Monsters Of Rock: Efeito Ozzy Osbourne provoca catarse coletiva em trinta mil fiéis

Foto: Vinicius Pereira
Ozzy reviveu clássicos e apresentou novo guitarrista ao público brasileiro

Por Bruno Eduardo

Como avaliar uma figura mitológica? Há espaço para exigências? Essas duas perguntas martelaram minha cabeça durante uma hora e meia de catarse coletiva entre fiéis e o deus vivo do metal, Ozzy Osbourne

Pouco importa se ele vai tocar o mesmo repertório de um ano atrás. Importa menos ainda, se ele ignora clássicos como "No More Tears", "Perry Mason", "Mama I'm Coming Home", "Goodbye To Romance" e "Diary Of A Madman". Ao todo, nove das treze músicas presentes no setlist foram de canções do seu primeiro disco solo - o petardo Blizzard Of Oz - ou da fase Sabbath. Da fase Zakk Wylde então, apenas "Road To Nowhere" e "I Don't Wanna Change The World". Mas quem é Zakk Wylde? Estamos falando de mitos, não de reles mortais. 

E daí se a banda precisa baixar dois tons para que ele consiga cantar músicas como "Crazy Train", ou arrastem hinos como "Mr. Crowley" para que o vovô Ozzy possa acompanhar as letras com a ajuda de um teleprompter. O importante mesmo, é que ao invés de estar em casa gravando capítulos de reality shows, ele está em cima de um palco pulando, dando banho de água no público da primeira fila, fazendo piadas, e principalmente, dignificando a origem de um gênero - imortalizado pelo próprio - ao cantar canções como "War Pigs" ou "Iron Man".  

Foto: Vinicius Pereira
A voz já não é mais a mesma, mas o carisma continua intocável
Essa é a segunda vez que Ozzy se apresenta no festival. A primeira, para quem não se lembra, foi em 1995 - quando estivera acompanhado de Geezer Butler. A apresentação desta noite não chega perto da antológica performance de vinte anos atrás, mas é muito melhor do que a sua última passagem, em 2008. Aos 66 anos, a voz é a maior vítima da idade avançada. Mesmo assim, o cantor possui uma capacidade - messiânica - de entreter qualquer público no mundo. Seja ordenando um mar de mãos, ou utilizando as mesmas frases repetidas por décadas: "Eu não - fucking - consigo ouvir vocês!"

De sua "nova" banda de apoio, destaque para o super baterista Tommy Clufetos, que acompanhou o Black Sabbath na turnê de reunião do grupo em 2013. Já o guitarrista Gus G, é mais virtuoso que os anteriores de cargo, só que dificilmente entrará na lista dos consagrados Randy Rhoads, Zakk e Iommi. A maior prova disso, é que nos shows da atual turnê - assim como nesse do Monsters -, nada foi tocado do disco Scream, gravado por Gus. Mas... e daí? 

Cara, você não está entendendo. Aquele ali em cima do palco é o Ozzy Osbourne!

Foto: Vinicius Pereira
O tradicional banho nos fotógrafos e no público da primeira fila
Set list

1- Bark at the Moon
2- Mr. Crowley
3- I Don’t Know
4- Fairies Wear Boots
5- Suicide Solution
6- Road to Nowhere
7- War Pigs
8- Shot in the Dark
9- Rat Salad
10- Iron Man
11- I Don’t Want to Change the World
12- Crazy Train
13- Paranoid

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
SOM-NA-CAIXA-2