Knotfest Brasil é marcado por show memorável do Slipknot

 
No domingo (18) aconteceu a primeira edição do Knotfest Brasil no Anhembi, em São Paulo. O festival, idealizado pelo Slipknot reuniu doze bandas em dois palcos, e teve todos os seus ingressos esgotados. Cerca de 45 mil pessoas estiveram no local para acompanhar bons shows, incluindo medalhões e bandas da nova geração. 

Dois palcos e telão para final da Copa do Mundo
 
Mesmo gerando algumas críticas por parte do público, os palcos localizados em cada extremidade do Anhembi até que funcionaram bem na questão de mobilidade entre os shows. Com as atrações alternadas entre o KnotStage e o Carnival Stage, os fãs precisavam se deslocar de um lado ao outro do sambódromo assim que terminava uma apresentação, para poder assistir o show seguinte. O deslocamento durante o evento entre um show e outro até que aconteceu de forma bem tranquila, com exceção do período da tarde, onde uma enorme quantidade de pessoas aglomerou em frente a um telão instalado no meio do Anhembi, para assistir a final da Copa do Mundo, entre França e Argentina.

Outro fator que vale registro, é que embora o Knotfest tenha suas ativações para experiências como qualquer outro grande festival, como por exemplo, o Slipknot Museum e estúdios de tatuagem, ele se diferencia por seguir um modelo mais oldschool, onde os shows são o maior atrativo - algo que caracteriza bastante o público amante do metal, que vai aos festivais principalmente para assistir as bandas.

Público reclamou da fila para entrar e poucos caixas
 
No nosso vídeo de cobertura do Knotfest, recebemos uma grande quantidade de reclamações do público por conta da organização do evento, principalmente na hora de entrar no festival. O fato é que às 9h, a nossa equipe já registrava nas redes sociais (@rockonboard) uma enorme fila do lado de fora, esperando a abertura dos portões, marcada para 10h30. Muitos fãs disseram que não conseguiram assistir algumas atrações por conta da demora em liberar a entrada. Outra reclamação recorrente foram das filas para comprar bebidas, e da pouca quantidade de caixas.

Festival é marcado por bons shows

Não é sempre que temos um festival, onde podemos dizer que praticamente todos os shows foram realmente bons - ou interessantes. O destaque, é claro, ficou para os donos da festa (Slipknot), que fecharam o festival de forma sublime, mostrando o porquê é hoje um dos melhores grupos de rock para se assistir ao vivo. A banda contou com um som de alto nível, além de toda a estrutura cênica, com labaredas, fogos de artifício e telão de alta qualidade, e levaram os fãs ao delírio por uma hora e meia de um repertório praticamente de grandes sucessos e um Corey Taylor - que já pode ser considerado um dos maiores frontman da história - inspirado. Essa foi certamente uma das melhores passagens da banda pelo Brasil, perdendo apenas (na opinião deste jornalista) para a antológica apresentação do Rock in Rio em 2011.
 
Rob Halford segue com a voz preservada [Foto: Rom Jom]
 
Em um line up bem diversificado, tivemos um grande show do Judas Priest, que comemora 50 anos de carreira, e surpreendeu, pela ótima forma de Rob Halford, que veio com seus agudos preservados, mesmo aos 71 anos de idade. O setlist também foi de respeito, já que a banda priorizou o preferido da casa, Screaming For Vengeance, que completou 40 anos em junho. Ao todo, foram cinco canções do álbum de 1982.
 
Zakk Wykde no tributo ao Pantera [Foto: Rom Jom]
 
Outro show que deu o que falar e reuniu um grande público interessado foi o tributo ao
Pantera, que contou apenas com Phil Anselmo da formação original, já que o baixista Rex Brown cancelou sua participação por contrair Covid. Com Zakk Wylde (Ozzy / Black Label Society) e Charlie Benante (Anthrax), o tributo prestou homenagens aos dois integrantes e irmãos fundadores do grupo, Vinnie Paul e Dimebag Darrel. Num repertório baseado nos dois álbuns mais bem sucedidos do finado grupo (Vulgar Display Of Power e Far Beyond Driven), o tributo agradou a grande maioria dos presentes.
 
Mike Patton em ação com Mr. Bungle [Foto: Rom Jom]
 
Contando com menos apelo e interessados, outros nomes também saíram do festival com novos fãs. O
Mr. Bungle, banda liderada por Mike Patton (Faith No More) se apresentou com sua nova formação, que traz dois ícones do thrash metal: o baterista Dave Lombardo (ex-Slayer) e o guitarrista Scott Ian (Anthrax). Num repertório baseado em sua primeira demo, relançada em 2020, o Bungle fez uma ode ao thrash, com canções longas e riffs matadores. Abusando do português, Patton homenageou a campeã Argentina, xingou o ex-presidente Bolsonaro, e convidou no palco Andreas Kisser e Derrick Green do Sepultura para uma versão de "Territory".
 
