Paramore volta mais pop e tropical em seu novo disco, 'After Laughter'

Paramore está de volta com o "indie colorido" do novo disco, "After Laughter"
PARAMORE
"After Laughter"
Fueled By Ramen; 2017
Por Lucas Scaliza


Agora que o álbum está entre nós, não resta dúvidas de que o Paramore resolveu investir no lado mais pop da banda e o temperou com elementos indie e tropicais. É o quinto disco da banda de Nashville, que desta vez resolveu gravar pela primeira vez em sua cidade natal, o que parece ter servido para unir melhor os seus quatro membros e dar a eles mais conforto (afinal, a banda passou por maus bocados, mesmo tendo chegado ao ápice de sua popularidade com o último disco, Paramore, de 2013), já que o som não parece ter sofrido nenhum impacto ou influência da cena country ou roqueira de Nashville. A banda é pop agora – e eles deixaram claro que dariam essa guinada musical.

Como banda de rock, o Paramore sempre foi bem básico. Não é como se o Metallica deixasse de compor hinos metaleiros épicos para se dedicar agora ao punk rock de três acordes, entende? Por isso achei, lá em 2013, que a faixa “Ain’t It Fun?” de fato foi uma das melhores composições que a banda já tinha feito. Não era a mais rock’n’roll e nem a mais pesada, mas misturava com maestria diversos elementos diferentes que ressaltavam as qualidades musicais totais do grupo.

'After Laughter' é bem divertido, por um tempo. A trinca que abre o disco, com os singles “Hard Times”, “Told You So” e “Rose-Colored Boy” é excelente e mostra que o grupo está muito bem situado nessa nova roupagem. O guitarrista Taylor York nem parece ter feito esforço para encontrar um novo jeito de encarar riffs e fills mais solares (um bom exemplo está em “Forgiveness”). Zac Faro, que voltou à banda, comanda a bateria com a retidão de quem sabe que essas novas faixas precisam de ritmo e precisão, não de viradas sensacionais (mas ele encontra alguns espaços para sair do feijão com arroz).

Aliás, não há nada de sensacional no álbum. As melodias são cativantes, mas nenhuma é excepcional. As harmonias e timbres estão muito bem colocadas na proposta, porém sem grandes sacadas. Em suma, não traz inovação alguma para o indie colorido, mas entrega tudo muito bem feito e de fato cumpre o papel de propor outra sonoridade para a banda. “26” não só mostra a cantora Hayley Williams se dando bem com registros mais baixos, mas também traz arranjos orquestrais para complementar o violão doce e de harmonia muito bem escolhida de York no violão. E há diversos sons que vão surgindo e ampliando o espectro do grupo, como os teclados em “Pool” e “Grudges”. E com uma ótima narração de fundo, “No Friend” se constrói como uma faixa instrumental do tipo que não se espera do Paramore (sempre tão calcado em sua vocalista) e nem de um disco como 'After Laughter', que preza pela segurança.

O veredito, assim, é que 'After Laughter' não é o melhor trabalho da banda, mas está entre os melhores. É uma mudança sonora que deu certo, embora fique a sensação de que poderiam ter sido mais ousados. Hayley Williams continua sendo a cara da banda e sua principal força magnética, mostrando mais uma vez que é uma ótima cantora e bastante consciente do que pode cantar e como. Diferente de quem canta como se precisasse impressionar jurados a cada refrão (alô, Sia!), ela não vê problema em cantar sem forçar a voz, sem elevar demais a tonalidade das músicas e sem saltos de oitavas. Ah, e mesmo que não seja mais rock, punk ou emo, você sabe que Hayley Williams cantando, tal é a personalidade de sua voz preservada mesmo quando embalada em um produto diferente.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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