Gentle Savage
Do frio nórdico, a banda finlandesa Gentle Savage nada carrega.
Pelo contrário, em seu álbum de estreia intitulado Midnight Waylay, a sensação do ouvinte vai além dos termômetros e é mesmo de arrepiar com letras e sonoridades que vão desde ares sombrios àqueles mais leves. Num verdadeiro rollercoaster musical, o trabalho é digno de ser ouvido por qualquer hard rocker que procura novidades.
Boa parte do disco foi feito no contexto pandêmico. Criado em 2013, o grupo tomou impulso com o advento do Covid 19. Fez live streams e entrou de vez no business da Música mesmo com todo o impacto sofrido com a pandemia. Corajosos, não?
Formado por Tornado Bearstone (vocal), Jay B (bateria), Vance Bead (baixo), Tim O’Shore (guitarra) e Theo van Boom (teclado), o grupo faz questão de manter a identidade e mantém elementos culturais. Em “Karelian Magic”, por exemplo, a inspiração vem da ideia de uma magia de amor da região da Carélia, localidade pouco habitada na região da Finlândia. Mas a música mesmo em nada se parece com uma love song. É assertiva e com um vocal backing feminino marcante, elemento este que anda um pouco adormecido em bandas de hard rock atuais.
Em "Honey Bunny", os caras mostram a carteirinha do hard rock raiz com um refrão fácil, um teclado divertido e clássicos solos de guitarra. Na canção “After All”, talvez, a banda entrega a inspiração musical que a fez surgir com a valorização dos instrumentos que transforma a música em um diálogo vocal com eles. Marca registrada deixada pela influência de Bearstone que admite ser fã total do Deep Purple.
Mas, inspirações à parte, não tem como ouvir a voz de Tornado e não lembrar do Black Sabbath. Tanto vocalmente como em algumas letras. Vai uma prova aí: Sobre a faixa "PERSONAL HADES", o vocalista Tornado Bearstone explica que “é uma história sobre sofrimento mental e espiritual. Sem ajuda à vista, o narrador caminha pelas terras de Hades e clama por um resgate. Hades é usado como uma metáfora para a paisagem mental que existe dentro da cabeça de uma pessoa quando ela está enfrentando um profundo desespero.” Tire você suas conclusões ouvindo.
“Into the Abyss”com “Every now and then I need a place to rest my bones, blow my blues away” (De vez em quando preciso de um lugar para descansar meus ossos e afugentar minha tristeza”), é outra que também faz parte do lado dark do disco.
Em "Run, Run, Poor Boy", o som ganha uma pegada compassada e um refrão que não sai da cabeça: “Run, run, poor boy, run for your life”. E, mais uma vez, com guitarra e teclados que não podem soar mais setentistas porque não dá mesmo. Super seventies.
E o que é a quebrada de Living it up na intro? Algo inusitado nesta montanha russa de vivências musicais que o grupo provoca em Midnight Waylay (Cilada da Meia-Noite). Falando neste título do álbum, realmente, não poderia ser outro porque, de fato, ao ouvir uma primeira faixa não se pode obter uma impressão lógica do que está por vir.