitos reclamam faltar ao Ghost . Aqui se mantém até o baixo mais alto que qualquer outra coisa, como é comum no grupo de Steve Harris, por mais que Paul Di'Anno e os 'haters' reclamem, é sim uma bela homenagem a versão original.
 
 
Fechando o álbum, "We Don't Need Another Hero", da Tina Turner, que aqui tem mais referências ao hard rock oitentista, como alguns momentos de Impera. Não é novidade o grupo apostar no pop para escolher versôes, como já haviam feito em "I'm A Marionette" do ABBA ou "It's a Sin", do Pet Shop Boys. Também traz boas inserções de guitarra nos versos e é bem calcada em sintetizadores, como na original, mas logo descamba para um final mais pesado. Bem a cara da missa do Ghost

Phantomime envolve tanto faixas que são diferentes na escolha do Ghost, como as que já são do costumeiro da banda. E as versões do grupo de Tobias Forge, em sua maioria, pendem bem o lado da interpretação, a seu próprio modo, em vez de repetir o que os artistas originais fizeram nota a nota, sendo que há também  espaço para reverências, como é o caso de "Phantom of The Opera". Entre diferentes estilos e interpretações, há o bastante para se apreciar por aqui, portanto, se você curte releituras, Phantomime é um prato cheio.

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

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