Rock in Rio Lisboa: A-ha faz show nostálgico e dedica música a vítimas de atentado

 

Em um dia em que a banda mais nova tinha pelo menos 30 anos de carreira, era natural que os shows do Rock in Rio Lisboa fossem marcados por uma camada de nostalgia. E foi exatamente o que vimos ao longo do dia e, em especial, na apresentação do A-ha, veterano grupo pop norueguês.


O trio formado pelos sexagenários Morten Harket (vocal), Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) e Magne Furuholmen (teclado), fez um show emocionante e focado nas canções que transformaram o A-Ha em fenômeno mundial nos anos 80 do século passado. 


Com um jeitão de trovador em cada canção, Harket desfilou talento e estilo interpretando os clássicos do grupo, mas mostrou que ainda tem condições de atingir as notas mais difíceis em “Take on me”, maior hit do grupo e que fechou o show. 


A apresentação do A-ha aconteceu num dia triste para o país natal da banda. Horas antes um ataque a uma casa noturna gay em Oslo, capital norueguesa, havia deixado dois mortos e mais de 20 feridos, sendo dez em estado grave. O tecladista Furuholmen fez questão de lembrar do atentado e dedicou “Crying in the rain” às vítimas. 


“Hoje é um dia triste para a Noruega. Gostaria de dedicar a próxima canção às vítimas”, afirmou. 


Fruto da new wave e do pop dos anos 80, o A-ha é um grupo que já teve diversos problemas de relacionamento, rompimentos e retornos ao longo das décadas. Mas desde o segundo retorno, em 2015, para celebrar o 30° aniversário de “Take on me” a banda tem se mantido junta e chegou a gravar um excelente acústico MTV em 2017. 


Para este ano, o grupo tem um novo álbum previsto para ser lançado em outubro. Mas o público português não teve a chance de ver algumas das canções do álbum True North. “Forest for the trees” e “You have what it takes”, que vinham aparecendo em shows regulares, foram cortadas por causa da necessidade de adaptar o show ao tempo do show no Rock in Rio. 


Não que o público reclamasse. A maioria estava ali para ver o A-ha cantar sucessos como “The living daylights”, “Cry Wolf”, “I’ve been losing you” e  “The sun always shines on TV”. 


Um dos momentos mais emocionantes foi em “Hunting High and Low”. Harket foi a frente do palco e pediu ao público para cantar o refrão. A resposta foi imediata e em uníssono. Ainda era possível ver muito marmanjo chorando. E o cantor ficou emocionado com o público do festival. 


O que prova que os shows do A-ha não são necessariamente frios, como parecem. Talvez apenas não super quentes e que façam a plateia pular e dançar sem parar. Mas são competentes e passam a sensação de serem feitos com o coração e com muita sintonia com o seu público. 


UB40 leva clima de paz e amor a Bela Vista

 

 

Mais cedo, os britânicos do UB40 levaram um clima de paz e amor para o Parque de Bela Vista. Contrastando com o peso do Bush, que havia tocado anteriormente, a banda veio acompanhada do lendário  vocalista Ali Campbell para a apresentação do Rock in Rio Lisboa cercada de sucessos. 


Foi o momento dos casais apaixonadas aparecerem no telão se beijando, sorrisos, pessoas dançando e leveza enquanto Campbell e o restante da banda cantava músicas como “Can’t help falling in love”, cover de Elvis Presley que é um dos seus grandes hits. 


O reggae do UB40 animou o público, que neste dia foi majoritariamente mais velho em comparação com os dias anteriores. A banda também não deixou de cantar “Here I am”, “Cherry Oh Baby” e, claro, “Red Red Wine”, acompanhada e cantada pela grande plateia que já se encontrava no parque. 

Marcelo Alves

Acredita que o bom rock and roll consiste em dois elementos: algumas ideias na cabeça e guitarras no amplificador. Fã de cinema e do rock nas suas mais variadas vertentes, já cobriu três edições do Rock in Rio e uma do Monsters of Rock. Desde 2014, faz colaborações para o site "Rock on Board". Já trabalhou em veículos como os jornais "O Globo" e "O Fluminense". Twitter: @marceloalves007

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2