Rock in Rio Lisboa: Post Malone e Jason Derullo mostram prévia do que virá ao Brasil

 

Atrações do segundo dia do Rock in Rio do Brasil, no dia 3 de setembro,
Jason Derulo e Post Malone mostraram neste domingo, último dia do Rock in Rio Lisboa, um pouco do que o público carioca verá daqui a pouco mais de dois meses. 


Ídolos da geração Z, os dois americanos flertam com os mesmos estilos musicais: pop e R&B. Malone, no entanto, também parece ser mais camaleônico, se aventurando no hip hop, no rap e num hard rock. 


Ambos são estrelas estabelecidas na música. Malone já teve nove indicações ao Grammy entre 2019 e 2021 e conta com sucessos como “Rockstar”, “Psycho” e “Sunflower”, que está na trilha sonora de “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2018), além de colaborações com artistas veteranos como Ozzy Osbourne. 


Derulo não fica muito atrás. Com cinco álbuns lançados, é um rei de hits do Tik tok, como “Savage Love”, e tem um séquito de jovens fãs que sabem de cor as suas letras da mesma forma que os país destes mesmos fãs cantavam os sucessos do A-ha na idade deles. 


De olho nos destaques 


É difícil traçar paralelos de Malone com outros artistas. O próprio cantor já se definiu como “sem gênero”. E seu show mostra exatamente como ele flui por diferentes tonalidades. Quando quer dar uma pegada mais hip hop ataca de “Wow”, que abre o concerto. Mas ele também sabe ser pop com letras que grudam na mente como em “Circles”. Além de flertar com o hard rock, quase heavy metal em “Take what you want”, sua parceria com Ozzy. 


Ser um gênero fluido musicalmente faz com que seu show pareça bem eclético. No palco, por vezes a sua postura e a forma como o show é montado lembra a de Drake. Afinal, ele fica completamente sozinho, sem uma banda de apoio visível no palco, acompanhado apenas dos efeitos de luz e pirotécnicos, usados com bastante frequência para alternar as densidades e tornar o espetáculo menos linear, ressaltando os pontos fortes de cada música ou bloco de músicas. 


Mas tirando essa semelhança de postura no palco, Malone nada lembra Drake. O cantor parece ser mais rico musicalmente. Ele gosta de dizer que Bob Dylan, Kurt Cobain e Johnny Cash são suas grandes influências, assim como 50 Cent e Kanye West. 


Sua admiração por um roqueiro como Cobain não o impede de ser irônico em “Rockstar”, um dos seus grandes sucessos. A letra fala dos clichês de um astro de rock, que transa com prostitutas, se droga e arruma confusão até ser preso. E um destes clichês da “atitude roqueira” ele repete no palco ao destruir um violão. 


O violão em questão, aliás, havia sido usado num pequeno set acústico de duas músicas, “Go Flex” e “Stay”. Momento este em que Malone, bem-humorado, definiu como a parte mais entediante do show e uma boa hora para ir ao banheiro. 


O cantor fala bastante com a plateia. Conta a história de algumas músicas e está sempre agradecendo o carinho recebido pelos fãs. 


Além das canções já citadas, os brasileiros podem esperar sucessos como “Better Now”, “Psycho”, “White Iverson” e “Congratulations”, que fechou o show. E também devem esperar um espetáculo curto. O show de Post Malone foi o menor entre os headliners do festival, com pouco mais de uma hora. 


A linhagem pop de Derulo

 

Em termos de linhagem, Derulo é como se seguisse os passos de nomes como Michael Jackson e Justin Timberlake. Não por acaso, estas são duas de suas influências. Suas músicas sempre são acompanhadas de inúmeras coreografias em que ele é auxiliado por seis bailarinas e três bailarinos que interagem constantemente com ele no palco. 


Por vezes, Derulo lembra muito Jackson e Timberlake em seus passos de dança e expressão corporal. Musicalmente, porém, se aproxima mais deste último, que lhe é mais contemporâneo. 


Derulo também é claramente um fenômeno da geração Tik Tok. No show, ele chega a a citar o aplicativo antes de tocar o sucesso “Savage Love”. 


