Saiba como foi a primeira edição do OVERLOAD MUSIC FEST!

Foto: Alessandra Tolc


Por Bruno Eduardo e Luiz Gustavo


O Teatro Rival Petrobrás recebeu um bom público para a primeira edição do Overload Music Fest. Dividido em dois dias, o evento trouxe ao Rio apenas as bandas gringas - em São Paulo, o festival teve a adição da ótima banda brasileira, Labirinto (que não veio ao Rio por logística da casa). 

Quando penso em Overload, busco rápido na memória dois shows históricos: Flogging Molly (2012) e The Winery Dogs (2013) - ambos no mesmo Teatro Rival. Quem acompanha os eventos da produtora, sabe que uma de suas principais características é ter em seu cast artistas interessantes. Talvez por isso, não me surpreendi ao ver bandas como Alcest e God is An Astronaut no line up - já que elas seguem o modelo dos artistas que se encaixam na proposta "overload de ser". 

Foto: Alessandra Tolc

Uma fila gigantesca rodou o quarteirão da Cinelânida na quinta-feira (primeiro dia do festival). Para a surpresa desse repórter, uma maioria esmagadora estava lá apenas para assistir o grupo francês, Alcest. Quase que um projeto solo do músico Neige, o quarteto parece mesmo descolado de suas raízes death metal. O vocal gutural quase não tem mais lugar na cartilha de Neige, que em alguns momentos lembra até os falsetes baixos de Chino Moreno (Deftones) - exemplo disso é a introspectiva "Opale", que abre a noite. A banda caminha por uma evolutiva linha de post rock, e músicas como "Percées de lumière", e "Autre Temps" - do ótimo disco Les Voyages de L'Âme (lançado em 2012) - causaram uma espécie de hipnose na garotada que se apertava para assistir o grupo de perto. No fim da apresentação, uma nova fila se formou ao lado do palco para que todos pudessem falar com os integrantes - não dando a mínima importância a quem se apresentaria logo após.

Foto: Alessandra Tolc

Não tão disputados pelo público juvenil, os integrantes do God Is An Astronaut subiram ao palco com a curiosa responsabilidade de banda principal. A história do grupo justifica tal posto, já que eles são uma das coisas mais legais que o post rock possa ter dado ao mundo. Mesmo sem os elementos cinematográficos que marcam as apresentações da banda na Europa, o som continua na unha. O repertório do show é baseado em seu disco mais recente, "Origins", com destaque para a ótima "Spiral Code" e sua levada cheia de ambiências "Smithianas". Contrastando com os seus colegas de palco, Jamie Dean injetou energia na performance. Eufórico, e sempre procurando manter conexão direta com os fãs (inclusive tocando no meio da galera), Jamie apresentou uma hiperatividade digna de um Dave Grohl (Foo Fighters). O grupo ainda mostrou em primeira mão, uma música nova: "Dark Passanger" que segundo Jamie Dean - em conversa com o Rock On Board no fim da apresentação - estará presente no próximo disco da banda. 

Foto: Bruno Eduardo

O segundo dia do Overload Music Fest trouxe um público mais headbanger. Afinal, a primeira atração da noite era o Swallow The SunOs finlandeses estão na estrada desde o ano 2000, e são representantes de uma cultuada geração de bandas, em qual se incluem nomes como Amorphis e Insomnium. Ao som da excelente "Falling World", notamos que o grupo finca sua proposta num metal não veloz, priveligiando passagens ambientes. Mesmo assim, a galera bateu cabeça em músicas menos carregadas, como "Out of This Gloomy Light". O show do Swallow The Sun é de andamento moderado, com alguns momentos de flerte com o progressivo/psicodélico. Por exemplo, a música "Labyrinth of London (Horror pt. IV)" é uma vistosa trilha de quase dez minutos, onde a banda demonstra qualidade nas inserções melódicas. A maioria das músicas foram do melhor disco da carreira The Morning Never Came, lançado há mais de uma década (2001) - incluindo a derradeira do show, "Swallow (Horror Pt. I)".

Foto: Bruno Eduardo

O fato do Fates Warning ter sido um dos pioneiros do metal progressivo não mexeu muito com o interesse do publico carioca. Por estar na ativa desde 1982 e ter influenciado nomes como Dream Theater, o grupo era considerado o nome de maior expressão do evento, sendo assim, também era esperado um maior número de fãs do gênero no local - que acabou não acontecendo. Mas o grupo não se fez de rogado. Com um repertório bem definido, eles souberam mesclar bem todas as fases da carreira. "One", do excelente Disconnected foi a primeira a fazer o público cantar forte. O hard de "Firefly" e a passagem melódica de "Another Perfect Day" foram outros pontos altos da apresentação. Único remanescente da formação originial, o guitarrista Jim Matheos continua se destacando musicalmente - como por exemplo, na à la Rush, "A Pleasant Shade of Gray, Part XI". A banda precisa apenas repensar na escolha do bis - curiosamente, o único momento morno do show.

Que venha a próxima edição do Overload Music Fest!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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