Em noite de reunião punk, The Exploited entrega show emblemático

 
Noite de gala numa chuvosa noite paulistana no bairro do Bom Retiro, a Agência Sobcontrole marcou um gol de placa ao trazer novamente ao Brasil o icônico grupo escocês THE EXPLOITED, na estrada desde 1979, colecionando polêmicas e bons serviços prestados ao punk rock mundial. O palco escolhido foi o clássico Hangar 110, com ingressos sold out e expectativa gigantesca para ver de perto os irmãos Wattie e Wullie Buchan (vocal e bateria), Irish Rob (baixo) e Stevie The Bastard (guitarra) e ser parte da Real Punk Rock Tour 2022. 

Para abrir a noite, três bandas bem engrenadas e azeitadas, o DISCHAVA, banda nova, fazendo sua estreia ao vivo, e que tem em sua formação caras experientes do punk paulistano, do Pará veio o DELINQUENTES, com 37 anos de estrada e super bem recebido pelo público e o já clássico AGROTÓXICO, como não canso de dizer, uma das melhores bandas do hardcore brasileiro. 

Cada uma das bandas teve 30 minutos para esquentar a galera, que pouco a pouco foi lotando a casa. O DISCHAVA apresentou seu som vigoroso, com letras de protesto com em “Cidadão de Bem”, uma homenagem aos seguidores do quase ex-presidente da república, e encerrou com alguns covers do DISCHARGE, lembrando que a banda inglesa de d-beat estará na próxima semana em São Paulo, também através da Agência Sobcontrole. 

A banda DELINQUENTES veio para São Paulo e acabou fazendo uma mini-turnê relâmpago, e segundo conhecidos que estiveram nos outros locais, empolgando em todo lugar que passou, abriram show dos GAROTOS PODRES na sexta-feira no La Iglesia, deram conta do recado da abertura para o The Exploited no Hangar 110, com seu potente som anti-fascista e “rodada dupla” no domingo, festival na Zona Norte, no CCJ – Vila Nova Cachoeirinha, onde dividiram palco com inúmeras bandas, entre elas CRYPTA, MUKEKA DI RATO, AÇÃO DIRETA, GRITANDO HC e várias outras e ainda tiveram pique para chegar ao ABC e tocaram no Festival Masters of Noise, no Container DC, em Diadema. 

Com mudanças muito rápidas, em seguida o AGROTÓXICO subiu ao palco e detonou, como de costume. Marcos, Jeferson, Arthur e Edu Nicolini vem há anos mostrando qualidade acima da média, som visceral, letras de protesto e tudo muito bem feito, os caras são extremamente profissionais. Nem uns caras que invadiram o palco e derrubaram tudo por lá, causando bate boca entre músicos e os invasores, estragaram a festa. 

Com a casa completamente lotada, o público sabe que está chegando a hora e entoa o coro “EXPLOITED, BARMY ARMY”, as luzes apagam, cortinas se abrem e Wattie, Stevie, Irish Rob e Wullie abrem a festa com "Let’s Start a War... Said Maggie One Day", do álbum homônimo, de 1983. "Fightback" do disco Beat the Bastards, de 1996, vem na sequência, mas é com a próxima que a casa cai de vez, "Dogs of War", do disco de estreia da banda, Punks Not Dead, de 1981. 

O show contemplou quase todos os discos da carreira da banda, faltaram músicas dos discos Horror Epics, de 1985 e de Death Before Dishonour, de 1987, mas, ninguém sentiu falta! Um show com “The Massacre”, “Chaos is my Life”, "Dead Cities", "Rival Leaders", "Troops of Tomorrow", "Fuck the System", "Disorder", "Cops Cars", "Beat the Bastards" fez qualquer um que passou os anos 80 ouvindo punk rock fazer uma viagem no tempo e vibrar com cada acorde. 

Um susto enquanto a banda tocava "I Believe in Anarchy", do disco Punks Not Dead, uma garota que agitava todas as músicas e não parava de subir ao palco para se arriscar no stage diving caiu e parece ter batido a cabeça no chão, uns diziam que estava sangrando, ficando desacordada um tempo, ao ver a cena Wattie pediu para a banda parar o show e todo o público abriu uma clareira na roda para ventilar a moça. Quando todos estavam preocupados em chamar uma ambulância para socorrer a menina, ela acordou, levantou e saiu correndo... o show continuou daí! 

Quando a banda manda "Army Life", já vamos sentindo gostinho de fim de festa, mas ainda deu tempo de bastante diversão com "Fuck the USA" e duas versões do clássico "Sex and Violence", primeiro Wattie convidou o público a subir ao palco, e tocaram com um incontável número de pessoas em volta cantando junto nos microfones e, quando o povo desceu, mandaram de novo, agora só com a banda. 

Para quem duvidava que ainda veria Wattie dando show novamente, e eu fui um deles, depois de passar por sérios problemas cardíacos, cirurgia complicada e combinado com abuso de drogas, o homem mostrou estar em forma aos 66 anos e ele cantando "Punks Not Dead" é bem emblemático. 

O show se encerra com "Was it Me", do álbum Fuck the System, mostra a banda afiada e fica a vontade de que eles voltem muitas vezes ainda. Depois de ver o GBH na semana passada, The Exploited agora e com o Discharge na agulha para o próximo final de semana, só posso dizer que, realmente, PUNKS NOT DEAD!

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2