Pixies lava alma de público carioca com celebração de toda carreira

Jack Francis botou a galera pra cantar no Vivo Rio [Rom Jom]
 
As expectativas para a primeira passagem dos veteranos Pixies na cidade do Rio de Janeiro eram altas pelos fãs presentes que encheram o Vivo Rio na última terça-feira, e ali se percebia também que o público era composto de todas as idades mostrando que ao passar do tempo a banda de 36 anos, queridinha do rock alternativo e Indie, renovou seu público. Também não por pouco, não?

As 21:30 banda entra no palco e é recebida com (muito) barulho e arrancando sorrisos de toda a banda que pareceu encantada com tamanha recepção. Não houve um “boa noite” ou nenhum dizer por parte de Jack Francis; o que houve foi o retorno desta recepção em formato de som, sim, em uma sequência esmagadora, fora dos “padrões”, assim digamos da turnê atual, a banda abre com "Gouge Away" e "Wave of Mutilation", do antológico Dootlitte (1989) – de onde tiraram também "Crackity Jones". 

"Broken Face" do Surfer Rosa (1988) e a rapidinha "Isla de Encanta" do seu álbum de estreia Come On Pilgrim (1987) encheram de barulho - no bom sentido - os PA's do Vivo Rio. Importante lembrar que a execução das músicas foram extremamente fieis aos originais, porém, com uma pitada de toda a troca envolvida com o eufórico público carioca. Até aqui ninguém tinha ideia que seriam 38 músicas executadas sem dó.

Aparentemente, a banda decidiu a ordem do repertório ali mesmo, em cima do palco, já que diante da temperatura do público, Jack falava o nome das músicas em um microfone discreto ao lado da bateria aos seus colegas, que ouviam no ponto em seus ouvidos. E isso funcionou maravilhosamente.

Ainda que "Monkey Gone to Heaven" trouxe um pequeno respiro ao início avassalador, o instrumental "Cecilia Ann" do álbum Bossanova (1990) - com Joey Santiago colocando todas as notas em perfeição - resgatou a animação dos fãs. O mesmo aconteceu na estridente, e mais feroz que o comum, "Debaser". 

Detalhe: o som estava lindo (e alto) de se sentir. 
 
Lenchantin e Lovering: a cozinha pixieniana no Rio [Rom Jom]
 
Depois de algumas músicas do último, e bom álbum, Doggerel (2022) ("Who’s More Sorry Now?", "The Lord Has Come Back Today"  e "There’s a Moon On"), a queridinha e simpática Paz Lenchantin, e seu baixo, dão de presente os riffs de "Gigantic" e "Bone Machine". Parecia tudo se encaixar perfeitamente. E a bateria precisa e fácil de David Lovering é um destaque a parte, como ficou evidente mas execuções de "Vamos", "Nimrod’s Son", e na versão surfer de "Wave of Mutilation". 

Não teria como destacar uma só música nesta noite, mas "Velouria" (Bossanova) foi entoada como uma oração, com os fãs cantando de olhos fechados. Enquanto "I Bleed" veio para a galera bater cabeça, "Hey" teve seu nome gritado durante toda a sua execução. 

Assim como toda banda de longa carreira, não faltam as clássicas das antigas rádios: "Here Comes Your Man", que é uma das músicas mais famosas do rock alternativo, e a linda "Where is My Mind" (que definitivamente era a música mais pedida durante o show). Provavelmente, essas duas são as que, talvez, mais angariaram fãs a banda ao longo dos anos. A banda encerrou o show com essas duas clássicas junto com a lado B "Winterlong".

Alma lavada de todos os envolvidos nesse show que foi quase uma celebração de toda a carreira do Pixies com o público carioca, que com toda certeza, já é querido pela banda. E mesmo sem muito papo com a plateia durante o show, as emoções e os sentimentos foram expostos de forma sonora - e assim tinha que ser mesmo.

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Rom Jom

Fotógrafo, jornalista, mochileiro, baixista, punk rocker e decano de roda de pogo. Pela Rock On Board cobriu vários festivais como Maximus e RIR além de entrevistas com Rival Sons, Linkin Park, Cypress Hill, Comeback Kid, Red Fang e muitas outras.

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