Sobre Shirley Manson, Garbage e um dos melhores shows que o Circo Voador já recebeu

Foto: Aline Narducci
Shirley Manson brilha em noite histórica no Circo Voador
Por Rom Jom

Era fácil ver a ansiedade nos rostos das pessoas que lotaram o Circo Voador na tarde quente e abafada de domingo. Afinal, era a oportunidade de ver o Garbage pela primeira vez na cidade (finalmente!), após o fim de um hiato de alguns bons anos.

A integração dos fãs com a banda que fez sucesso nos anos noventa pôde ser vista logo no início do show. Embora “Supervixen” não seja uma música de abertura tão forte, a sequência com a dobradinha “I Think I’m Paranoid” e “Stupid Girl” (numa performance vocal de Shirley Manson para se guardar na memória) provocou uma incrível catarse coletiva. Em seu primeiro contato com o público Shirley fez questão de valorizar a sua primeira vez no Rio. "Desculpe não falar em português, então vou falar com meu “escocês” mesmo: é muito bom estar pela primeira vez em nossa carreira no Rio de Janeiro depois de todos esses anos. Prazer, nós somos o Garbage!". Como não se apaixonar por essa cantora de cabelo rosa? O fato é que nada seria capaz de atrapalhar uma noite tão sinérgica, nem mesmo o fato de ter de reiniciar “Blood for Poppies” por problemas técnicos. “Vocês são muito barulhentos” disse ela ao final da canção.

A grande verdade é que a vocalista rouba a cena, definitivamente. Seus parceiros de banda (sem Butch Vig, que por problemas de saúde foi substituído por Eric Gardner) fazem apenas o trabalho de casa, e muito bem feito, porém ficam um tanto ofuscados pela cantora, que brilha o tempo inteiro. Ela anda, canta junto com o público, pula, anda em círculos durante as músicas como sempre fez desde o início da sua carreira e faz parecer que o tempo não passou para ela, e se passou, melhorou todo o seu conjunto.

Seria muito difícil definir também uma música no qual o público tenha gostado mais. O frenesi da casa era sensacional. Seja acompanham o rock de “Sexy is Not the Enemy” ou hipnotizados em canções mais melódicas como “Blackout” e “Magnetized”, do novo – e excelente álbum – 'Strange Little Birds'. E o que falar também da fortíssima “Bleed Like Me”- acompanhada de um discurso sobre o hiato da banda e seu retorno.

No final, a banda atacou numa versão pesada e de guitarras surreais em “Vow” e um início à capella do megasucesso “Only Happy When It Rains”. Já no bis, o Garbage fez o público viajar no tempo e voltou ao ano de 1995 com “Queer” - destaque mais uma vez para a voz da Shirley. “Empty”, primeiro single do novo disco, foi cantada tão forte que era fácil ver o sorriso nos rostos dos integrantes, e “Cherry Lips” trouxe uma energia juvenil de Manson - quantos anos tem essa "menina" mesmo? De todo modo, após uma apresentação tão voraz, o público só pede uma coisa para a cantora: que a próxima vez no Rio não demore tanto!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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