Ozzy Osbourne
Patient Number 9
⭐⭐⭐⭐✰ 4/5
Por Bruno Eduardo
Ozzy Osbourne está de volta com mais um álbum de inéditas. Mas como assim de volta se ele nunca parou? Só que a cada ano, dúvidas recaem sob o estado de saúde do Madman, que em 2019 foi diagnosticado com Parkinson. E é dessa fragilidade humana que chegam os questionamentos: "será que ele volta com mais um disco?". A verdade, é que nessa altura do campeonato, ele nem precisava mais ter que entrar num estúdio para dar "provas de vida" para quem quer que seja.
Aos 73 anos de idade, o Príncipe das Trevas já deu ao mundo do rock mais do que umas duas ou três gerações inteiras de bandas. Ele influenciou uma gama de estilos, tendências e tudo mais que poderia caber no rock pesado. E agora, ele mesmo anda se influenciando, já que Patient Number 9 é simplesmente um álbum baseado na sua própria carreira.
Não precisa nem ir muito a fundo no disco. Ouça apenas a faixa de abertura, que dá nome ao novo trabalho, e vai ter tudo o que precisa de Ozzy: risadas diabólicas, vocal cativante, refrão colante e guitarras caprichadas por ninguém menos que Jeff Beck. Sim, é um disco de guitarristas convidados - e só nome de respeito.
Detalhe: é incrível como a idade chega mas o timbre característico de sua voz permanece intacto. "Immortal" - que conta com o guitarrista do Pearl Jam, Mike McCready, e com o baxista do Guns N'Roses, Duff McKagan - resgata o Ozzy dos anos oitenta, com vocal dobrado e sustentação na medida. Destaque também para o bom trabalho de bateria do Chilli Pepper, Chad Smith. Por falar em baterista, "Parasite", que vem em seguida, traz a participação especial do saudoso Taylor Hawkins (Foo Fighters) e chega conduzida por um riff de guitarra que lembra mais Josh Homme (Queens Of The Stone Age) do que Zakk Wylde, mas funciona bem na voz do vovô Ozzy, que canta: "Pai, por quê? Por que você está me assombrando todas as noites como um parasita?".
A escolha de ter vários guitarristas consagrados funciona incrivelmente bem em Patient Number 9. E o motivo principal, é que embora tenham suas próprias características, todos eles conseguem manter a personalidade do disco e principalmente de Ozzy Osbourne. As contribuições acabam dando uma abordagem variada para um som pesado e familiar. A única que parecia tomar um rumo diferente com seu início meio blues é "One Of Those Days" (com Eric Clapton), mas depois a canção descamba para uma espécie de rock alternativo interessante.
Com tantos guitarrista convidados, as preferidas da casa tinham que ser com Tony Iommi. "No Escape From Now" é a canção Ozzy padrão, o que comprova o entrosamento sonoro dos dois. A voz do madman surpreende aqui e Iommi frita sua guitarra em solos estonteantes. Ainda melhor que essa é "Degradation Rules", pesadíssima e que conta com uma gaita muito bem encaixada.
Patient Number 9 chega no final de sua audição deixando as dúvidas sobre o futuro de Ozzy soterradas por ótimas canções e um de seus melhores registros vocais num passado recente. Embora não seja nada revolucionário ou inovador, este é, talvez, o melhor trabalho de estúdio do Madman desde o consagrado Ozzmosis, de 1995. Apreciem. Este é o maior frontman do heavy metal da história gravando mais um ótimo disco.
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