Lollapalooza 2017: Apoiado em seu novo disco, Metallica sai do óbvio e acerta em cheio

Foto: Camila Cara
James Hetfield pergunta aos fãs: "Vocês querem heavy metal?"
De todas as mega bandas, ninguém veio tanto ao Brasil nesta última década quanto o Metallica. O grupo de James Hetfield toca por aqui quase que anualmente. Desde 2010, foram cinco visitas, sendo três no Rock in Rio e duas em São Paulo. Com um ótimo disco novo na bagagem, a banda conseguiu gás suficiente para deixar de lado o mais do mesmo que tem marcado suas últimas passagens pelo país e de quebra ainda decidiu mudar o roteiro cenográfico. As labaredas, explosões e demais efeitos pirotécnicos deram lugar a um número clean, com palco limpo e atenção voltada exclusivamente para o telão de alta definição no fundo. Já no repertório, a maior e mais significativa mudança. A banda executou cinco das doze músicas de Hardwired To Self-Destruct, sendo o álbum mais tocado nesse show (com mais músicas até que o batido Black Album).

A apresentação começou quente ao som de duas pancadas do novo disco: as ótimas "Hardwired" e "Atlas Rise" - uma verdadeira locomotiva de riffs, que entorpeceu as caixas de som do Lolla. Não demorou muito para que os fãs saudosistas fossem logo agraciados com os clássicos. "For Whom The Bell Tolls", "The Memory Remains" e o sucesso dos tempos da MTV, "The Unforgiven" formaram uma trilogia de respeito. Mas para comprovar a força do novo álbum e o ar de renovação da banda, mais duas novas: "Now That We're Dead" e a preferida de Lady Gaga, "Moth Into Flame". As novidades não ficaram restritas apenas ao disco novo. "Harvester Of Sorrow", do disco And Justice For All e "Whiplash" foram duas das antigas que não costumam ser tão habituais nos shows da banda no Brasil.
Foto: Camila Cara
Kirk Hammet em um dos vários momentos de virtuose no show do Lolla
Além das novas músicas, o show dessa noite ficou marcado pelos vários momentos de virtuose, onde os integrantes ficavam no palco solitários, solando à esmo. O guitarrista Kirk Hammet, por exemplo, fez isso mais de uma vez, com direito a tirar som pisando em seu instrumento. Na parte final, tudo igual. "Masters Of Puppets", "One" e a derradeira de todos os shows, "Seek & Destroy". No bis protocolar, a sempre indispensável "Battery", além de "Nothing Else Matters" e, lógico, "Enter Sandman" - com direito a fogos de artifício e show de agradecimentos. 

Pela primeira vez em muitos anos, o Metallica enfim saiu um pouco da zona de conforto e presenteou os fãs com um show que poderá ser lembrado por sua relevância artística, já que representa um novo disco criado - e que é muito bom por sinal [leia a resenha do disco AQUI]. Mesmo que não seja unanimidade, esse show do Lolla pode servir como exemplo de renovação e incentivo para que a banda continue criando bons discos e fazendo mais shows relevantes por aqui. O heavy metal agradece! 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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