Red Hot Chili Peppers acerta em disco fluido e divertido

Red Hot Chili Peppers

Return Of The Dream Canteen
⭐⭐ 4/5

Por  Zeone Martins 

Quando o Red Hot Chili Peppers anunciou um segundo álbum para 2022, ficou a pulga atrás da orelha: valeria a espera por outro álbum,  quando Unlimited Love, de abril, é um disco desencontrado e quase protocolar, com boas ideias pouco desenvolvidas em faixas brandas e insossas? 

Eis que a resposta, com Return Of The Dream Canteen, é... positiva! O disco, lançado agora em outubro, é solto, vivo e um pouco fora dos padrões do Red Hot Chili Peppers. A maior parte do novo trabalho apresenta bases gravadas em conjunto, repletas de um rock que bebe muito no soul, no funk e que as vezes encontra o rock alternativo. Em vez de se debruçarem em idéias mornas, que não empolgam (o que é muito frequente em Unlimited Love) aqui é o som de 4 músicos, em ótima forma, contribuindo entre si.

Anthony Kiedis aqui canta as melodias e interpreta com gosto sobre as sensacionais linhas de Flea, com o baixista talvez apresentando seu melhor trabalho até hoje, o que não é pouco! E Chad Smith solto que só,  trazendo toda a segurança possível na bateria. O repertório não perde a força para acomodar os vocais -muito pelo contrário, segue-se intenso e interagindo com os vocais, com um foco que falta muito a banda quando perdem a mão em faixas sem brilho, e aqui apresenta-se com sobras. 

A produção de Rick Rubin permite até momentos de baixo saturado de tão alto, em contraste com sutis camadas de vocais e linhas bem trabalhadas de John Frusciante, que traz ótimas bases e timbres muito bem escolhidos nos solos.
"The Drummer", por exemplo, traz um clima bem parecido com o pop do The Magic Numbers, bem diferente da pegada do início do disco, mais na cara, iniciando uma série de faixas mais psicodélicas que se tomam o final do disco. Belo acerto do produtor em investir nas dinâmicas da banda, um diferencial da carreira do californiano, capaz de trabalhar com artistas independente de seu estilo, deixando rótulos de lado em favor de um repertório que funcione.
 
 
Para não dizer que tudo são flores, o trabalho é um tanto longo, exigindo uma audição que pode ser cansativa para o ouvinte, mais por se aproximar de um excesso de faixas do que por cair de qualidade. Ainda assim, uma das faixas que ficou de fora, a bônus "The Shape I'm Takin'" seria uma opção melhor para encerrar a tracklist, sucedendo ou substituindo "In The Snow", que soa um pouco perdida como encerramento. 

Em um grande acerto do Red Hot Chili Peppers, Return Of The Black Canteen é um dos discos mais interessantes da banda, pelo acerto no direcionamento e ao registrar quatro músicos se divertindo em estúdio. Pode pular Unlimited Love e curtir o novo trabalho tranquilamente, com sua bebida ou 'otras cositas' de preferência, vale aqui a atenção ao trabalho da banda.

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Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

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