No Maracanã, Queens Of The Stone Age mostra renovação em show dançante e igualmente indispensável

Josh Homme botou a galera pra dançar no show do QOTSA [Foto: Marcos Hermes]
Por Bruno Eduardo

O Queens Of The Stone Age não é uma banda tão requisitada a ponto de garantir estádios lotados, mas é quase uma unanimidade entre o público amante do rock. O grupo liderado por Josh Homme representa para muitos o que seria a última fagulha genuína do gênero no mainstream e segue lançando discos regularmente para a alegria de seus fãs. Tanto que eles chegam no Brasil para divulgar seu contestado, porém bom trabalho, 'Villains' (lançado no ano passado). E decidiram apostar em um número renovado e não saudosista, o que mostra a vontade do grupo em permanecer fresca entre os novos e antigos fãs.

As novas canções não só funcionaram bem ao vivo, como modificaram o show da banda de uma forma total. A turnê de 'Villains" deu oportunidade ao grupo de poder abrir mais ainda o seu variado cardápio musical, que vem se expandindo de forma latente desde o início da década passada. Tanto que a escolha do repertório prioriza os dois últimos discos do grupo, abandonando um pouco a crueza embrionária e passando-se a dedicar em arranjos e melodias esparsas. Neste show do Maracanã, são raros os momentos de entorpecimento sonoro com guitarras cuspindo acordes e distorção e gente batendo cabeça por todo lado - como pudemos conferir em 'Millionaire', do petardo 'Songs For The Deaf'.

Mesmo que o início tenha se dado na trinca do disco Like Clockwork... (com destaque para a pancada "My God Is The Sun"), foi na vibe de duas novas - "Feet Don't Fail Me" e a ótima "The Way You Used To Do" - que o grupo convidou o público a pegar carona nessa nova estrada percorrida por eles. O clima é dançante, rockabilly e de melodias macias. Dando ênfase principalmente ao trabalho harmônico e esmero instrumental, algumas canções acabam soando mais pré-dispostas a esse formato escolhido pelo grupo, como é o caso de "Villains Of Circunstance" e a indispensável "Make it Wit Chu" - única de 'Era Vulgaris' neste show. A boa voz de Josh Homme ajuda ainda mais. O cara anda com a imagem arranhada por ter chutado o rosto de uma fotógrafa num show recente da banda, mas esta noite tentou fazer de tudo para ser simpático. Foi comunicativo na medida do possível e mostrou bom humor em alguns momentos. "Essa aqui é sobre foder", disse ao anunciar o clássico "The Lost Art Of Keeping Secret", do álbum Rated R (lançado em 2000). 
Michael Shuman em ação no palco do Maracanã [Foto: Marcos Hermes]
Embora alguns fãs das antigas tenham sentido falta de alguns clássicos pontuais (como "Feel Good Hit Of The Summer"), outros não não só estiveram presentes, como deram gás ao show em momentos cruciais, como "Little Sister", "Go With The Flow" e a de riff cantarolado pela galera, "No One Knows", com direito a solo de bateria ensurdecedor. No fim, um dos grandes momentos de quase todas as apresentações da banda: o final apoteótico com a devastadora "Songs For The Dead".

Mesmo com um show diferente de suas origens, o Queens Of The Stone Age deu ao público um número altamente relevante, e comprovou, que se depender deles, o rock continuará se renovando por muitos anos ainda, seja com guitarradas cortantes ou levadas suingadas para balançar os quadris.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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