Pitty voa direto do “Casulo” em EP colaborativo

Pitty lança "Casulo", EP que leva o nome de seu selo

No ano que completará duas décadas de carreira, Pitty decidiu botar pra jogo o que está bem em alta: as “collabs”. Do inglês, “collaboration”, o termo se refere a uma prática utilizada por diversos segmentos com a intenção de unir nomes, personalidades, marcas e outros, para fornecer diferentes serviços ou produtos para um certo público. E, pelo visto, em seu recém-lançado EP intitulado “Casulo”, a iniciativa deu match total. Nas quatro faixas que compõem a obra, a baiana conseguiu reunir uma pluralidade de artistas com gravações de músicas inéditas, compostas e registradas por ela mesma na rede de vídeos Twitch com direito a fãs dando pitacos e sugestões durante a criação.


O destaque do EP vai para “Diamante”, música que até já ganhou clipe e um ar soturno rock n' roll com uma pegada singular da rapper paulista Drik Barbosa acompanhada pelo batera do NX Zero, Weks, marido da Pitty. Na faixa, Pitty não nega  influências musicais de bandas como Queens of the Stone Age e até faz lembrar sonoramente os Arctic Monkeys. Não soubesse que a letra fala sobre a discriminação que envolve as mulheres no mundo da música, poderia dizer que os versos se encaixam em assuntos que perpassam por temáticas como Mídia, Cancelamento ou  Política. A verdade é que entendimento fica a critério da mente de quem ouve versos incisivos como: “Presa em manchetes garrafais, inocentada numa nota de rodapé, um dedo pra frente são quatro pra trás, e quem não tem teto de vidro que atire.”


Em “Simplesmente Fluir”, nada surpreende porque é uma típica canção da cantora. Aliás, o intuito do parceiro de música, Pupilo Oliveira, ex-batera da Nação Zumbi, parece ter sido justamente este. Segundo ele, foi feita “pensando nela”. ““Quando Pitty fez o convite, eu prontamente já comecei uma base do zero e mandei para ela. Acabou ficando uma faixa toda em cima de sintetizadores e decidimos manter assim”, lembra o pernambucano.


Quando você pensa que terá mais do mesmo, se surpreende ao se deparar com “Diário” e a collab de Monkey Jhayam que faz sair um pouco dos trilhos do trem do rock´n roll e mergulhar numa batida soundystem sincopada bem latinizada, até. Já a letra remete ao título do EP com referências que muito nos fazem lembrar aos momentos pandêmicos: “Me parece que está tudo ao contrário, mundo virou de cabeça pra baixo, tá tudo estranho, fora do horário, já não sei bem onde é que eu me encaixo (Nem sei onde eu me encaixo) não vejo a hora de partir pro mato, deixei de lado o meu calendário”. Em “Busca Implacável”, Pitty se junta à multiartista Jup do Bairro e ao DJ Badsista numa vibe rap´n roll para convocar o ouvinte à reflexão com um refrão contundente “'Cê 'tá buscando o quê? ... ´cê tem coragem de saber?


A reclusão imposta pela pandemia parece ter surtido um efeito positivo no trabalho de Pitty que já está disponível nas plataformas digitais. Um EP denso em conteúdo com uma sonoridade inovadora para os fãs da artista que, nas redes sociais, reflete: “depois de um recolhimento necessário, é hora de (re)aprender a voar”.

Rosangela Comunale

Amante das artes, principalmente, da Música. Formada em Piano Clássico. Militante da causa animal.

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