Já pensando em 2021, Rock in Rio comemora 35 anos de sua primeira edição

Rock in Rio: primeira edição aconteceu em 1985 e é considerada um marco
O ano era 1985. O país passava por grandes transformações. Saía da ditadura militar e seguia para a democracia. Os brasileiros respiravam um sentimento de euforia e liberdade. Neste mesmo ano nascia o Rock in Rio, que já em sua primeira edição foi considerado o maior evento de música do mundo ao reunir 1,3 milhão de pessoas na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. Era a primeira vez que um país na América do Sul sediava um evento musical nessa proporção. Para o público presente, aquela foi a melhor edição já vista do festival. Um terreno pantanoso que gerou histórias por quem passou por ali, já que a lama está guardada na memória afetiva de cada um. Quem foi, sabe. O primeiro Rock in Rio marcou a vida das pessoas e da cidade.

Neste sábado, 11 de janeiro, o evento celebra 35 anos. De acordo com Roberto Medina, presidente do Rock in Rio, o festival sempre foi marcado por tentar inovar. "Um dos marcos do Rock in Rio no showbiz mundial, aliás, foi ali, em 1985, quando uma plateia foi iluminada pela primeira vez, no mundo, na história dos shows. O Rock in Rio inova, está sempre à frente. Construímos uma marca forte e falamos em inovação porque estamos a todo instante buscando inovar e trazer novidades que aliam presente, futuro e uma tecnologia de ponta para os nossos visitantes", afirma.

A influência de Frank Sinatra na primeira edição 

Ainda no ano de 1985, era um período em que a contratação de artistas internacionais era extremante delicada. Mas, a primeira edição do Rock in Rio contou com um padrinho de peso para garantir a contratação de nomes consagrados em sua programação. O cantor Frank Sinatra, que cinco anos antes tinha cantado no Rio de Janeiro (no maior show de sua carreira) a convite de Roberto Medina, foi quem estendeu a mão naquele momento e ajudou o empresário brasileiro a fechar os contratos internacionais. Nomes que, para aquela época, não estariam em palcos do Brasil: Queen, AC/DC, James Taylor, George Benson, Rod Stewart, Yes, Ozzy Osbourne e Iron Maiden foram alguns dos grandes artistas que se apresentaram no festival. Isso sem falar nas principais estrelas da música nacional da época, como Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Rita Lee, Elba Ramalho, além de uma nova geração do rock nacional que ganhou destaque a partir de suas apresentações no Rock in Rio, como Paralamas do Sucesso, Blitz, Kid Abelha e Barão Vermelho. Este era o tom do Rock in Rio e que permanece até hoje, em todos os países onde o festival é realizado: um evento para toda a família e que reúne todos os estilos.

“A grande diferença do Rock in Rio para qualquer outro grande evento de música do mundo é que o Rock in Rio tem história. Aqui no Brasil quando um artista se apresenta, ele nos entende com um outro peso. Ele chora, fica tenso, tudo porque se sente construindo esta história. Ele encara o Palco Mundo de uma forma diferente, ele dá tudo de si porque ele quer fazer parte dessa história também”, garante Medina.

Mais que um festival de música, uma manifestação pública

Roberto diz que cada edição tem sua importância e relevância na história do evento. “Eu construí o Rock in Rio para dar voz aos jovens, a uma população que não queria mais se calar depois de todo o período da ditadura militar. Impressionante como quase 40 anos depois, não temos mais a ditadura, mas ainda assim as pessoas precisam de voz, precisam de um lugar no qual elas possam dialogar com igualdade. No Rock in Rio elas se sentem assim, livres.  Me lembro como se fosse hoje quando abrimos a Cidade do Rock, em 1985. Era inacreditável o volume de pessoas que apostavam e que tinham sede por aquilo que eu estava fazendo. Outra lembrança, e neste caso ruim, foi quando a Cidade do Rock, de 1985, foi derrubada. Estávamos em uma área privada, mesmo assim o então governador mandou colocar tudo no chão. Aquilo acabou comigo. A edição de 1991 aconteceu no Maracanã porque seria impossível construir um novo espaço e aquele momento foi relevante. Hoje sabemos que é impossível pensar em um Rock in Rio em um estádio”, afirma lembrando que as memórias não param por aí. “Foi inacreditável quando, em 2001, ‘Por Um Mundo Melhor’, paramos por 3 minutos de silêncio todas as emissoras de rádio e TV do país”, completa. 

Entre tantos momentos marcantes, Medina garante que de 1985 até hoje uma coisa não mudou para ele, a abertura de portas da Cidade do Rock. “No primeiro dia de cada edição, eu sinto o mesmo frio na barriga antes da abertura de portas como se fosse lá na primeira edição. É muita responsabilidade atender tantas pessoas, proporcionar felicidade e momentos especiais. Eu tento todo ano surpreender, fazer mais. O grande patrimônio do Rock in Rio é ter colhido tantos sorrisos ao longo de 35 anos”. 

Festival expandiu em edições off-Rio e Cidade do Rock temática

O Rock in Rio ganhou o mundo, cresceu em 2004 quando cruzou o Atlântico e anunciou o Rock in Rio Lisboa, em Portugal, onde acontece até hoje. Depois foi a vez da Espanha, com o Rock in Rio Madrid, em 2008 (com edições em 2008, 2010 e 2012), e Estados Unidos, onde foi realizado em Las Vegas, em 2015, com uma Cidade do Rock apoteótica. A volta para o Brasil, em 2011, após 10 anos longe do seu país de origem, fez com que o festival ganhasse ainda mais força. A partir daí, o festival começou a oferecer ao público um novo modelo de festival, com uma Cidade do Rock expandida e repleta de entretenimento.

"O Rock in Rio é um evento vivo. O público sabe do que somos capazes e espera novidades. Por isso, a cada edição continuamos inovando e oferecendo novidades. Sempre foi assim e nas edições futuras não será diferente. Os detalhes são fundamentais e a experiência do público está em primeiro lugar. Nossa atmosfera é criada para que na Cidade do Rock ninguém pense no que está do lado de fora e queira viver aquilo ali 100% do tempo". 

Novidades para 2021

Sabendo da expectativa dos fãs para cada edição no Brasil, Medina já pensa em 2021 e garante novidades. "Estamos cheios de gás para 2021. Já estamos estudando novas entregas para o público. Nosso mantra é surpreender e inovar. Pensamos nos detalhes. Mesmo quando os ingressos esgotam continuamos criando. Portanto, podem aguardar que virá muita coisa boa por aí”, finaliza o criador do Rock in Rio. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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