Griffin Taylor é filho de Corey Taylor do Slipknot [Foto: Rom Jom]
 
Outra banda que estreou no Brasil foi o
Vended, que tem dois filhos de integrantes do Slipknot. O vocalista Griffin Taylor, filho de Corey Taylor e o baterista Simon Crahan, filho de Shawn “Clown” Crahan. O som do grupo pode ser considerado um subproduto do Slipknot, com foco na fase mais embrionária, onde o nu-metal ainda é referência - basta ouvir o último single deles, "Overall". Com o rosto pintado, Griffin comandou o show com muita energia e boa performance. A banda, formada apenas em 2018, ainda não possui um full álbum, e apresentou músicas de seus EPs lançados nos últimos anos.
 
Oliver Skykes manando ver no Knotfest [Foto: Rom Jom]
 
Das bandas que já passaram por aqui, o Bring Me The Horizon vai mostrando um crescimento de sua legião de fãs no Brasil. O grupo carregou um bom público para o palco principal (Knotstage), e fez a galera cantar alguns de seus sucessos. Assim como aconteceu no Rio de Janeiro, o grupo também foi um dos primeiros a utilizar bem os telões, com imagens e efeitos visuais criados especificamente para as canções. Ainda rolou um pedido do público para "Sleepwalking".
 
Matt Heafy falou o tempo inteiro com a galera [Foto: Rom Jom]
 
Primeira banda gringa a tocar no Knotfest, o Trivium se apresentou debaixo de um sol escaldante. O destaque ficou para o carismático Matt Heafy, que além de usar uma blusa do Brasil, falou o tempo inteiro com o público. A banda não priorizou nenhum álbum específico. Eles resolveram fazer um apanhado de toda carreira e funcionou bem no festival. A verdade é que o grupo agradou sem precisar fazer muito esforço.
 
Sepultura fez show com vários convidados [Foto: Rom Jom]
 
Dos nacionais, o Sepultura fez um show já bastante conhecido por aqui. No entanto, eles aproveitaram as atrações do Knotfest para incluir convidados em sua performance. Scott Ian (Anthrax / Mr. Bungle) apareceu no palco em "Cut Throat", Mat Heaffy (Trivium) foi outro que colaborou tocando "Slave New World", e Phil Anselmo (Pantera) emprestou sua voz no clássico "Arise". No final, os hits "Ratamahatta" e "Roots Bloody Roots" encerram o show com nível elevado.
 
Black Pantera segue se destacando em festivais [Foto: Rom Jom]
 
Aquecendo o público no início do festival, tivemos três boas apresentações nacionais. Não existiria melhor nome para iniciar o festival de uma forma tão intensa quanto o Black Pantera. A banda já parece uma veterana em cima do palco, mostrando cada vez mais à vontade em festivais dessa envergadura. Além de carregar um repertório de letras contundentes, o grupo não deixa de se posicionar contra todo tipo de preconceito. Tanto que não foram poucas vezes que o vocalista Charles Gama mandou seu recado: "White Power é o Caralho!" - referindo-se ao tema polêmico envolvendo Phil Anselmo, do Pantera, que se apresentara mais tarde.
 
Caio MacBeserra entregando tudo no Knotfest [Foto: Rom Jom]
 
Já o Project 46 promoveu uma ode às rodas de pogo numa apresentação impecável para um festival de metal. Agitando sem parar, o vocalista Caio MacBeserra usou e abusou - no bom sentido - dos berros e dos agudos, mostrando o porquê é um dos melhores cantores do gênero no cenário nacional. O público, já bem numeroso, respondeu ao show do grupo de maneira catártica, com mosh, palmas e energia lá em cima. A banda saiu de palco consagrada pela galera.
 
Jimmy London agitou a galera em 20 minutos de show [Foto: Rom Jom]
 
Em show dividido em primeiro e segundo tempo, Jimmy & Rats e Oitão agitaram o público que chegava aos poucos no Anhembi. As bandas abriram o palco Carnival Stage, e não deixaram a intensidade baixar. Destaque para o bom repertório de Jimmy & Rats que basearam o show em seu ótimo album, 'Só Há Um Caminho a Seguir', comprovando a efetividade da fórmula musical entre fãs de metal em geral.

Quer ver mais sobre o Knotfest Brasil? Assista abaixo a nossa cobertura em vídeo!
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Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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