Måneskin faz álbum vigoroso e com refrões para grandes arenas

 
Maneskin

Rush
⭐⭐⭐⭐ 5/5
Por  Rosangela Comunale
 
Aderindo à palavra da moda, ouvir o disco novo do Måneskin é uma verdadeira “experiência”. Intitulado Rush, o trabalho agrada aos ouvidos de quem curte o bom e velho rock´n roll mas também curte um glam ou algo mais pesado. Para os amantes do idioma italiano e de baladas, por que não contemplá-lo? Ao que parece foi este o pensamento concebido pela banda romana que lança seu terceiro disco de estúdio.

Depois da falta de impacto musical mundo afora em Il Ballo della Vita (2018), com apelo comercial e pouca originalidade, e do estrondoso Teatro d´Ira Vol.1. (2021) no qual o grupo “bota pra quebrar” com um hard rock deveras sincero, Rush chega com o pé na porta tentando repetir o sucesso do antecessor, mas sem esquecer das cifras financeiras.

Dito isso, vemos que temos, sim, baladas como “If not for You”, “Timezone” e “Il Dono della Vita” que expressa toda a italianidade numa canção que tem tudo para cair no gosto do povo italiano. Refrões marcantes em “Kool Kids” e “Own my Mind” soam perfeitos para lotar qualquer arena que receba festivais rock´n roll.
  
Já “Supermodel” é um pop rock que revela as fontes das quais bebem os membros da banda, todos nascidos no início dos anos 2000. A letra traz claras referências ao mundo noventista falando do estereótipo das supermodelos que eram figurinhas fáceis em videoclipes da época, mencionando, inclusive ícones da Arte e do mundo fashion como Jean- Michel Basquiat, morto precocemente em 1988, aos 27 anos (ô número maldito!!): “Alone at parties, she's working around the clock/ When you're not looking, she's stealing your Basquiat” (Sozinha nas festas, ela trabalha o tempo todo/ Quando você se distrai, ela estará roubando seu Basquiat”).

“La Fine” é um ponto fora da curva. Uma faixa que melodicamente atesta, para radicalistas como eu, que a língua latina pode, sim, incorporar sons rock´n roll sem soar piegas: “Sappi che non è l'inizio, è la fine/Anche la rosa più bella ha le spine/Forse l'unica risposta è partire/ O restare a marcire” (Saiba que não é o início, é o fim/Até a rosa mais bela tem espinhos/Talvez a única saída é partir/ Ou ficar apodrecendo). E pelo mesmo viés segue “Mark Chapman” que, aliás, faz alusão ao cara que assassinou John Lennon em 1980.
 
 
“Mammamia”,  apesar do título, é cantada em inglês e parece uma festa trip rock. Com elementos techno, chega até lembrar os riffs do Gorillaz, com a guitarra de Thomas Raggi. E pra carimbar a letra, Damiano David, o vocalista, exibe o orgulho italiano sem nenhuma modéstia: “They ask me: Why so hot? 'Cause I'm italiano” (“Elas me perguntam por que eu sou tão atraente? Porque sou italiano”). Outro destaque vai para “Gasoline” que tem uma intro muito marcada com efeito e um refrão incendiado pela, mais uma vez, guitarra de Raggi.  Essas duas músicas, incluído Supermodel, foram, inclusive, inseridas no setlist da banda no último Rock´n Rio no ano passado.

Mas eu não poderia deixar de ressaltar a joia do álbum: “Gossip”, que tem feat de Tom Morello, guitarrista do Rage Against The Machine. A faixa, uma das mais interessantes, nos entrega o exímio guitarrista dialogando com Damiano e brindando com curtos solos de guitarra.

 “A canção nasceu de um riff que Thomas escreveu há um tempo e guardamos na gaveta, mas ainda continuaríamos a trabalhar. Depois, o grande Tom Morello se juntou a nós e nos deu aquele toque a mais”, conta a baixista Victoria De Angelis.

Para quem não sabe, o nome da banda é dinamarquês e significa “clarão da lua”, palavra surgida num brainstorming e pronunciada pela mãe dinamarquesa da baixista Vic. Acabou sendo escolhida por soar bem.  Ainda assim, uma coisa é certa: desde quando lançou a versão para o clássico “Beggin”, do The Four Seasons, e lançou o segundo álbum, o grupo mostrou que não tem passagem curta como clarões lunares.

Se “Rush” repetirá a repercussão que se deu com o álbum anterior é uma incógnita. Mas tudo indica que as 17 faixas da obra têm de tudo para surtir um efeito bem positivo aos ouvidos mais exigentes. Maaaas... Se a receita de inserir ingredientes diversificados à la italiana resultará em bom cardápio musical, aí é outra história. Mas vale viver a experiência com “Rush”. Nota: 10.

Gostou do texto? Que tal apoiar o Rock On Board e ajudar ainda mais o nosso trabalho? CLIQUE AQUI

Rosangela Comunale

Amante das artes, principalmente, da Música. Formada em Piano Clássico. Militante da causa animal.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2