Este, porém, está longe de ser o seu único hit. “Watcha say”, “Tip Toe”, “Wiggle”, “Take your dancing”, “In my head”, “Eat girl” e “Want to want me” vão surpreender aqueles que não o conhecem pela força com que os fãs cantam as letras. Já “The other side” vem acompanhada de um medley com “Seven Nation Army”, do White Stripes. 


Para além dos dançarinos, o show tem poucos elementos visuais. Alguns poucos recursos pirotécnicos e algumas imagens no telão em músicas específicas são o que vemos ao longo de um espetáculo em que Derulo raramente para no palco. 


O cantor também gosta de improvisar pequenos versos com a voz, como fez em Lisboa após cantar “Talk Dirty”, usando frases sobre um desejo de aprender a falar português. 


“Want to want me” fechou o show que em Lisboa não contou com outro hit do Tik Tok: “Jeleb Baby”, música em que Derulo tem um videoclipe gravado com o cantor Tesher. Será que no Brasil ele cantará essa? 


Anitta leva experiência sensorial e funk ao Palco Mundo 


Pela segunda vez consecutiva cantando no Rock in Rio Lisboa, a cantora Anitta mostrou todas as suas facetas no Palco Mundo.  Criando um verdadeiro paredão musical e emendando sequências de músicas sem parar, Anitta criou uma experiência sensorial e visual para o público que lotava o parque de Bela Vista. 


No palco, cantava músicas em português, inglês e espanhol mostrando o perfil multifacetado e internacional que a sua carreira tomou nos últimos anos. Foi assim que ela saia de um “Me Gusta”, para “Loka” ou “Romance com Safadeza”, e chegava até alguns dos seus mais recentes sucessos, “Envolver” e “Boys don’t cry”. 


A brasileira não escondia a felicidade de estar de volta ao festival. 


“Sonhei muito com esse dia. Em estar aqui de volta. Estou muito feliz por estar aqui hoje. Só tenho a agradecer. Nunca vou esquecer este dia. Estou emocionada de verdade”, disse Anitta, que depois disse estar vivendo “um dos melhores dias” da sua vida. 


A cantora também dedicou parte da sua apresentação a um bloco dedicado ao funk, gênero onde começou a sua carreira. Foi a deixa para “Rave da favela”, “Vai Malandra”, “Modo Turbo” e um espaço para ela rebolar à vontade, como prometera aos fãs. 


O fim do show foi “onde tudo começou”, como Anitta disse. Uma versão mais pesada de “Show das poderosas”, seu primeiro grande hit. 


HMB faz festa soul no primeiro show do dia


Terceiro artista português a tocar no palco mundo neste ano, o HMB foi uma grata surpresa para aqueles que não conheciam a banda formada por Héber Marques (vocalista), Fred Martinho (guitarra), Daniel Lima (teclado), Joel Silva (bateria) e Joel Xavier (baixo).


O grupo transformou o parque de Bela Vista numa pista de dança regada a muita soul music e ganhou o imediato engajamento da plateia, que dançou e cantou músicas como “O amor é assim”, “Dia D” e “Peito”. 


“Minha família sempre disse que festa só é festa se vem todo mundo junto”, disse Héber, que comandou o animado baile com carisma e presença de palco. 


A banda se mostrou muito grata por estar tocando no Palco Mundo e o baixista Xavier aproveitou para passar uma mensagem aos músicos que sonham em um dia tocar num grande festival. 


“Para todos aqueles que tocam instrumentos como este. Se nós estamos aqui é porque vocês também conseguem estar aqui um dia”, afirmou. 

Marcelo Alves

Acredita que o bom rock and roll consiste em dois elementos: algumas ideias na cabeça e guitarras no amplificador. Fã de cinema e do rock nas suas mais variadas vertentes, já cobriu três edições do Rock in Rio e uma do Monsters of Rock. Desde 2014, faz colaborações para o site "Rock on Board". Já trabalhou em veículos como os jornais "O Globo" e "O Fluminense". Twitter: @marceloalves007

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